Crítica | Blue My Mind (2017)

Luna Wedler interpreta adolescente que passa por transformação bizarra em 'Blue My Mind', o drama sombrio da diretora e co-roteirista Lisa Brühlmann

Zoë Pastelle Holthuizen e Luna Wedler em arte do filme 'Blue My Mind', de Lisa Brühlmann

Blue My Mind é um drama com pitadas de elementos fantásticos sobre uma garota que passa por uma transformação bizarra. É o longa-metragem de estreia da diretora suíça Lisa Brühlmann, que antes havia dirigido curtas-metragens e o segmento 'Javier' da antologia Periferia. Luna Wedler (Invasão de Campo) e Zoë Pastelle Holthuizen (Amateur Teens) estrelam o filme, roteirizado pela própria Brühlmann em parceria com Dominik Locher.

Luna interpreta Mia, uma garota de 15 anos em busca de aprovação em sua nova escola. Enquanto se esforça para se aproximar de um trio de garotas populares liderado pela exuberante Gianna (Holthuizen), Mia percebe que seu corpo está sofrendo uma metamorfose assustadora. Isso fará com que ela questione sua verdadeira natureza. E também fará com que os peixinhos dourados do aquário de sua mãe pareçam estranhamente apetitosos.

$ads={1}

Assim como fez Neil Jordan em A Companhia dos Lobos, Julia Ducournau em Raw e John Fawcett em Possuída, Brühlmann recorre a elementos fantásticos para construir uma metáfora sobre as transições físicas e emocionais da adolescência. A base dessa vez carrega o DNA de um conhecido conto de fadas. Mas a presença de temas polêmicos faz com a obra seja voltada para o público adulto.

Imagem do filme 'Blue My Mind', de Lisa Brühlmann

Não é difícil descobrir no que Mia está se transformando. A fotografia carregada de tons azulados e o design de som inspirado dão discretas pistas do rumo que a história vai tomar. O próprio trailer cuida de entregar spoilers. Mas o interessante aqui é acompanhar o que acontece durante a metamorfose, lenta e dolorosa. Os efeitos práticos cuidam de deixar as cenas constantemente desconfortáveis. E quando aborda as mudanças psicológicas da protagonista, o filme se torna ainda mais intenso.

$ads={2}

Na companhia de suas novas amigas, Mia começa a trilhar um caminho perigoso. Participa de furtos em shoppings, usa drogas, sai com rapazes que não está interessada — um deles muito mais velho do que ela. Nunca fica claro se ela faz isso para ser aceita, se é uma maneira de se punir ou se sua mudança interna apenas reflete sua metamorfose física. Mas é uma boa oportunidade para que Brühlmann discuta temas como anorexia, autoflagelação e outros demônios da adolescência.

Luna Wedler em imagem do filme 'Blue My Mind', de Lisa Brühlmann

A direção é elegante e em muitos momentos até poética. Mas não duvide que a diretora também vai entregar momentos chocantes, incluindo uma cena polêmica que remete a Kids, aquele drama controverso dirigido em 1995 por Larry Clark. Luna Wedler entrega uma performance segura, dando credibilidade aos dramas e inseguranças da protagonista. A carismática Zoë Pastelle Holthuizen confere energia a Gianna, a adolescente rebelde que desafia todas as regras que lhe são impostas. A amizade entre as duas, que às vezes se confunde com atração física, acaba se tornando o coração do filme. 

Mesmo que a história perca parte de sua força no último ato, quando a metamorfose simbólica torna-se literal, essa visão cruel da adolescência fica acima da média. Blue My Mind é um bom drama. E há uma grande chance de que os fãs de body horror também se divirtam bastante aqui.

Nota: 7/10

Título original: Blue My Mind.

Gênero: Trama, fantasia, terror.

Produção: 2017.

Lançamento: 2018.

Pais: Suíça.

Duração: 97 minutos.

Roteiro: Dominik Locher e Lisa Brühlmann.

Direção: Lisa Brühlmann.

Elenco: Luna Wedler, Zoë Pastelle Holthuizen, Regula Grauwiller, Georg Scharegg, Lou Haltinner, Yael Meier, David Oberholzer, Una Rusca, Timon Kiefer, Benjamin Dangel, Martin Rapold, Rachel Braunschweig, Dominik Locher.