Crítica | A Lenda de Golem (The Golem, 2018)

Hani Furstenberg dá vida a uma criatura assustadora no drama de terror de Doron Paz e Yoav Paz

A atriz Hani Furstenberg em imagem do filme 'A Lenda do Golem', de Doron e Yoav Paz

Por Ed Walter

O novo filme de Doron e Yoav Paz coloca a atriz Hani Furstenberg no papel de Hanna, uma mulher que vive com o marido em uma comunidade judaica no interior da Lituânia no ano de 1673. O fato da vila ser relativamente isolada garante que seu povo não tenha contato com uma praga mortal que está se espalhando pela região. Mas isso tem seu lado ruim, já que algumas pessoas começam a atribuir aos judeus a culpa pelo surgimento da doença.

Quando um grupo de homens nervosos invade a vila dispostos a promover um massacre, Hanna decide botar ordem na casa, recorre a conhecimentos proibidos de misticismo e conjura o Golem, uma criatura feita de barro que, na teoria, deveria servir como protetor de seu povo. Só que sua criação é mais poderosa e imprevisível do que ela imaginava. E existe a possibilidade de que ela se torne uma ameaça pior do que os invasores.

A atriz Hani Furstenberg em imagem do filme 'A Lenda do Golem', de Doron e Yoav Paz

O filme tem uma produção bem cuidada. Cenários, figurino, fotografia e efeitos-especiais funcionam em harmonia para proporcionar uma experiência imersiva. A história tem uma forte carga dramática, mergulha no folclore e nas tradições judaicas e ainda aborda temas como perda, luto, preconceito, maternidade, vingança e redenção. Mas também há surpresas para os fãs do cinema de terror. O filme tem uma boa dose de suspense e violência. E às vezes o diretor até se arrisca no terreno do gore.

Alguns poderão ficar decepcionados pelo fato do Golem não se manifestar como um monstro de pedra. Mas não se engane, porque sua aparência frágil não impede que ele faça um estrago danado quando decide tocar o terror. Desmembramentos e remoção de corações estão no topo de sua lista de ataques favoritos. Mas às vezes ele também faz uso de facas. Ah, e os fãs de Scanners: Sua Mente Pode Destruir, ficarão felizes em saber que a criatura também explode cabeças.

Imagem do filme 'A Lenda do Golem', de Doron e Yoav Paz

Nos momentos de calmaria, o roteiro de Ariel Cohen cria algumas subtramas que enriquecem a história. Hanna guarda alguns segredinhos que justificam seu interesse pelo misticismo e também geram pequenos barracos entre ela e o marido Benjamin (Ishai Golan). A ligação física e psicológica entre a protagonista e sua criação é bem explorada. E ainda temos a história de um pai que quer salvar a vida da filha, a de um noivo em busca de vingança, a de uma curandeira em apuros e a de uma vizinha que começa a arrastar as azinhas para o lado do marido de Hanna.

O lado ruim é que nem todos os personagens recebem o desenvolvimento que mereciam. Eu também gostaria que o roteiro se aprofundasse mais no conflito de idéias entre a protagonista e o líder religioso da vila. E que a batalha final entre o Golem o vilão Vladimir fosse um pouco mais empolgante. Ainda assim, os pontos positivos do filme pesam mais na balança. E são suficientes para fazer de The Golem uma boa surpresa para o gênero.

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O melhor: É uma boa mistura de drama e terror.
O pior: A batalha final deixa um pouco a desejar.

Título original: The Golem.
Gênero: Drama, terror.
Produção: 2018.
Lançamento: 2019.
Pais: Israel.
Duração: 95 minutos.
Roteiro: Ariel Cohen.
Direção: Doron Paz e Yoav Paz.
Elenco: Hani Furstenberg, Ishai Golan, Brynie Furstenberg, Lenny Ravich, Alex Tritenko, Adi Kvetner, Konstantin Anikienko, Ekaterina Voronina, Olga Safronova.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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