Crítica | Vida (Life, 2017)

A prova da existência de vida em Marte pode significar o fim da raça humana em 'Vida', do diretor Daniel Espinosa


Jake Gyllenhaal como David no filme 'Vida'
Jake Gyllenhaal como David no filme 'Vida', de Daniel Espinosa | ©Sony Pictures


Um filme que se anuncia com uma audaciosa tomada única de quase sete minutos em gravidade zero merece respeito. Principalmente um que tem Jake Gyllenhaal (Animais Noturnos), Ryan Reynolds (Deadpool) e Rebecca Ferguson (Doutor Sono) interpretando tripulantes de uma estação espacial passando apuros para se livrar de uma forma de vida extraterrestre mal intencionada.

Vida, ficção-científica/terror do sueco Daniel Espinosa, tem tudo isso. E o tal tomada única audaciosa não foi planejada apenas para mostrar que o filme é visualmente deslumbrante. Ela acompanha Rory Adams (Reynolds) arrancando um satélite defeituoso da órbita usando uma garra robótica, sem saber que, com isso, selaria o destino de todos na estação espacial claustrofóbica onde os protagonistas estão confinados.

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O satélite contém amostras de solo marciano, dentro das quais está um organismo unicelular, prova incontestável da existência de vida em Marte. Como todo bom alienígena de filmes de terror, o organismo que a tripulação batiza de “Calvin” não demora para se desenvolver e começar a tocar o terror em todo mundo. Este ainda ganha um bônus, pois pode se tornar uma ameaça para todo o planeta.

Olga Dykhovichnaya e Hiroyuki Sanada como Ekaterina e Sho no filme 'Vida'
Olga Dykhovichnaya e Hiroyuki Sanada como Ekaterina e Sho no filme 'Vida', de Daniel Espinosa | ©Sony Pictures


Vida tem uma metade inicial altamente eficaz. Embora o filme compartilhe DNA narrativo com outras obras do gênero, de Solaris a Alien: O Oitavo Passageiro, o roteiro de Rhett Reese e Paul Wernick tem suas próprias cartas na manga, e surpreende com frequência. Espinosa mantém o suspense em alta, mas não fica apenas na sugestão: há algumas mortes inesperadas aqui, e os efeitos especiais são exuberantemente medonhos.

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Ocasionalmente os personagens tomam decisões questionáveis, que combinariam mais com adolescentes de filme slasher do que com cientistas bem treinados. Fica a critério do espectador decidir se são facilitações narrativas, ou se é uma maneira do roteiro dizer que este não é um filme sobre uma descoberta que pode revelar o sentido da vida, mas sobre como até os humanos inteligentes ignoram seu treinamento de modo a garantir sua sobrevivência e das pessoas que amam.

A atriz Rebecca Ferguson como Miranda no filme 'Vida'
A atriz Rebecca Ferguson como Miranda no filme 'Vida', de Daniel Espinosa | ©Sony Pictures


De qualquer forma, dá para se divertir com esses momentos, até porque ao invés de garantir a sobrevivência, as decisões geralmente levam a mortes horríveis. Meus personagens favoritos foram o médico David Jordan (Gyllenhaal) e a oficial de segurança Miranda North, interpretada por Ferguson, que se revela a mais disciplinada da estação.

Vida perde muito do fator surpresa conforme o organismo evolui e se torna um monstro genérico. Perto do ato final, o filme apresenta problemas de ritmo e o roteiro se rende a clichês ruins que prometem bastante a experiência. A criatividade retorna nos minutos finais, com uma surpresa sombria e totalmente inesperada.

Nota: 6/10

Título original: Life.
Gênero: Ficção científica, terror.
Produção: 2017.
Lançamento: 2017.
Pais: Estados Unidos.
Duração: 1 h 44 min.
Roteiro: Rhett Reese e Paul Wernick.
Direção: Daniel Espinosa.
Elenco: Ryan Reynolds, Rebecca Ferguson, Jake Gyllenhaal, Olga Dykhovichnaya, Hiroyuki Sanada, Ariyon Bakare, Jesus Del Orden, Allen McLean, Leila Grace, Mari Gvelesiani, David Muir, Elizabeth Vargas, Camiel Warren-Taylor, Haruka Kuroda, Naoko Mori, Alexandre Nguyen, Hiu Woong-Sin.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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