Crítica | Motorrad (2017)

Motoqueiros sombrios aterrorizam grupo de amigo na aventura de terror do diretor Vicente Amorim

Imagem do filme 'Motorrad', de Vicente Amorim

Por Ed Walter

Vicente Amorim já dirigiu filmes como O Caminho das Nuvens (2003) e Irmã Dulce (2014), e também comandou episódios de séries como As Canalhas e Romance Policial: Espinosa. Agora ele está de volta com Motorrad, longa-metragens que combina cenas de ação com elementos típicos do cinema slasher. O filme é estrelado por Guilherme Prates (Confissões de Adolescente), Emilio Dantas (A Força do Querer) e Carla Salle (Malhação).

Prates interpreta Hugo, um jovem que quase perde a vida ao tentar furtar um carburador de um ferro-velho. Tudo para que possa consertar sua moto a tempo de se juntar ao irmão Ricardo (Dantas) e seus amigos, em um passeio por uma região desértica. Eles encontram a misteriosa Paula (Salle), que se apressa em guiá-los através de uma área remota que o grupo nem sabia que existia. Só que além das belas paisagens e da água que a Bia não pode beber, essa área também é o território de um grupo de motoqueiros sombrios, que gosta de matar quem encontra pela frente.


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Visualmente o filme é competente. A escolha de dessaturar o máximo possível a fotografia ajuda a dar ao cenário da Serra da Canastra, em Minas Gerais, o clima de mundo desolado que a trama pede. As rodovias vazias, os ambientes internos empoeirados e o visual estiloso dos personagens reforçam esse sentimento. Enquanto isso, os diálogos (ou a ausência deles, já que não há conversas nos primeiros 15 minutos) fazem com que filme flerte com o cinema de arte.


Imagem do filme 'Motorrad', de Vicente Amorim

Essa inclinação para o lado artístico também pode ser sentida nos vários mistérios que o roteiro levanta, e parece ter prazer em não responder. A história se passa em um mundo pós-apocalíptico? Que marca é aquela na mão do Hugo? O que tem dentro daquele poço? E por que Bia não pode beber daquela água?!? Não há respostas. Ou talvez elas existam e eu não consegui encontrá-las. Mas confesso que me diverti bastante com esses esquisitices.

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Já nas cenas de terror, eu não me diverti tanto. O filme até entrega duas mortes bem elaboradas. Uma terceira chega a causar impacto, mas perde a força por se prolongar demais. E todas elas decepcionam em matéria de gore, algo que faz bastante diferença em qualquer filme slasher. Também senti falta de um pouco de suspense. E acho que teria sido mais legal se a trilha sonora não tentasse criar tensão onde ela não existe.

Mas o que realmente atrapalhou minha experiência com Motorrad foram as cenas de ação. A edição frenética atrapalha a visão. A câmera também, tremendo tanto que quase passa a sensação de que estamos assistindo a found footage. A tremedeira se intensifica nas cenas de perseguição. E como os personagens fogem de moto durante boa parte do filme, a diversão fica bem limitada.

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O melhor: Visual bacana, personagens estilosos e algumas esquisitices divertidas.
O pior: A câmera que não pára de tremer nas cenas de ação.
E a água? Não pode beber, não.

Título original: Motorrad.
Gênero: Terror, ação.
Produção: 2017.
Lançamento: 2018.
País: Brasil.
Duração: 92 minutos.
Roteiro: LG Tubaldini Jr e André Skaf.
Direção: Vicente Amorim.
Elenco: Emilio Dantas, Juliana Lohmann, Guilherme Prates, Carla Salle, Pablo Sanábio, Rodrigo Vidigal, Alex Nader, Jayme del Cueto, Javier Lambert, Hannibal Neto, Marcondes Oliveira, Cristiano Sousa.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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