Crítica | Verão de 84 (Summer of 84, 2018)

Garoto desconfia que seu vizinho é um assassino no novo filme dos realizadores de 'Turbo Kid'

Tiera Skovbye e Graham Verchere em imagem do filme 'Verão de 84'

Por Ed Walter

Verão de 84 é o novo trabalho do trio François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karl Whissell, que em 2015 entregou Turbo Kid. A trama lembra A Hora do Espanto, clássico de Tom Holland onde um adolescente desconfia que seu novo vizinho é um vampiro. Só que dessa vez o protagonista de 15 anos cisma que o vizinho é um assassino que está espalhando o terror na pequena cidade de Ipswich, no Oregon.

O adolescente desconfiado é Davey Armstrong (Graham Verchere). O suspeito é o simpático policial Wayne Mackey (Rich Sommer). Davey convence seus amigos Tommy, Dale e Curtis (Judah Lewis, Caleb Emery e Cory Gruter-Andrew) a se juntar a ele em uma investigação para provar sua teoria. Mas sua ação vai colocar em risco a vida de todos.

Rich Sommer em imagem do filme 'Verão de 84'

O filme tem 105 minutos, mas em 90 deles não acontece muita coisa interessante. Nossos pequenos heróis passam boa parte do tempo com os hormônios à flor da pele. Fazem piadinhas sobre as mães alheias, mentem sobre sua vida amorosa, roubam revistas de mulher pelada de caixas de correio, espionam sua vizinha trocando de roupa pela janela. E conversam. Conversam muito.


A tal investigação sobre o possível assassino fica sempre em segundo plano. E quando ela acontece, não é a coisa mais empolgante do mundo. De vez em quando uma trilha sonora dramática aparece para tentar criar tensão. Mas como não há sequer uma ameaça definida, a imersão fica difícil. A certa altura, entra em cena Nikki (Tiera Skovbye), a tal vizinha que troca de roupa na janela da casa ao lado. E sua presença trás um pouco de variedade para a trama.

Imagem do filme 'Verão de 84'

Ficamos sabendo que os pais da garota estão se separando, que a mãe de um dos meninos é alcoólatra e que a família de um outro tem um comportamento violento. Infelizmente o roteiro não se aprofunda muito em nada disso. E ainda que tente unir esses pequenos detalhes no final para transmitir uma mensagem curiosa, a sensação que tive foi que esses eventos foram meio aleatórios.

Verão de 84 reproduz o visual dos anos 80 razoavelmente bem. A trilha sonora é eficiente quando não tenta criar suspense onde ele não existe. O elenco é esforçado. E algumas referências podem até agradar aos saudosistas. O filme ganha fôlego nos 15 minutos finais, onde somos surpreendidos com alguns momentos chocantes. Mas se os diretores tivessem tirado o pé do freio mais cedo, a experiência poderia ter sido menos cansativa.

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O melhor: Coisas interessantes acontecem nos 15 minutos finais.
O pior: Os 90 minutos iniciais não são tão interessantes assim.
A menos que more no deserto: Todo assassino é vizinho de alguém.

Título original: Summer of 84.
Gênero: Drama, mistério, terror.
Produção: 2018.
Lançamento: 2018.
Pais: Canadá, Estados Unidos.
Duração: 105 minutos.
Roteiro: Matt Leslie e Stephen J. Smith.
Direção: François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karl Whissell.
Elenco: Graham Verchere, Judah Lewis, Caleb Emery, Cory Gruter-Andrew, Tiera Skovbye, Rich Sommer, Jason Gray-Stanford, Shauna Johannesen.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

3 Comentários

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  1. Realmente falta mais suspense na trama, mas achei um bom passatempo. Gostei bastante do final, mudando um pouco o tom dos finais que estamos acostumados.

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  2. Filme muito fraco mesmo, com interpretações canhestras. Os 15 minutos finais sao mesmo os melhores. É bom ver o ator que interpreta o assassino, que geralmente fica com papéis de personagens bocós, se tornar verdadeiramente assustador. Uma pena. Aguardando a sequência: "Outono de 92" para ver se a coitada deslancha!

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