AnnaLynne McCord e Matthew Gray Gubler brilham em '68 Kill', a divertida adaptação do romance de Bryan Smith dirigida por Trent Haaga.
Arte do filme '68 Kill', de Trent Haaga |
Adaptação para as telas do romance homônimo de Bryan Smith, 68 Kill conta a história de Chip Taylor, um rapaz ingênuo, do tipo que se esperaria encontrar em um thriller policial dos anos 90, especialmente daqueles que surfaram na onda de Pulp Fiction. Chip vive em uma casa modesta na companhia da namorada, Liza, e jura que existe apenas para fazê-la feliz. O problema é que Liza se recusa a ficar feliz enquanto não colocar as mãos nos 68 mil dólares que viu seu sugar daddy guardar em um cofre.
Inicialmente relutante em ajudar, Chip acaba sendo vencido pela insistência (e pelos socos) de sua amada, que garante que o plano é perfeito e que ninguém vai se machucar. Pouco tempo depois, corpos estão se acumulando pelo chão, e o que deveria ser um simples furto se transformou em um banho de sangue. Para o horrorizado Chip, o evento marca o início da noite mais longa e assustadora de sua vida. Para o espectador, é o início de um filme caótico que mergulha de cabeça no mau gosto e, ainda assim, consegue ser insanamente divertido.
PUBLICIDADE
Parte do que faz essa delícia com estética retrô funcionar é o ator Matthew Gray Gubler (Suburban Gothic), que entrega uma performance hilária no papel do protagonista atrapalhado que se apaixona por cada mulher bonita que encontra, mesmo as assassinas em série. A jornada de Chip é algo como Depois de Horas, a comédia sombria de 1985 dirigida por Martin Scorsese, só que encharcado de sangue e violência estilizada, e com humor grosseiro levado às últimas consequências.
AnnaLynne McCord e Matthew Gray Gubler como Chip e Liza no filme '68 Kill', de Trent Haaga |
O outro ponto forte do filme é AnnaLynne McCord (Excision), que rouba o show como a namorada psicótica disposta a tudo para alcançar seus objetivos. 68 Kill ganha uma energia contagiante toda vez que sua vilã descontrolada, mistura de femme fatale e prima distante de Patrick Bateman, entra em cena. A química de Gubler com McCord funciona até melhor do que com a atriz Alisha Boe (série Teen Wolf), que interpreta a personagem Violet, uma jovem que entra por acidente na história e acaba sendo importante para o processo de transformação do protagonista durante sua noite infernal.
PUBLICIDADE
O elenco de apoio contribui para a diversidade de personalidades bizarras que compõem este universo cinematográfico. O diálogo, afiado e muitas vezes mordaz, adiciona uma camada adicional aos personagens e à trama, revelando nuances inesperadas. O diretor Trent Haaga demonstra bom domínio da linguagem cinematográfica, empregando uma estética visual que oscila entre o cru e o estilizado. A cinematografia recorre a composições arrojadas e uma paleta de cores vibrante para retratar a descida à loucura dos personagens.
Alisha Boe como Violet no filme '68 Kill', de Trent Haaga |
O design de produção de 68 Kill é notável por sua capacidade de evocar um senso de lugar e atmosfera, mergulhando o espectador nas paisagens sulistas decadentes onde a trama se desenrola. As cenas de confrontos são bem coreografadas. A trilha sonora amplifica eficazmente a atmosfera do filme, ajudando a criar uma montanha-russa de emoções.
68 Kill tem algumas quedas de ritmo, principalmente nas cenas onde Liza não está presente. A violência e o humor politicamente incorreto podem ser uma barreira para parte do público. Algumas reviravoltas exigem uma quantidade generosa de suspensão de descrença. Mas como o filme deixa claro logo no início que não está se levando muito a sério, fica fácil fazer vista grossa e embarcar alegremente nessa viagem insana.
Nota: 7/10
Título original: 68 Kill.
Gênero: Suspense, comédia, romance.
Produção: 2017.
Lançamento: 2017.
Pais: Estados Unidos.
Duração: 93 minutos.
Roteiro: Trent Haaga.
Direção: Trent Haaga.
Elenco: Matthew Gray Gubler, AnnaLynne McCord, Alisha Boe, Sheila Vand, Sam Eidson, Eric Podnar, Lucy Faust, Hallie Grace Bradley, Peter Jaymes Jr.