Crítica | Cópias - De Volta à Vida (Replicas, 2018)

Keanu Reeves interpreta neurocirurgião que quer ressuscitar a família no thriller sci-fi do diretor Jeffrey Nachmanoff

Keanu Reeves em imagem do filme 'Cópias - De Volta à Vida', de Jeffrey Nachmanoff
Keanu Reeves em imagem do filme 'Cópias - De Volta à Vida', de Jeffrey Nachmanoff

Por Ed Walter

O thriller sci-fi Cópias - De Volta à Vida marca o retorno do astro de Matrix, Keanu Reeves, ao mundo da ficção-científica. O filme é o novo trabalho do diretor Jeffrey Nachmanoff, responsável por Hollywood Palms (2001) e O Traidor (2008). Stephen Hamel escreveu a história, e Chad St. John assina o roteiro do longa, que recicla um tema que vem sendo abordado em séries recentes como Black Mirror e Altered Carbon: o da tecnologia sendo usada para garantir a imortalidade.

Reeves interpreta William Foster, um brilhante neurocirurgião que vê a família morrer em um acidente. Tudo estaria perdido, se Foster não estivesse trabalhando em um projeto secreto que consiste em acessar e fazer o upload das memórias de pessoas recém-falecidas, e transferi-las para corpos sintéticos.

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Na teoria, o processo permitiria que a pessoa continuasse "vivendo" em um corpo diferente. E Foster não vai perder a chance de usar esse conhecimento para trazer sua família de volta à vida. Só que antes, ele terá que solucionar um problema que tem impedido o êxito do projeto: as cobaias anteriores retornaram à vida um pouco estressadas, e não demoraram muito para se tornar violentas.

John Ortiz e Alice Eve em imagem do filme 'Cópias - De Volta à Vida', de Jeffrey Nachmanoff
John Ortiz e Alice Eve em imagem do filme 'Cópias - De Volta à Vida', de Jeffrey Nachmanoff

A premissa, se não chega a ser original, pelo menos abre possibilidades interessantes. E o roteiro até aproveita algumas, ensaiando discussões sobre ética, religião e a condição humana. A abordagem é rasa, o que não seria um problema se o roteiro tivesse outras cartas na mangas. Mas o que ele tem a oferecer é um amontado de situações e reviravoltas cada vez mais inverossímeis, que rapidamente levam o filme para o terreno do humor involuntário.

O diretor parece estar consciente dos furos do roteiro, e trata de enviar alguns sinais, como se pedisse ao público para que não levasse seu filme tão a sério. Dá para notar isso na cena extravagante do acidente de carro, que deveria ser trágica mas quase se torna cômica. E o clima de sci-fi bagaceira aumenta quando acompanhamos a reação do protagonista diante da morte da família. Ou quando constamos que ele precisou do filme inteiro para chegar a uma conclusão que está clara desde os primeiros minutos.


Keanu Reeves e Aria Lyric Leabu em imagem do filme 'Cópias - De Volta à Vida', de Jeffrey Nachmanoff
Keanu Reeves e Aria Lyric Leabu em imagem do filme 'Cópias - De Volta à Vida', de Jeffrey Nachmanoff

A chegada do assistente Ed (Thomas Middleditch), que não encontra dificuldades em clonar pessoas em um porão, é o chute no balde que faltava para que a história se desconecte de vez da realidade. Mas ainda há outras "surpresas", como aqueles vilões que surgem do nada no último ato.

Às vezes os efeitos especiais funcionam bem, como nas cenas que mostram Keanu Reeves fazendo gestos engraçados diante de um holograma. Às vezes eles causam desconforto, como nas cenas das agulhas. E às vezes eles são apenas toscos, como nas cenas que envolvem aquele robozinho.

Alice Eve e Emjay Anthony em imagem do filme 'Cópias - De Volta à Vida', de Jeffrey Nachmanoff
Alice Eve e Emjay Anthony em imagem do filme 'Cópias - De Volta à Vida', de Jeffrey Nachmanoff

Não dá para elogiar muito o elenco. Mas também não dá para criticá-los, já que eles têm pouco material para trabalhar. Como ficção científica séria, Cópias - De Volta à Vida tem chances mínimas de agradar. Mas se você conseguir captar os sinais do diretor e encará-lo como o filme B esdrúxulo que ele realmente é, pode encontrar uma diversão razoável aqui.

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O melhor: A premissa abre possibilidades interessantes.
O pior: O desenvolvimento das possibilidades é bagunçado.
Ainda assim: Dá para se divertir se você não levar o filme a sério.

Título original: Replicas.
Gênero: Ficção científica, suspense.
Produção: 2018.
Lançamento: 2019.
Pais: Reino Unido, China, Porto Rico, Estados Unidos.
Duração: 107 minutos.
Roteiro: Chad St. John, Stephen Hamel.
Direção: Jeffrey Nachmanoff.
Elenco: Keanu Reeves, Alice Eve, Thomas Middleditch, John Ortiz, Emjay Anthony, Emily Alyn Lind, Aria Lyric Leabu, Nyasha Hatendi, Amber Rivera, Jonathan Dwayne, Luis Gonzaga, Andres Ramos, Jeffrey Holsman, Sunshine Logroño, Angela Alvarado.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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