Nova produção original da Netflix é estrelada por Theo James e Forest Whitaker
Por Ed Walter
Em 2017 Whitney Moore estrelou o trash Breakdown Lane, onde interpreta uma garota que tira um cochilo no carro e, quando acorda, descobre que os mortos-vivos dominaram o mundo. Mais que isso, descobre também que as pessoas já se adaptaram àquele mundo pós-apocalíptico e se organizaram em tribos de caçadores de zumbis, canibais e até treinadores que usam os mortos-vivos para carregar suas cargas. Tudo isso depois de uma soneca de no máximo algumas horas.
Acontece algo semelhante em Próxima Parada: Apocalipse, produção original da Netflix estrelada por Theo James (Anjos da Noite: Guerras de Sangue) e Forest Whitaker (Rogue One: Uma História Star Wars). A diferença é que o filme de Moore parecia ter consciência de sua tosquice, o que acabava rendendo alguns momentos engraçados. Já o filme da Netflix quer se levar a sério demais, o que torna seus atropelos mais difíceis de serem digeridos. E esse é apenas um de seus problemas.
James interpreta o jovem Will. Whitaker interpreta seu sogro Tom. Os dois não combinam. Mas vão precisar se unir quando um evento climático de proporções catastróficas atinge a Costa Oeste dos Estados Unidos e coloca em perigo a vida de Samantha (Kat Graham, de The Vampire Diaries), filha de Tom e noiva de Will. Os dois partem em uma road trip de Chicago até Seatle para salvar Samantha. Aproveitam a viagem para lavar a roupa suja acumulada. E no caminho vão trombando com gente psicótica que parece ter saído de um filme de Mad Max — mesmo que o tal evento climático tenha acabado de acontecer e só tenha atingido uma região distante do país.
O passeio se torna uma grande decepção no momento que você percebe que a história não vai levar a lugar nenhum. No meu caso, notei isso quando personagens supostamente importantes começaram a surgir do nada, para logo em seguida desaparecer sem acrescentar absolutamente nada à trama. A verdade é que a maioria deles é inútil e só está ali para esticar o filme. Alguns consomem apenas alguns minutos de nosso tempo. Mas outros, como a personagem Ricki interpretada por Grace Dove, constroem uma história que ocupa quase a metade do filme. E depois simplesmente vão embora.
Forest Whitaker tenta fazer um bom trabalho, mas o roteiro de Brooks McLaren trabalha contra ele, tornando-o caricato. A personagem de Kat Graham só está no filme para justificar a viagem da dupla. E Theo James não consegue ser mais que regular. A direção de David M. Rosenthal tem seus bons momentos, e até consegue criar algumas cenas de tensão de vez em quando. Mas a fotografia, escura demais durante a noite, amarelada e desfocada demais durante o dia, atrapalha nossa experiência na maior parte do tempo.
No último ato o filme ameaça ficar interessante com uma discussão sobre o que poderia ter causado o fenômeno climático, mas isso acaba não gerando bons resultados. Primeiro porque a discussão é abandonada em menos de cinco minutos. E segundo porque o público que já tem uma certa experiência com disaster movies provavelmente vai identificar a causa do fenômeno nos primeiros minutos do filme. A última cena é visualmente bem feita. Mas o filme termina de maneira tão abrupta que é difícil não ficar profundamente irritado.
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O melhor: Alguns momentos de tensão.
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O melhor: Alguns momentos de tensão.
O pior: Personagens que somem do nada, história que não leva a lugar nenhum.
O que você acha: Que provocou o apocalipse?
Título original: How It Ends.
Gênero: Ficção Científica, ação, suspense.
Lançamento: 2018.
País: Estados Unidos, Canadá.
Duração: 113 minutos.
Roteiro: Brooks McLaren.
Direção: David M. Rosenthal.
Elenco: Theo James, Kat Graham, Forest Whitaker, Kerry Bishé, Nicole Ari Parker, Grace Dove, Lanie McAuley, Mark O’Brien, Nancy Sorel, Eric Keenleyside.