Crítica | Jurassic World: Reino Ameaçado (Jurassic World: Fallen Kingdom, 2018)

Continuação de 'O Mundo dos Dinossauros' coloca Chris Pratt e Bryce Dallas Howard em uma corrida desenfreada para salvar as criaturas, ameaçadas pela erupção de um vulcão adormecido

Imagem do filme 'Jurassic World: Reino Ameaçado'

Por Ed Walter

Quatro anos depois do parque temático Jurassic World ser destruído, a ilha Nublar se tornou o lar dos dinossauros, que agora convivem sem a presença dos humanos. Mas a harmonia é quebrada quando um vulcão ameaça entrar em erupção, o que poderia levar a uma segunda extinção das criaturas. É quando entram em cena a ex-diretora de operações do Jurassic World, Claire Dearing (Bryce Dallas Howard, de A Vila) e o ex-treinador de velociraptors, Owen Grady (Chris Pratt, de Guardiões da Galáxia), que embarcam em uma missão para salvar os dinossauros. É claro que o plano vai dar errado. E eles terão muitos problemas.

O filme dá sequência à história iniciada por Steven Spielberg em 1993 com o espetacular Jurassic Park: Parque dos Dinossauros. Os filmes continuaram com o bom O Mundo Perdido (1997), o fraco Jurassic Park 3 (2001) e o apenas regular Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015). A primeira coisa que precisa ser dita sobre o novo filme é que o roteiro de Derek Connolly e Colin Trevorrow não se sustenta por muito tempo. É um fiapinho de história que mal consegue preencher o primeiro ato. Depois disso o filme se resume a cenas de ação. Não há o menor desenvolvimento dos personagens e os diálogos, quando existem, são rasos demais para serem levados a sério.

Bryce Dallas Howard, Chris Pratt e Isabella Sermon em imagem de 'Jurassic World: Reino Ameaçado'

Os vilões são totalmente esquecíveis. Seus planos não fazem o menor sentido. E o mesmo pode ser dito da "turma do lado do bem". Meu Deus do céu, por que todo protagonista de blockbusters de Hollywood tem que agir como se estivesse participando de um filme de super-herois da Marvel? Isso deveria ser um filme sobre dinossauros, não sobre um cara que vence um exército de mercenários sozinho, faz acrobacias na boca de um tiranossauro Rex e ainda tenta ser engraçado quando está prestes a ser queimado por um rio de lava. Owen, o personagem interpretado por Chris Pratt, faz tudo isso. E sempre que ele aparece o filme se torna uma grande bobagem.

Não é culpa de Pratt. Sem dúvidas, o ator é carismático. Mas o roteiro insiste em colocá-lo nas situações mais absurdas possíveis. O resultado é que em momento algum você teme pela vida do personagem, pois sabe que ele sempre vai encontrar uma saída, por mais ridícula que seja. Já Bryce Dallas Howard não tem muito material para trabalhar. Ela tem algum destaque no primeiro ato, mas depois disso sua função se resume a fazer companhia para Pratt nas cenas de ação. E, é claro, a provar que Claire também pode salvar o mundo quando não está usando salto alto.


Isabella Sermon em imagem de 'Jurassic World: Reino Ameaçado'

Zia Rodriguez, interpretada por Daniella Pineda (The Vampire Diaries), tem um certo destaque, mas é prejudicada por situações bobalhonas. E Franklin Webb, interpretado por Justice Smith (Todo Dia) só atrapalha o filme com suas reações caricatas. Já a tão aguardada participação do ator Jeff Goldblum (A Mosca) reprisando seu papel de Ian Malcolm é rápida demais. Mas pelo menos o ator entrega os únicos bons diálogos do filme.

Reino Ameaçado encontra sua salvação na direção de J.A. Bayona. Ele já mostrou que sabe trabalhar com filmes grandiosos ao dirigir Sete Minutos Depois da Meia-Noite e O Impossível. E com O Orfanato ele não deixou dúvidas que sabe conduzir um bom espetáculo de terror. É claro que aqui ele não tem tanta autonomia para trabalhar e precisa se render a vários clichês da franquia. Mas ainda assim sua personalidade se destaca. O primeiro ato empolga, em parte também por ser o único momento em que podemos sentir a existência de um roteiro. Os efeitos especiais funcionam bem e algumas cenas de ação divertem, especialmente quando o super-heroísmo de Owen é deixado em segundo plano.

Imagem do filme 'Jurassic World: Reino Ameaçado', de J.A. Bayona

Bayona também nos brinda com ótimos efeitos práticos, que dão uma textura palpável aos dinossauros e distancia a produção daquele clima de videogame presente em O Mundo dos Dinossauros. O último ato chega bem perto de um filme de terror. O diretor resgata boa parte da tensão dos dois primeiros filmes, faz um excelente uso de luz e sombras e consegue criar momentos assustadores. As situações ficam imprevisíveis e dessa vez, de fato, tememos pela vida da personagem em cena: Maisie Lockwood, interpretada pela atriz mirim Isabella Sermon.

Pena que logo Owen apareça para deixar tudo falso de novo. E dessa vez ele não vem sozinho: Blue, o Velociraptor bonzinho, também dá as caras. Nesse momento senti falta de uma época em que os velociraptors não eram fofinhos, e devoravam os protagonistas ao invés de salvá-los. Bons tempos aqueles.

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O melhor: O terceiro ato é tenso e assustador.
O pior: O roteiro é bobalhão e Owen continua agindo como um super-herói.
Não é uma boa idéia: Construir um parque temático em uma ilha que guarda um vulcão adormecido.

Título original: Jurassic World: Fallen Kingdom.
Gênero: Aventura, Fantasia, Ficção Científica.
Lançamento: 2018.
País: Estados Unidos.
Duração: 128 minutos.
Roteiro: Derek Connolly e Colin Trevorrow.
Direção: J.A. Bayona.
Elenco: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Rafe Spall, Justice Smith, Daniella Pineda, James Cromwell, Toby Jones, Isabella Sermon, Jeff Goldblum.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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