Palhaços assassinos aterrorizam adolescentes neste slasher pouco inspirado dirigido por Eli Craig; filme adapta o romance de terror de 2020, escrito por Adam Cesare
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Frendo gosta de passear pelo milharal carregando uma motossera no filme de terror 'O Palhaço no Milharal'. Foto: © RLJE Films/Shudder |
O livro de terror Clown in a Cornfield (no Brasil, O Palhaço no Milharal) foi publicado em 2020 e venceu o Prêmio Bram Stoker de Melhor Romance para Jovens Adultos. Li um bom trecho da obra, mas acabei desistindo ao perceber que o autor Adam Cesare parecia menos interessado em criar um slasher retrô e mais empenhado em abordar temas contemporâneos.
Anos se passaram, e aqui estou eu novamente diante de O Palhaço no Milharal — desta vez, não o livro, mas sua adaptação cinematográfica. Como precisava fazer uma review, acabei assistindo, apenas para descobrir que o filme é fraco, e aproveita poucos dos ingredientes que fazem do slasher meu subgênero favorito no cinema de terror.
A trama acompanha Quinn Maybrook, uma adolescente que se muda da Filadélfia para a pequena e sonolenta cidade industrial de Kettle Springs, Missouri. Seu pai foi contratado como o novo médico da cidade e espera que a mudança os ajude a superar uma tragédia pessoal. Mas parece que Quinn está menos interessada em superação e mais empenhada em irritar o pai, reclamando de tudo e de todos vinte e quatro horas por dia.
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Quinn (Katie Douglas) e sua amigas descobrem que a lenda de Frendo é real no filme 'O Palhaço no Milharal'. Foto: © RLJE Films/Shudder |
O xerife de Kettle Springs também gosta de reclamar — principalmente de um grupo de adolescentes que ele culpa por um incêndio que levou ao fechamento de uma fábrica de xarope de milho. Verdade seja dita, perigosos esses jovens não são. São apenas adolescentes desinteressantes que passam o tempo fazendo vídeos virais sobre o mascote da cidade — um palhaço chamado Frendo, que eles fazem questão de retratar como um palhaço assassino.
A primeira metade de O Palhaço no Milharal mostra Quinn sendo insuportável com o pai e com o xerife, e depois acompanhando as atividades entediantes de seus novos amigos youtubers. Só então ela descobre, da pior maneira possível, que o palhaço Frendo não é apenas uma lenda. E é só quando o vilão bem maquiado resolve persegui-los carregando uma motosserra que o filme finalmente ganha um certo fôlego.
Mas não fique muito empolgado com a promessa de carnificina — embora o cenário sugira uma guinada para o terreno do camp slasher popularizado pela franquia Sexta-Feira 13, o que se segue se aproxima mais do slasher pós-Pânico. E mesmo que não fosse esse o caso, a matança é interrompida antes de realmente engrenar.
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Cassandra Potenza e Katie Douglas interpretam Janet e Quinn no filme 'O Palhaço no Milharal'. Foto: © RLJE Films/Shudder |
Basicamente, temos um grupo de palhaços assassinos nervosos saindo do milharal para desmembrar todo mundo, mas o diretor Eli Craig e seu co-roteirista Carter Blanchard acharam que seria mais interessante abandonar o caos para focar no drama de dois rapazes que protagonizam uma reviravolta queer sem qualquer impacto narrativo.
Não há muito o que dizer sobre o elenco. O núcleo adolescente é fraco, e, ao contrário de muitos filmes do gênero, em que os personagens têm ao menos um traço de personalidade, aqui eles parecem não ter nem isso. A final girl interpretada por Katie Douglas (O Último Refúgio) raramente transmite medo diante do perigo, comprometendo a imersão. A apatia é compartilhada pelo elenco adulto, que inclui Aaron Abrams (Um Crime Para Dois), Will Sasso (série Acapulco) e Kevin Durand (Abigail).
Algumas piadas funcionam relativamente bem, como a dificuldade de Quinn em dirigir um carro com câmbio manual ou a incapacidade dos jovens de entender o que é um telefone de disco. Outras ideias afundam rápido, como a tentativa de manter o mistério sobre quem está por trás das máscaras, quando o público provavelmente já sacou tudo antes da metade do filme.
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'O Palhaço no Milharal': não grite, Frendo pode ouvir! Foto: © RLJE Films/Shudder |
No meio das "reviravoltas" e dos discursos sobre conflitos geracionais, o diretor consegue encaixar algumas perseguições divertidas à luz do luar. Quando a motosserra de Frendo finalmente acerta uma vítima, o estrago é considerável. Nesses raros momentos de surto sangrento, O Palhaço no Milharal emula — ainda que timidamente — a atmosfera dos slashers que o inspiraram. Mas é muito pouco, principalmente vindo de um diretor que já nos presenteou com delícias como Tucker e Dale Contra o Mal.
Nota: 3,8/10
Título Original: Clown in a Cornfield.
Gênero: Terror, mistério, suspense, comédia.
Produção: 2025.
Lançamento: 2025.
País: Estados Unidos da América, Luxemburgo, Reino Unido, Canadá.
Duração: 1 h 36 min.
Roteiro: Carter Blanchard, Eli Craig.
Direção: Eli Craig.
Elenco: Katie Douglas, Aaron Abrams, Carson MacCormac, Vincent Muller, Kevin Durand, Will Sasso, Cassandra Potenza, Verity Marks, Ayo Solanke, Alexandre Martin Deakin, Catherine Wreford, Daina Leitold, Jean-Jacques Javier.
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