Crítica | Famintos (Les affamés, 2017) | Sangue Tipo B

Sobreviventes tentam se adaptar a um mundo dominado por zumbis no terror 'Famintos', do diretor e roteirista Robin Aubert

Imagem do filme 'Famintos', de Robin Aubert | © Netflix

Famintos é um filme de terror pós-apocalíptico que apresenta vários sobreviventes tentando se adaptar em um mundo dominado por zumbis. Ou algo parecido, pois embora carreguem traços dos mortos-vivos clássicos, o comportamento dos infectados é um pouco diferente do habitual. O longa é dirigido por Robin Aubert, mesmo realizador do drama Tuktuq (2016). Aubert também assina o roteiro.

O cenário é uma pequena e remota vila no norte da província canadense de Quebec. Os sobreviventes se escondem na floresta, procurando outros que não tenham sido afetados pela doença (ou seja lá o que for) que fez com que os moradores locais se transformassem em criaturas raivosas e se voltassem contra seus entes queridos. Alguns acreditam que podem encontrar segurança na cidade grande. Conforme descobrem o que aconteceu em outros locais, a esperança diminui.

Imagem do filme 'Famintos', de Robin Aubert | © Emmanuel Crombez

Passamos a maior parte do tempo na companhia de Bonin (Marc-André Grondin), um nerd forçado a se tornar matador de zumbis. Outros se unem a ele, como a hipster Tania (Monia Chokri), que pode ou não estar infectada; Celine (Brigitte Poupart), uma mulher que perdeu a família e guarda um intenso ódio pelas criaturas; Real (Luc Proulx), um fazendeiro que perdeu a vontade de viver; e a pequena Zoe (Charlotte St-Martin), que acaba se tornando a razão pela qual a maioria dos personagens continua lutando.

Assim como os alienígenas de Um Lugar Silencioso, as criaturas de Famintos são atraídas pelo som e, logicamente, o silêncio se torna essencial para a sobrevivência dos personagens. O diretor faz bom uso tanto deles quando dos efeitos sonoros, para criar situações de tensão e gerar jump scares que em momento algum parecem forçados. A fotografia é bem cuidada, a maquiagem convence, e Aubert não é nem um pouco tímido nas cenas de violência.

Imagem do filme 'Famintos', de Robin Aubert | © Emmanuel Crombez

Mas embora o sangue jorre em dose satisfatória para agradar os fãs do gênero, Famintos também tem um lado inesperadamente engraçado. Em alguns momentos, fica claro que o diretor quer arrancar gargalhadas do espectador. Em outros, o humor é sutil. E há ocasiões em que ele é tão negro que muitos provavelmente ficarão na dúvida se devem ou não rir do que estão vendo, ou talvez nem identifiquem a piada.

Uma parcela do público pode se incomodar com o ritmo, realmente mais lento do que se esperaria de um filme do gênero. O excesso de momentos contemplativos e a ausência de respostas que expliquem o comportamento surreal dos infectados também pode desagradar. Mas com um pouco de paciência, você pode se surpreender com a quantidade de boas idéias presente em Famintos.

Nota: 6/10

Título original: Les affamés.

Gênero: Drama, terror.

Produção: 2017.

Lançamento: 2018.

Pais: Canadá.

Duração: 104 minutos.

Roteiro: Robin Aubert.

Direção: Robin Aubert.

Elenco: Marc-André Grondin, Monia Chokri, Charlotte St-Martin, Micheline Lanctôt, Marie-Ginette Guay, Brigitte Poupart, Édouard Tremblay-Grenier, Luc Proulx, Didier Lucien, Robert Brouillette, Martin Héroux, Patrick Hivon.