Crítica | Menéndez. Parte 1: El día del Señor (2020)

Padre aposentado precisa realizar um último exorcismo em 'Menéndez. Parte 1: El día del Señor', o surpreendente filme de terror de Santiago Alvarado Ilarri

Ximena Romo e Juli Fàbregas como Raquel e Menéndez no filme 'Menéndez. Parte 1: El día del Señor', de Santiago Alvarado Ilarri

Um exorcista aposentado conhecido por seus métodos de trabalho nem um pouco ortodoxos é forçado a voltar à ativa para ajudar um amigo no novo filme da Netflix: Menéndez. Parte 1: El día del Señor, um terror surpreendente dirigido por Santiago Alvarado Ilarri o mesmo realizador de Capa Caída (2013). Juli Fàbregas ([REC]² Possuídos), Hector Illanes (Km 31-2) e Ximena Romo (Como se Fosse a Primeira Vez) estrelam o longa-metragem, lançado neste final de semana no serviço de streaming.

Fàbregas interpreta Menéndez, um padre alcoólatra de fé vacilante cuja rotina se resume entre ter pesadelos com uma mulher sedutora e uma criança morta, conversar ao telefone com uma pessoa misteriosa, vasculhar sites pornôs e virar todas as garrafas de uísque que encontra pela frente. Ele é constantemente atormentado por seus próprios pecados, que inclusive lhe renderam uma temporada na prisão.

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A vida de Menéndez piora quando seu velho amigo Sebas (Illanes) lhe implora para realizar um exorcismo em sua filha de 17 anos, Raquel (Romo), supostamente possuída por forças demoníacas. E quando digo supostamente, é porque o roteiro, escrito pelo próprio Ilarri em parceria com Ramón Salas, espertamente cuida para que o público se questione a todo momento se a garota está mesmo possuída ou é apenas uma adolescente passando por uma fase de rebeldia.

Juli Fàbregas e Hector Illanes como Menéndez e Sebas no filme 'Menéndez. Parte 1: El día del Señor', de Santiago Alvarado Ilarri

As interações entre o padre atormentado e a adolescente suspeita rende ótimas cenas, que vão do drama à comédia. Também rende uma seleção invejável de momentos perturbadores que vão mexer com os nervos, mesmo daqueles que pensavam já ter visto de tudo em filmes desse subgênero. Pense em uma mistura de O Exorcista com O Albergue, ou "o que aconteceria se Mel Gibson dirigisse O Exorcista", e você terá uma idéia do show de horrores que o aguarda.

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À exceção da cena de abertura, todo o filme é ambientado em um único cenário: a casa antiga, esfumaçada e opressora que abriga o padre solitário. Mas fique tranquilo porque o lugar tem vários cômodos, incluindo um porão que mais parece uma masmorra medieval. Algumas cenas são um pouco mais escuras do que precisavam, mas isso não chega a atrapalhar a experiência. Os efeitos sonoros são eficientes e particularmente desconfortáveis nas cenas que envolvem ossos se quebrando. E tanto os efeitos práticos quanto a maquiagem são um show à parte.

Ximena Romo e Juli Fàbregas como Raquel e Menéndez no filme 'Menéndez. Parte 1: El día del Señor', de Santiago Alvarado Ilarri

Humor-negro é algo frequente nessa história de exorcismo distorcida. Esse recurso ganha força no último ato, quando todas as cartas são colocadas na mesa e o diretor fica livre para brincar com elementos mais tradicionais do cinema de terror. Há inclusive momentos em que Ilarri chuta a porta e apela para a comédia pura, atingindo um resultado que remete aos primeiros trabalhos de Sam Raimi. Resta saber se você vai rir ou ficar novamente chocado com as cenas grotescas que presenciará.

Menéndez. Parte 1: El día del Señor é o filme de exorcismo mais caótico, surpreendente, violento e divertido dos últimos anos. E, até onde consigo me lembrar, também é o mais chocante. O final abre as portas para uma continuação, e eu já estou torcendo para fazerem logo.

Nota: 7/10

Título original: Menéndez. Parte 1: El día del Señor.

Gênero: Terror, suspense, drama.

Produção: 2020.

Lançamento: 2020.

País: México, Espanha.

Duração: 1 h 33 min.

Roteiro: Santiago Alvarado Ilarri, Ramón Salas.

Direção: Santiago Alvarado Ilarri.

Elenco: Juli Fàbregas, Ximena Romo, Hector Illanes, Dolores Heredia, Oscar Gordillo.