Crítica | Funhouse (2019)

Celebridades participam de reality show infernal em 'Funhouse', o novo filme do diretor e roteirista Jason William Lee

Imagem do filme de terror 'Funhouse', de Jason William Lee

Novo filme do diretor Jason William Lee, Funhouse acompanha oito celebridades convidadas para participar do Funhouse, reality show online transmitido sem cortes e sem anúncios para o mundo inteiro — inclusive para o Brasil, com direito a uma aparição rápida da estátua do Cristo Redentor. O prêmio para o vencedor é de 5 milhões de dólares. O único detalhe que não está incluído no contrato é que a punição para quem for eliminado é uma morte dolorosa.

A sequência de abertura com a participação muito bem-vinda de Debs Howard (a Cassie de A.M.I.) entrega uma amostra do que aguarda os participantes do reality. Na hora da eliminação, o diretor surpreende com uma seleção de desafios horripilantes que terminam quase sempre com mortes brutais e bem elaboradas. Lee já havia demonstrado seu talento de criar situações sádicas em seu filme de estreia, O Mal Entre Nós (2016). Em Funhouse ele mostra que evoluiu consideravelmente tanto como diretor quanto como roteirista.

Karolina Benefield em imagem do filme 'Funhouse', de Jason William Lee

Funhouse tem uma fotografia bem cuidada. Os cenários são variados. A edição e a montagem são ágeis. Guardadas as devidas proporções, o estilo de Lee lembra o trabalho de Paul Verhoeven em Robocop, com direito a ação sendo interrompida para mostrar a reação do público que acompanha o reality, ou para acompanhar "especialistas" discutindo a atração em telejornais. Não há muita preocupação em criar suspense. Pelo contrário, às vezes o roteiro até informa como um personagem vai morrer. Mas a certeza do que acontecerá a seguir causa muito desconforto.

Nos momentos de calmaria, conhecemos um pouco sobre os participantes, que incluem a celebridade polonesa Ula La More (Karolina Benefield), que tem mais de oito milhões de seguidores no Instagram; o ex-lutador de luta-livre irlandês James 'Headstone' Malone (Christopher Gerard); a americana Lonni Byrne (Khamisa Wilsher), uma das estrelas do programa de relacionamentos 'Brides of the Future'; e o sueco Kasper Nordin (Valter Skarsgård), mais conhecido como o ex-namorado da diva sexy Darla Drake (Kylee Bush).

Imagem do filme de terror 'Funhouse', de Jason William Lee

Comparar Funhouse com Jogos Mortais é inevitável. Só que o vilão aqui não tem um fantoche, e sim um panda digital que aparece frequentemente para trazer más notícias, enquanto guardas fortemente armados (e vestidos de panda também) garantem que os participantes do reality sigam suas instruções sem pestanejar. O vilão gosta de fazer monólogos sobre a decadência moral da sociedade, e sobre como as pessoas estão dispostas a ir cada vez mais longe para conseguir curtidas. Confesso que suas malvadezas me deixaram com muita raiva. Mas como o papel de um vilão é justamente fazer vilanices, é seguro dizer que o ator Jerome Velinsky fez um bom trabalho.

A revelação final não chega a ser surpreendente. Mas dá para relevar esse detalhe, porque na maior parte do tempo a abordagem cínica, sexy e sangrenta do mundo das mídias sociais é muito divertida. Já o choque de ver minha personagem favorita sendo eliminada de maneira cruel será mais difícil de superar.

Nota: 7/10

Título original: Funhouse.

Gênero: Terror.
Produção: 2019.
Lançamento: 2020.
País: Suécia, Canadá.
Duração: 106 minutos.
Roteiro: Jason William Lee.
Direção: Jason William Lee.
Elenco: Valter Skarsgård, Khamisa Wilsher, Gigi Saul Guerrero, Christopher Gerard, Karolina Benefield, Amanda Howells, Mathias Retamal, Dayleigh Nelson, Jerome Velinsky, Kylee Bush, Debs Howard, Bradley Duffy, Michael MacKinnon, Dave Peniuk, Ben Heidi.