Crítica | Vênus (Venus, 2022)

Ester Expósito interpreta dançarina perseguida por criminosos e por forças sobrenaturais em 'Vênus', o novo filme do diretor de 'Enquanto Você Dorme', Jaume Balagueró


Ester Expósito e Inés Fernández como Lucía e Alba no filme 'Venus', de Jaume Balagueró
Ester Expósito e Inés Fernández como Lucía e Alba no filme 'Vênus', de Jaume Balagueró


Vagamente inspirado no conto Os Sonhos na Casa da Bruxa, do mestre do horror cósmico H.P. Lovecraft, Vênus é o segundo projeto da 'The Fear Collection', uma antologia de filmes de terror apoiada pela Sony Pictures e Pokeepsie Films, em associação com a Amazon Prime Video. O primeiro foi o slasher/giallo Veneciafrenia (2021), dirigido por Álex de la Iglesia, lançado no Brasil com o título de Encurralados em Veneza.

Vênus marca o retorno do espanhol Jaume Balagueró, co-diretor do arrepiante [Rec] (2007) e diretor do perturbador Enquanto Você Dorme (2011). O longa-metragem é estrelado por Ester Expósito (Quando os Anjos Dormem), Ángela Cremonte (A Voz Adormecida) e a estreante Inés Fernández. O roteiro é do próprio Balagueró, em parceria com Fernando Navarro, que já havia colaborado com ele em Musa (2017).

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O enredo do filme segue a história de Lucía (Expósito), uma jovem dançarina que trabalha em um clube noturno de Madrid, administrado por um chefe do crime e membros de gangues. Nós a conhecemos durante um de seus shows, pouco antes de abandonar a plataforma em horário de pico para invadir sorrateiramente o escritório do clube e roubar uma sacola cheia de substâncias ilícitas.

Ángela Cremonte como Rocío no filme 'Venus', de Jaume Balagueró
Ángela Cremonte como Rocío no filme 'Vênus', de Jaume Balagueró


O plano dá muito errado e ela mal consegue escapar com vida da boate. Lucía sabe que seus patrões e capangas estão atrás dela e que precisará se esconder para sobreviver. Ela também sabe que não pode se esconder em casa, pois os homens maus conhecem seu endereço. O jeito é procurar abrigo com sua irmã mais velha, Rocío (Cremonte), que vive com a filha Alba (Fernández) em um complexo de apartamentos localizado nos arredores da cidade.

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Antes mesmo de Lucía colocar os pés manchados de sangue no apartamento, é possível perceber que o lugar tem seus próprios segredos. No entanto, Balagueró e seu co-roteirista mantêm esse mistério em segundo plano, focando mais na perseguição enquanto apresentam novos personagens. Entre eles estão o responsável pela boate, Salinas (Federico Aguado, de As Linhas Tortas de Deus), o segurança Moro (Fernando Valdivielso, de Não Matarás) e o líder dos criminosos, Arruza (Pedro Bachura, de Nosso Verão).

Pedro Bachura como Arruza no filme 'Venus', de Jaume Balagueró
Pedro Bachura como Arruza no filme 'Vênus', de Jaume Balagueró


Magüi Mira (Um mundo normal), Aten Soria (minissérie Alguém Tem Que Morrer) e María José Sarrate (série Hospital Central) surgem como Marga, Romina e Rosita, as vizinhas de Rocío que acabam tendo uma importância muito maior para o filme do que suas primeiras aparições discretas sugeriam. Outro personagem que ganha destaque é o rastreador Calvo, interpretado por Francisco Boira (Olhos do mal), que recorre a métodos pouco convencionais para localizar a dançarina fugitiva.

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O roteiro aborda temas como luta pela sobrevivência, laços familiares, culpa e redenção. Mas fique tranquilo, porque o filme não fica só nisso. Conforme um inesperado eclipse solar se aproxima, coisas estranhas começam a acontecer e um horror inimaginável ganha força. Fica claro que o apartamento esconde uma ameaça ainda pior do que os criminosos que perseguem a protagonista, e as consequências serão sentidas por todos.

Aten Soria, Magüi Mira e María José Sarrate  como Romina, Marga e Rosita no filme 'Venus', de Jaume Balagueró
Aten Soria, Magüi Mira e María José Sarrate  como Romina, Marga e Rosita no filme 'Vênus', de Jaume Balagueró


Embora a demora para chegar onde precisa possa ser uma barreira para o público mais impaciente, Balagueró se sai relativamente bem ao prolongar a tensão sem deixar o filme cansativo demais. A trilha sonora funciona bem, mesclando sons tradicionais de terror com momentos pulsantes de música eletrônica. A mistura de CGI com efeitos práticos são um show à parte, e fãs de horror corporal e cenas gore terão muito o que apreciar aqui. 

O elenco realiza um bom trabalho, com destaque para a carismática e expressiva Ester Expósito. Além de nos brindar com uma performance bastante física durante os 30 minutos finais, Expósito tem uma boa química com a atriz mirim Inés Fernández. As interações com a irmã são carregadas de melancolia, e mesmo que a razão exata para o desentendimento das duas nunca seja explicada, dá para juntar as peças do quebra-cabeça para chegar a uma conclusão satisfatória.

A atriz Ester Expósito como Lucía no filme 'Venus', de Jaume Balagueró
A atriz Ester Expósito como Lucía no filme 'Vênus', de Jaume Balagueró


Já as peças do quebra-cabeça que explica a ameaça sobrenatural são posicionadas de maneira mais confusa que o necessário. Se você perder as pistas, precisará de muita suspensão de descrença para aceitar os eventos do último ato. A conclusão anticlimática também pode contar como um fator negativo para alguns. Mas, no geral, acredito que o passeio encharcado de sangue de Balagueró pelas áreas sombrias do horror cósmico ainda consegue ser um passatempo interessante.

Nota: 6/10

Título Original: Venus.
Gênero: Terror.
Produção: 2022.
Lançamento: 2022.
País: Espanha.
Duração: 1 h 40 min.
Roteiro: Jaume Balagueró, Fernando Navarro.
Direção: Jaume Balagueró.
Elenco: Ester Expósito, Inés Fernández, Ángela Cremonte, Magüi Mira, Aten Soria, María José Sarrate, Sofía Reyes, Federico Aguado, Pedro Bachura, Francisco Boira, Fernando Valdivielso, Alejandra Meco, Rocío Andrés Riber, Said Taibi, Sonsoles Benedicto, Lourdes Llamas, Nany Reyes, Claudia Apolonia.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

1 Comentários

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  1. Ed, gostaria de ver uma crítica sua sobre o filme "A Anfitriã" (2021)

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