Crítica | O Monstro Dentro de Você (Antibirth, 2016)

Natasha Lyonne estrela 'O Monstro Dentro de Você', uma desagradável viagem psicodélica de corpos e identidades, dirigida por Danny Perez


Natasha Lyonne como Lou no filme 'O Monstro Dentro de Você', de Danny Perez
Natasha Lyonne como Lou no filme 'O Monstro Dentro de Você', de Danny Perez


Longa-metragem de estreia de Danny Perez, O Monstro Dentro de Você apresenta Natasha Lyonne (série Orange is the New Black) como Lou, uma viciada em drogas e alcoólatra sem escrúpulos, que acorda de uma de suas tradicionais noites de excessos e descobre que está grávida. Isso é um pouco estranho, já que ela tem certeza de que não faz sexo há meses. Conforme sua gravidez avança, Lou começa a experimentar uma série de eventos bizarros, levando-a a questionar sua sanidade e sua própria existência.

O Monstro Dentro de Você é um filme que desafia convenções e mergulha o público em um pesadelo intrigante, porém também confuso e bizarro, no pior sentido da palavra. O enredo se desdobra de forma não linear, fundindo as fronteiras entre realidade e alucinação e oscilando entre o absurdo, o grotesco e o surreal.

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A trilha sonora é uma combinação estranha de sons eletrônicos distorcidos e melodias inquietantes, que se fundem perfeitamente com a estética psicodélica do filme. O design de produção e os efeitos especiais são eficientes, criando um mundo feio e sujo que reforça a sensação de decadência e distorção que impera da primeira à última cena.

Natasha Lyonne como Lou no filme 'O Monstro Dentro de Você', de Danny Perez
Natasha Lyonne como Lou no filme 'O Monstro Dentro de Você', de Danny Perez


O diálogo é pontuado por momentos de humor ácido e absurdidade. Os personagens são complexos e ambíguos, refletindo as camadas de significado e subtexto presentes na narrativa. Natasha Lyonne incorpora bem a instabilidade emocional e a confusão existencial de sua personagem. Junto de Chloë Sevigny, que interpreta sua amiga Sadie, e Meg Tilly, que interpreta a misteriosa Lorna, o elenco entrega performances convincentes.

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Isso não significa que os personagens sejam agradáveis. Na verdade, poucas vezes vi figuras tão abomináveis e irresponsáveis quanto as que são apresentadas em O Monstro Dentro de Você. Caso você consiga lidar com isso, ainda terá outros desafios pela frente, como tentar entender por que personagens são introduzidos, ganham um espaço considerável e depois desaparecem, deixando suas histórias sem conclusão. Ou por que algumas cenas são cortadas pela metade, sem explicação do que aconteceu depois.

Natasha Lyonne e Chloë Sevigny como Lou e Sadie no filme 'O Monstro Dentro de Você', de Danny Perez
Natasha Lyonne e Chloë Sevigny como Lou e Sadie no filme 'O Monstro Dentro de Você', de Danny Perez


Você poderá dizer que a intenção de Danny Perez foi justamente perturbar o espectador com cada quadro de seu filme, colocando-o na pele da protagonista agressivamente desagradável, completamente perdida no meio da confusão generalizada. Mas não poderá negar que essa abordagem também garante que a esmagadora maioria do filme se revele uma experiência dolorosamente tediosa.

O Monstro Dentro de Você tem alguns raros bons momentos e até ganha um pouco de fôlego quando entra em cena a personagem vivida por Meg Tilly. Há algumas cenas de body horror, que provavelmente colocarão um risinho discreto no rosto dos fãs de David Cronenberg. Cheguei a me divertir nos momentos finais, quando o diretor finalmente abraça o trash. Mas essa cena chega tarde demais e, definitivamente, não é suficiente para compensar o tédio, a feiura e a bagunça planejada que vieram antes.

Nota: 2/10

Título original: Antibirth.
Gênero: Terror, ficção científica.
Produção: 2016.
Lançamento: 2016.
Pais: Canadá, Estados Unidos.
Duração: 1 h 34 min.
Roteiro: Danny Perez.
Direção: Danny Perez.
Elenco: Natasha Lyonne, Chloë Sevigny, Meg Tilly, Mark Webber, Maxwell McCabe-Lokos, Emmanuel Kabongo.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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