Dá pra acreditar que já tem 20 anos que o primeiro episódio de Buffy, a Caça Vampiros, foi exibido na TV? É, estamos ficando velhos.
A série, porém, não perdeu sua força. Continua sendo objeto de fascínio de fãs fervorosos e até hoje exerce enorme influência na cultura pop. Seus reflexos podem ser vistos em séries como The Vampire Diaries e True Blood - isso para citar apenas os dois casos mais obvios.
Buffy surgiu da mente de Joss Whedon (ele mesmo, que mais tarde dirigiria Os Vingadores). Nos anos 90, era comum os filmes de terror iniciarem com uma cena mostrando uma garota sendo perseguida por um monstro e/ou psicopata, que a matava antes dos créditos iniciais. Então Whedon pensou: "E se ao invés de ser assassinada, essa garota reagisse e chutasse o traseiro do monstro?"
Bem, ele não pensou exatamente assim, mas a idéia era essa mesmo: a garota bonita, de aparência frágil e delicada, que deixa de ser a donzela em perigo e se torna a heroína que irá salvar a todos.
A primeira aparição da personagem foi em 1992, em um filme estrelado por Kristi Swanson. Não deu certo. O próprio Whedon já disse que o filme se distanciou de seu roteiro. Por sorte, ele conseguiu levar a personagem para a TV, em uma série estrelada por Sarah Michelle Gellar. Aí sim a coisa foi pra frente.
Sunnydale e a Boca do Inferno
Buffy Summer vivia uma vidinha normal como uma líder de torcida patricinha. Até descobrir que era "A Escolhida" - a descendente de uma linhagem de caçadoras que, desde os tempos remotos, têm a missão de proteger a humanidade contra as forças das trevas.
A garota muda-se para Sunnydale e começa a estudar em um colégio que está localizado sobre a "Boca do Inferno" - na verdade um cruzamento dimensional, que atrai entidades sobrenaturais. Se alguma coisa ruim tiver que aparecer em nosso mundo, com certeza será em Sunnydale.
Metáforas e feminismo
A receita da série era poderosa: uma mistura de terror, ação, fantasia, humor afiadíssimo e pinceladas de cinema trash. Ao longo de sete temporadas, Buffy chutou o traseiro de vampiros, demônios, bruxas e diversas outras danações do além. Em um episódio engraçadíssimo, chegou a sair no tapa com o próprio Drácula.
Além de subverter os gêneros da época, o que Whedon fazia, na verdade, era usar tudo isso como uma curiosa metáfora sobre os dramas da passagem para a vida adulta. O que parecia ser uma simples série para adolescentes, ganhou atenção dos adultos. Foi mais além e chegou aos meios acadêmicos, onde passou a ser discutida como representante do novo feminismo.
Não é difícil entender porque Buffy é uma das séries mais cultuadas de todos os tempos.