Animal misterioso ataca cidade norueguesa em 'O Lobo Viking', de Stig Svendsen
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Arte do filme 'O Lobo Viking', de Stig Svendsen. Foto: ©Netflix |
Novo filme do serviço de streaming Netflix, O Lobo Viking nos leva para Nybø, pequena cidade norueguesa onde as mulheres são fortes, corajosas e objetivas, e os homens são incompetentes, medrosos e bobalhões. Além desse detalhe estranho, os habitantes de Nybø têm a mania de não dar nome às coisas. Mas tudo bem, porque a adolescente Thale (Elli Rhiannon Müller Osborne, de Ficaremos Bem), que se mudou recentemente para lá com a família, também tem. Seu cachorro inclusive se chama cachorro.
Durante uma festa em uma praia sem nome, Thale testemunha um assassinato. Ou melhor, testemunha alguém sendo arrastado para a floresta por algo que parece ser um animal muito grande. A mãe de Thale, Liv (Liv Mjönes, de Midsommar: O Mal Não Espera a Noite), uma policial corajosa transferida de Oslo, acredita que um lobo foi responsável pelo ataque. Lars (Ståle Bjørnhaug), um velho de um braço só que aparece do nada em sua van, acredita que o vilão é um lobisomem. Como O Lobo Viking foi anunciado como o primeiro filme de lobisomem da Noruega, podemos apostar nossas fichas que Lars está certo.
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Assim que todas as peças são posicionadas no tabuleiro, O Lobo Viking se divide em duas frentes. A primeira acompanha as investigações de Liv, e se parece com o thriller policial escandinavo padrão. A direção de Stig Svendsen (Elevator) entrega um pouco de suspense e imagens horríveis, valorizadas pelo bom trabalho da equipe de maquiagem. Também entrega muitas homenagens a Tubarão. A cena da autópsia, por exemplo, parece ter saído diretamente da autópsia de Chrissie no clássico setentista de Steven Spielberg.
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Sjur Vatne Brean e Elli Rhiannon Müller Osborne como Jona e Thale no filme 'O Lobo Viking', de Stig Svendsen. Foto: ©Netflix |
O fato de manter a criatura escondida na maior parte do tempo também vem da escola de Spielberg, e funciona a favor do filme. E não posso deixar de destacar que o núcleo de Liv ainda apresenta as cenas mais visualmente memoráveis do filme. Principalmente quando o diretor nos arrasta para um passeio assustador em uma floresta, cenário de um confronto relativamente bem filmado entre a fera misteriosa e o grupo de caçadores medrosos liderados pela policial corajosa.
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A segunda frente acompanha o drama de Thale, que não se dá muito bem com a mãe. Nem com o padrasto sensível, Arthur (Vidar Magnussen, da série Post Mortem: Ninguém Morre em Skarnes). Nem com os amigos chatos de seu candidato a namorado, o também sensível Jonas (Sjur Vatne Brean, da série Exposta). As cenas com Thale não funcionam tão bem, primeiro porque ela não é uma personagem exatamente agradável, e segundo porque o roteiro de Espen Aukan e do próprio Svendsen não fornece material suficiente para que o espectador compre sua conexão com a família e com os amigos.
Isso limita bastante o impacto do ato final, quando o filme se torna o que pode ser descrito como um híbrido tedioso do maravilhoso cult Possuída e do clássico Um Lobisomem Americano em Londres, com uma pitadinha do videoclip 'Thriller', de Michael Jackson. Mas o diretor também tem sua parcela de culpa, por não conseguir trabalhar bem as cenas de terror, e por tomar algumas decisões duvidosas quando finalmente decide mostrar seu monstro.
Acredito que os fãs de filmes de lobisomens vão se decepcionar com o visual da criatura, que parece um lobo comum, só que maior, mais feio e menos penteado. Provavelmente também vão se decepcionar com o CGI, que me fez sentir desconectado da ação na tela. Geralmente, efeitos práticos ou até mesmo uma fantasia peluda fazem mais bem a um filme de lobisomem do que efeitos digitais. Acho que teria feito a O Lobo Viking.
Nota: 4/10
Título Original: Vikingulven.
Gênero: Terror, suspense.
Produção: 2022.
Lançamento: 2022.
País: Noruega.
Duração: 1 h 37 min.
Roteiro: Espen AukanStig Svendsen.
Direção: Stig Svendsen.
Elenco: Liv Mjönes, Elli Rhiannon Müller Osborne, Arthur Hakalahti, Sjur Vatne Brean, Vidar Magnussen, Marius Lien, Mia Fosshaug Laubacher, Ívar Örn Sverrisson, Kasper Antonsen, Silje Øksland Krohne, Øyvind Brandtzæg, Jon Stensby, Sverre Breivik, Pål Anders Nordvi.