Crítica | No Olho do Furacão (The Hurricane Heist, 2018)

Ryan Kwanten e Toby Kebbell em imagem de "No Olho do Furacão"

Pegue o tornado de Sharknado, substitua os tubarões por qualquer objeto que possa sair voando e acrescente cenas de ação desenfreadas na linha da franquia Velozes e Furiosos. O resultado provavelmente será algo parecido com No Olho do Furacão, novo thriller de ação (que de thriller não tem nada) do diretor Rob Cohen. A diferença é que Sharknado tem noção que é ridículo e usa isso a seu favor. O filme de Cohen, não.

A história acompanha Will e Breeze (Toby Kebbell, de Destroyer, e Ryan Kwanten, de True Blood), dois irmãos traumatizados por uma tragédia do passado. Eles irão se unir a uma agente do Tesouro Nacional, Casey (Maggie Grace, de Fear The Walking Dead) para impedir os planos de um grupo de criminosos que quer roubar 600 milhões de dólares. Junte a essa premissa um super furacão chamado Tammy, e temos a receita para um desastre. Em todos os sentidos.

Imagem do filme "No Olho do Furacão"

Nada no roteiro faz sentido. Quem falou que realizar um roubo no meio de um furacão seria uma boa idéia? Por que Casey quer tanto proteger aquele dinheiro? Se os criminosos precisam dela viva, por que ficam metralhando a coitada toda hora? E se a moça tem um trauma por ter causado a morte de alguém no passado, por que ficou tão feliz no final, mesmo sabendo que mais gente morreu por causa dela?

Nos momentos de perigo, as reações dos personagens nem de longe se assemelham com o que se espera de uma pessoa real. Não há tensão nem senso de ameaça. Os protagonistas parecem ser desprovidos de qualquer instinto de sobrevivência, parecem não ter noção de que há criminosos armados tentando matá-los, e não estão nem aí sequer para o furacão! Aliás, de vez em quando Casey e Will até dirigem tranquilamente pelas ruas e falam sobre o passado, enquanto a tempestade vai destruindo a cidade em volta deles.

Maggie Grace em imagem do filme "No Olho do Furacão"

O furacão poderia ser um ponto positivo do filme, se não fosse por sua absoluta incapacidade de se comportar de acordo com as leis da física. Preste atenção e vai notar que ele está sempre disposto a ajudar os heróis a escapar do perigo. Ele inunda uma sala para que eles possam fugir dos vilões. Transforma calotas de carros em objetos mortais. E até suga os criminosos de dentro de um prédio. Mas não suga os heróis, mesmo eles estando a céu aberto.

Para não falar que não gostei de nada, preciso dizer que o grupo de criminosos rendeu momentos vagamente interessantes. Não porque são perigosos ou marcantes, mas porque são muito trapalhões e seus planos ridículos acabam criando algumas cenas de humor. É humor involuntário, mas serve para nos distrair. Um pouco.

 Christian Contreras e Maggie Grace em imagem de "No Olho do Furacão"

No último ato o diretor entope a tela com efeitos digitais, e qualquer chance que o filme tinha de se redimir vai pelos ares. Geralmente é nesse ponto que a maioria dos blockbusters de Hollywood exagera no CGI e cai no ridículo. A verdade é que No Olho do Furacão faz isso desde a primeira cena. Mas no terceiro ato ele consegue ser insuportável.

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Título original: The Hurricane Heist. Gênero: Ação, suspense.
País: Estados Unidos. Lançamento: 2018. Duração: 103 minutos.
Direção: Rob Cohen.
Roteiro: Scott Windhauser, Jeff Dixon, J. Fingleton, Carlos Davis.
Elenco: Maggie Grace, Toby Kebbell, Ryan Kwanten, Ralph Ineson, Melissa Bolona, James Cutler, Ben Cross.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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