Crítica | Slender Man: Pesadelo Sem Rosto (Slender Man, 2018)

Criatura sobrenatural toca o terror em quatro amigas entediadas neste terror pouco inspirado dirigido por Sylvain White



Joey King como Wren em imagem do filme 'Slender Man: Pesadelo Sem Rosto' | ©Sony Pictures Releasing


Slender Man surgiu como uma creepypasta no fórum de discussões Something Awful. Não demorou para ele tomar conta do imaginário dos internautas, o que lhe garantiu o posto de primeira lenda urbana da internet. Em 2017 o personagem ganhou um documentário: Cuidado com o Slender Man, da HBO, que aborda um caso real ocorrido em Wisconsin em 2014, quando duas meninas esfaquearam uma colega e alegaram ter cometido o crime influenciadas pelo Slender Man. Agora a entidade estrela seu próprio filme: Slender Man: Pesadelo Sem Rosto, novo trabalho do diretor Sylvain White.

A trama acompanha as amigas Wren, Hallie, Chloe e Katie, que levam uma vida entediante no colégio. Elas ouvem falar sobre a lenda do Slender Man, uma criatura sobrenatural alta, magra e sem rosto que seria responsável pelo desaparecimento de várias crianças. É claro que as garotas decidem invocá-lo, e a brincadeira se transforma em um pesadelo quando elas passam a ser atormentadas por visões do homem esguio. Quando uma das amigas desaparece, as outras começam a acreditar que a lenda do Slender Man pode ser real.


Jaz Sinclair, Joey King e Julia Goldani Telles como Chloe, Wren e Hallie em imagem do filme 'Slender Man: Pesadelo Sem Rosto' | ©Sony Pictures Releasing


O filme de White funciona relativamente bem em sua primeira meia hora. A atmosfera é sombria, propícia para um bom espetáculo de terror. As sombras são manipuladas com competência para criar uma sensação de insegurança. Os ótimos efeitos sonoros contribuem para nos deixar desconfortáveis, principalmente nas cenas ambientadas na floresta. Há até um ou dois jump scares que conseguem assustar. Esses recursos, porém, se tornam repetitivos, e a diversão fica comprometida quando percebemos que o filme não tem mais nada para oferecer.


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O vilão funciona quando sua presença é apenas sugerida. Já quando o filme precisa mostrá-lo, a coisa desanda. A criatura simplesmente não faz nada, se contentando em aparecer ocasionalmente no meio das árvores ou atrás de uma vítima. Nos raríssimos momentos em que ele resolve atacar, os efeitos especiais digitais cuidam de deixar tudo o mais falso e infantil possível. Aliás, o filme todo mira no público de 13 anos. Tudo é absolutamente higienizado e não há uma cena de violência sequer. Sangue? Não, nem pensar.



Joey King como Wren e Julia Goldani Telles como Hallie em imagem do filme 'Slender Man: Pesadelo Sem Rosto' | ©Sony Pictures Releasing


É claro que muitos filmes de terror PG-13 funcionam perfeitamente sem apelar para a violência, e acredito que Slender Man poderia se redimir se tivesse uma boa história. Mas não tem. Para se ter uma idéia do nível da coisa, para invocá-lo não é necessário nenhum ritual elaborado. Basta acessar a internet e abrir um arquivo chamado "Como invocá-lo". Simples assim. Essa sequência bebe na fonte de O Chamado. Mas diferente do terror de Gore Verbinski, que em poucos minutos consegue dar credibilidade à lenda de Samara Morgan e sua fita VHS amaldiçoada, aqui os eventos parecem forçados e sem graça. A montagem problemática contribui para deixar a história ainda mais tediosa.


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Os personagens adultos não têm razão de existir. Só estão ali para tornar o filme mais longo. O elenco adolescente masculino também é irrelevante. Sobra para as jovens Joey King (7 Desejos), Julia Goldani Telles (série Nurse Jackie), Annalise Basso (Ouija: Origem do Mal), Jaz Sinclair (O Mundo Sombrio de Sabrina) e Taylor Richardson (série Rise) tentar amenizar os problemas. Elas são talentosas e se esforçam bastante. Mas com o roteiro se recusando a desenvolver suas personagens e ainda obrigando todas a tomar as decisões mais idiotas possíveis, fica difícil torcer por elas.

Nota: 4/10

Título original: Slender Man.
Gênero: Terror.
Produção: 2018.
Lançamento: 2018.
Pais: Estados Unidos.
Duração: 93 minutos.
Roteiro: David Birke e Victor Surge.
Direção: Sylvain White.
Elenco: Joey King, Julia Goldani Telles, Jaz Sinclair, Annalise Basso, Taylor Richardson, Alex Fitzalan, Javier Botet, Jessica Blank, Michael Reilly Burke, Kevin Chapman, Miguel Nascimento.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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