Adolescentes dependentes de tecnologia são perseguidos por assassino implacável no slasher do diretor e co-roteirista Bartosz M. Kowalski
O novo filme da Netflix acompanha um grupo de adolescentes dependentes de tecnologia que é enviado (mesmo sem querer) para um acampamento no meio do nada para conhecer o mundo maravilhoso da vida offline. O lugar está lotado de gente, mas o filme se concentra na caminhada sem direito a smartphones do grupo liderado por Mia, uma guia que conhece as trilhas da floresta mas não sabe a diferença entre sangue e seiva de árvore.
O grupo é formado por figuras que soam familiares à primeira vista. Tem a garota certinha, o cara durão e o rapaz engraçadinho. Tem a garota sexy que quer pegar todo mundo. E tem o menino nerd que não se cansa de citar O Exterminador do Futuro e Um Lobisomem Americano em Londres. Será que nossos heróis (que mais tarde se revelam um pouco mais complexos do que pareciam) descobrirão o valor da verdadeira amizade e do amor? Ou aquele assassino deformado grandalhão que está escondido na floresta vai matá-los primeiro?
Para um slasher de orçamento modesto, Sem Conexão é tecnicamente aceitável. Tanto a maquiagem quanto os efeitos práticos são bem cuidados (ok, aquela cabeça é meio fake, mas é melhor do que CGI) e ocasionalmente rola uma morte sangrenta. A minha favorita acontece nos minutos finais. Mas eu também gostei daquela cena (essa, mais higiênica) que homenageia um dos ataques do velho Jason, de Sexta-Feira 13.
A trilha sonora não favorece o diretor na tarefa de criar momentos de tensão, algo quase inexistente aqui. Mas pelo menos ela ajuda a dar um ar de esquisitice a algumas cenas, embora eu não tenha muita certeza se isso é bom ou ruim. Já o drama dos protagonistas e candidatos a vítimas é chato e eu não me importei com nenhum deles. Ou melhor, me importei com uma única personagem. Que, infelizmente, também é uma das primeiras que morre.
Apesar desses inconvenientes e do ritmo meio lento, a metade inicial funciona razoavelmente bem. Já na metade final, o filme perde o rumo. Parte da culpa é do roteiro, que viaja demais ao contar a origem do vilão e acaba trazendo à tona uma série de inconsistências gritantes. Parte é da edição, que permite que algumas cenas se estendam demais e deixa o filme ainda mais arrastado do que já estava. Personagens que surgem do nada para conversar bastante, como aquele senhor da casa ou aquele policial esquisito, não ajudam a afastar a sonolência.
Sem Conexão foi promovido por sua equipe como o primeiro filme slasher polonês. Isso significa que o diretor Bartosz M. Kowalski e seus co-roteiristas Jan Kwiecinski e Mirella Zaradkiewicz tiveram tempo mais do que suficiente para estudar o que funciona e o que não funciona nesse subgênero. Eles certamente aprenderam algumas lições. Mas parece que faltaram em algumas aulas.
Nota: 5
Título original: W lesie dzis nie zasnie nikt.
Título internacional: Nobody Sleeps in the Woods Tonight.
Gênero: Terror.
Produção: 2020.
Lançamento: 2020.
País: Polônia.
Duração: 102 minutos.
Roteiro: Bartosz M. Kowalski, Jan Kwiecinski, Mirella Zaradkiewicz.
Direção: Bartosz M. Kowalski.
Elenco: Julia Wieniawa-Narkiewicz, Michal Lupa, Wiktoria Gasiewska, Stanislaw Cywka, Sebastian Dela, Gabriela Muskala, Michal Zbroja, Miroslaw Zbrojewicz, Piotr Cyrwus, Olaf Lubaszenko, Wojciech Mecwaldowski, Bartlomiej Kotschedoff, Bartlomiej Firlet, Malgorzata Szczerbowska, Izabela Dabrowska.