A prova da existência de vida em Marte pode significar o fim da raça humana em 'Vida', do diretor Daniel Espinosa
Jake Gyllenhaal como David no filme 'Vida', de Daniel Espinosa | ©Sony Pictures |
Um filme que se anuncia com uma audaciosa tomada única de quase sete minutos em gravidade zero merece respeito. Principalmente um que tem Jake Gyllenhaal (Animais Noturnos), Ryan Reynolds (Deadpool) e Rebecca Ferguson (Doutor Sono) interpretando tripulantes de uma estação espacial passando apuros para se livrar de uma forma de vida extraterrestre mal intencionada.
Vida, ficção-científica/terror do sueco Daniel Espinosa, tem tudo isso. E o tal tomada única audaciosa não foi planejada apenas para mostrar que o filme é visualmente deslumbrante. Ela acompanha Rory Adams (Reynolds) arrancando um satélite defeituoso da órbita usando uma garra robótica, sem saber que, com isso, selaria o destino de todos na estação espacial claustrofóbica onde os protagonistas estão confinados.
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O satélite contém amostras de solo marciano, dentro das quais está um organismo unicelular, prova incontestável da existência de vida em Marte. Como todo bom alienígena de filmes de terror, o organismo que a tripulação batiza de “Calvin” não demora para se desenvolver e começar a tocar o terror em todo mundo. Este ainda ganha um bônus, pois pode se tornar uma ameaça para todo o planeta.
Olga Dykhovichnaya e Hiroyuki Sanada como Ekaterina e Sho no filme 'Vida', de Daniel Espinosa | ©Sony Pictures |
Vida tem uma metade inicial altamente eficaz. Embora o filme compartilhe DNA narrativo com outras obras do gênero, de Solaris a Alien: O Oitavo Passageiro, o roteiro de Rhett Reese e Paul Wernick tem suas próprias cartas na manga, e surpreende com frequência. Espinosa mantém o suspense em alta, mas não fica apenas na sugestão: há algumas mortes inesperadas aqui, e os efeitos especiais são exuberantemente medonhos.
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Ocasionalmente os personagens tomam decisões questionáveis, que combinariam mais com adolescentes de filme slasher do que com cientistas bem treinados. Fica a critério do espectador decidir se são facilitações narrativas, ou se é uma maneira do roteiro dizer que este não é um filme sobre uma descoberta que pode revelar o sentido da vida, mas sobre como até os humanos inteligentes ignoram seu treinamento de modo a garantir sua sobrevivência e das pessoas que amam.
A atriz Rebecca Ferguson como Miranda no filme 'Vida', de Daniel Espinosa | ©Sony Pictures |
De qualquer forma, dá para se divertir com esses momentos, até porque ao invés de garantir a sobrevivência, as decisões geralmente levam a mortes horríveis. Meus personagens favoritos foram o médico David Jordan (Gyllenhaal) e a oficial de segurança Miranda North, interpretada por Ferguson, que se revela a mais disciplinada da estação.
Vida perde muito do fator surpresa conforme o organismo evolui e se torna um monstro genérico. Perto do ato final, o filme apresenta problemas de ritmo e o roteiro se rende a clichês ruins que prometem bastante a experiência. A criatividade retorna nos minutos finais, com uma surpresa sombria e totalmente inesperada.
Nota: 6/10
Título original: Life.
Gênero: Ficção científica, terror.
Produção: 2017.
Lançamento: 2017.
Pais: Estados Unidos.
Duração: 1 h 44 min.
Roteiro: Rhett Reese e Paul Wernick.
Direção: Daniel Espinosa.
Elenco: Ryan Reynolds, Rebecca Ferguson, Jake Gyllenhaal, Olga Dykhovichnaya, Hiroyuki Sanada, Ariyon Bakare, Jesus Del Orden, Allen McLean, Leila Grace, Mari Gvelesiani, David Muir, Elizabeth Vargas, Camiel Warren-Taylor, Haruka Kuroda, Naoko Mori, Alexandre Nguyen, Hiu Woong-Sin.