Assassino misterioso persegue jovens em acampamento de verão no clássico do terror dirigido por Sean S. Cunningham
Kevin Bacon e Jeannine Taylor em imagem do filme 'Sexta-Feira 13', de Sean S. Cunningham | ©Warner-Columbia |
A franquia de terror Sexta-Feira 13 foi uma febre entre os adolescentes da década de 1980. O primeiro filme foi idealizado para surfar na onda de Halloween: A Noite do Terror (1978), de John Carpenter, mas seu impacto foi tão grande que acabou influenciando os filmes do gênero lançados nos anos seguintes, incluindo as sequências de sua própria fonte de inspiração.
Sexta-Feira 13 apresentou as regras definitivas do slasher, subgênero do cinema de terror que mostra personagens aleatórios sendo perseguidos por assassinos, mascarados ou não. Como se não bastasse, o longa roteirizado por Victor Miller e dirigido por Sean S. Cunningham acabou criando uma ramificação no próprio subgênero: o camp slasher, onde rapazes e moças com pouca roupa se enfileiram em um acampamento de verão qualquer enquanto aguardam para serem fatiados pelo assassino da vez.
Imagem do filme 'Sexta-Feira 13', de Sean S. Cunningham | ©Warner-Columbia |
Na franquia Sexta-Feira 13, o assassino da vez é o ultra-psycho-serial-killer Jason Voorhess, um cara grandão que usa uma máscara de hóquei e tem pouca tolerância a jovens que vão acampar em seu lago favorito. Curiosamente, Jason não aparece no filme original. Pelo menos, não da maneira como o conhecemos hoje. Você provavelmente já deve estar cansado de tomar spoilers sobre quem é o assassino do primeiro filme. Mas se ainda não sabe, fique tranquilo porque esse review não vai estragar a surpresa.
$ads={1}
Lançado em 1980, o camp slasher nos leva para um passeio em Crystal Lake, acampamento de verão para crianças localizado no condado de Cunningham, New Jersey. Os moradores da região contam histórias assustadoras sobre o lugar. Dizem que em 1958, um menino chamado Jason morreu afogado lá. Dizem que um casal de instrutores foi assassinado, um ano depois. Incêndios misteriosos e até relatos de água envenenada contribuíram para que Crystal Lake ganhasse fama de amaldiçoado. Isso não é bom para os negócios, e o acampamento acabou sendo fechado.
A atriz Robbi Morgan em imagem do filme 'Sexta-Feira 13', de Sean S. Cunningham | ©Warner-Columbia |
A cena de abertura mostra que pelo menos parte das lendas são muito reais. O filme corta para a época atual (na verdade, para um ano que pode ser 1980 ou 1979), para acompanhar uma jovem simpática chamada Annie (Robbi Morgan, de Obsessão Sinistra). Ela está indo para Crystal Lake para se juntar ao grupo liderado por Steve (Peter Brouwer, de Crimes do Colarinho Branco), que planeja reabrir o acampamento. O problema é que o assassino continua rondando por lá, e os jovens vão descobrir que o lugar não é chamado de "Acampamento Sangrento" à toa.
$ads={2}
Sexta-Feira 13 tem um orçamento modesto, mas o diretor contorna as limitações com bastante criatividade. A câmera subjetiva, brilhantemente utilizada em Halloween, serve aqui para dois propósitos. O primeiro é de ampliar o suspense, passando a sensação de que os personagens estão sendo constantemente observados. O segundo é de esconder a identidade do assassino, que só será revelada em uma cena surpreendente no último ato.
A música de Harry Manfredini tem muito de Psicose. Mas a sensação de déjà vu desparece rápido, e a trilha acaba se tornando um dos pontos fortes do filme. O ótimo trabalho do mestre da maquiagem, Tom Savini, alinhado com cortes rápidos e criativos, dá credibilidade às várias cenas de mortes espalhadas pelo longa. Sexta-Feira 13 já passou da marca dos 40 anos, mas seus efeitos práticos continuam convincentes até hoje.
Além de Steve, estão em Crystal Lake os amigos Bill (Harry Crosby, da série Double Trouble), Alice (Adrienne King, de O Segredo Da Borboleta), e Brenda (Laurie Bartram, de A Casa dos Sete Mortos), e um cara engraçadinho chamado Ned (Mark Nelson, de Virando a Página), que serve como alívio cômico. Essa categoria de personagem acabou se tornando frequente na franquia, assim como a figura do profeta do apocalipse, que alerta os protagonistas sobre os perigos de Crystal Lake. No primeiro Sexta-Feira 13, o profeta é representado pelo velho Ralph (Walt Gorney, de Trocando as Bolas), que ainda retornaria no filme seguinte.
À exceção de Kevin Bacon (sim, ele está no filme) e de Betsy Palmer, que interpreta a mãe de Jason, Pamela Voorhees, as performances são limitadas. Mas isso acaba passando quase despercebido, pois o roteirista entende que os personagens estão ali apenas para morrer e toma a decisão de não desenvolver nenhum neles. Para tentar criar um vínculo com o público, o diretor apela para a sexualidade, o que acaba reforçando aquela que se tornaria uma das principais regras desse subgênero: fazer sexo em um filme slasher significa uma sentença de morte.
A doce Claudette (Debra S. Hayes) e seu crush Barry (Willie Adams) são os primeiros a descobrir como as coisas funcionam em Crystal Lake. O casal Marcy (Jeannine Taylor, de O Romance Real de Charles e Diana) e Jack (Bacon) também correm perigo. Ok, ninguém está realmente seguro no acampamento sangrento. Mas se você considerar que os menos sexualmente ativos têm mais chances de sobreviver no final, não terá dificuldades para identificar a possível final girl.
O confronto final da sobrevivente com o assassino é outro momento marcante do filme. Quase tanto quanto a cena do barco, onde temos um dos jump scares mais famosos dos anos 80. Mesmo que alguns momentos de lentidão (entre eles uma interminável cena de preparação de café) comprometam um pouco a experiência, Sexta-Feira 13 é um clássico que os fãs de filmes de terror não podem perder.
Nota: 6.7/10
Título original: Friday the 13th.
Gênero: Terror.
Produção: 1980.
Lançamento: 1980.
País: Estados Unidos.
Duração: 1h 35min.
Roteiro: Victor Miller, Ron Kurz (não creditado).
Direção: Sean S. Cunningham.
Elenco: Betsy Palmer, Adrienne King, Jeannine Taylor, Robbi Morgan, Kevin Bacon, Harry Crosby, Laurie Bartram, Mark Nelson, Peter Brouwer, Rex Everhart, Ronn Carroll, Ron Millkie, Walt Gorney, Willie Adams, Debra S. Hayes, Dorothy Kobs, Sally Anne Golden, Mary Rocco, Ken L. Parker, Ari Lehman, Noel Cunningham, Irwin Keyes, Tom Savini.