Crítica | Remédio Amargo (El practicante, 2020)

imagem-do-filme-remedio-amargo-01

O cinema de terror e suspense espanhol costuma apresentar vilões que mexem bastante com as emoções do público. Lembro-me como se fosse hoje de como fiquei horrorizado diante das malvadezas do psicopata infeliz do ótimo Enquanto Você Dorme (2011). Ou de como fui tomado por uma avalanche de sentimentos conflitantes ao presenciar as ações de Montse no imperdível Ninho de Musaranho (2014).

Agora o diretor Carles Torras apresenta mais um candidato a vilão odioso: Ángel, o cadeirante vingativo interpretado por Mario Casas (O Bar) em Remédio Amargo. O longa, um drama com boas doses de suspense e pitadinhas de terror, foi adquirido pela Netflix e já está disponível no catálogo do serviço de streaming.

$ads={1}

Ángel trabalha como paramédico, até o dia em que um acidente o coloca em um cadeira de rodas. Forçado a passar mais tempo do que gostaria em casa, ele começa a desconfiar de uma possível traição da namorada, Vane (Déborah François, de A Datilógrafa). O ciúmes se transforma em obsessão, e o resultado é uma série de eventos chocantes.

imagem-do-filme-remedio-amargo-02

O diretor reserva o primeiro ato de seu filme para mostrar a rotina de Ángel no trabalho, e a facilidade com que manipula a namorada, inclusive fazendo com que ela se sinta culpada por problemas que claramente não se originaram dela. Gasta mais tempo ainda mostrando o processo de adaptação de Ángel a sua nova realidade. E somente lá pelos 50 minutos, quando seus ataques evoluem do terreno psicológico para o físico, é que a coisa fica definitivamente sombria.

Essa demora para chegar onde precisa incomoda um pouco, mas não a ponto de deixar a experiência cansativa. Na verdade, até gostei do clima de drama novelesco e da maneira como o diretor abraça lentamente a breguice. Isso inclusive ajuda o espectador a aceitar melhor a avalanche de clichês e algumas situações duvidosas que tomam conta da tela quando Ángel entra em modo de insanidade total. E dependendo do humor de cada um, pode até render algumas risadas.

imagem-do-filme-remedio-amargo-04

Gostei do trabalho de Déborah François, e de como sua personagem Vane subverte sutilmente as expectativas do público. Gostei das cenas com a terapeuta Sandra (Maria Rodríguez Soto, de Els dies que vindran), embora no final ela seja simplesmente ignorada pelo roteiro. E, é claro, é preciso elogiar a atuação de Mario Casas, que cumpre bem sua tarefa de irritar o público sempre que possível.

Ángel provavelmente não será lembrado como uma Montse ou como o vilão de Enquanto Você Dorme. Mas se você não levar o filme muito a sério, suas malvadezas podem garantir um passatempo razoável.

Nota: 6

Título original: El practicante.
Gênero: Drama, suspense.
Produção: 2020.
Lançamento: 2020.
País: Espanha.
Duração: 94 minutos.
Roteiro: Rebeca Arnal, David Desola, Hèctor Hernández Vicens, Carles Torras.
Direção: Carles Torras.
Elenco: Mario Casas, Déborah François, Guillermo Pfening, Celso Bugallo, Raúl Jiménez, Maria Rodríguez Soto, Pol Monen, Alice Bocchi, Martin Bacigalupo, Gerard Oms, Tony Corvillo, Sara Ruiz, Linda Morselli, Andrea Marmolejo, Mercè Sánchez Camps.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

Postar um comentário

Antes de serem publicados, os comentários serão revisados.

Postagem Anterior Próxima Postagem