Amaia Aberasturi interpreta jovem acusada de bruxaria no drama histórico do diretor e co-roteirista Pablo Agüero
Arte do filme 'Silenciadas', de Pablo Agüero | ©Netflix |
Silenciadas é um drama histórico de caça às bruxas ambientado durante a Inquisição Espanhola. É uma espécie de releitura de Akelarre, filme espanhol dirigido em 1984 por Pedro Olea. A direção é de Pablo Agüero, cineasta argentino responsável por Salamandra e Eva Não Dorme. O longa é um filme original da Netflix, e já está disponível no catálogo do serviço de streaming.
A trama se passa em 1609, uma época em que homens assustadores que alegavam conhecer os pensamentos das mulheres mais do que elas próprias viajavam pelo país a mando rei à procura de bruxas para queimar na fogueira. E mulheres suspeitas não faltavam já que, para eles, sorrir de maneira maliciosa, sentar com as pernas ligeiramente abertas ou ser bonita demais, eram sinais inequívocos de bruxaria.
O juiz Rostegui e seu fiel conselheiro Salazar chegam a uma cidade litorânea no País Basco, onde os homens saíram para uma pescaria que deverá durar até a próxima luta cheia, deixando as mulheres por conta própria. Ele se apressa em mandar prender a jovem tecelã Ana, assim como suas amigas Katalin, Maria, Maider, Olaia e Oneka. O motivo? Bem, as garotas saíram juntas uma vez e dançaram na floresta. Então, obviamente, são bruxas.
Amaia Aberasturi e Alex Brendemühl em imagem do filme 'Silenciadas', de Pablo Agüero | ©Netflix |
Boa parte dessa história intensa sobre repressão, amizade e libertação acontece em uma cela apertada onde as mulheres aguardam pelo resultado de um julgamento que poderá condená-las à fogueira. A direção segura alterna entre momentos dramáticos, sensíveis, desconfortáveis e até engraçados. A direção de arte é bem cuidada e a trilha sonora é um show à parte. Os efeitos especiais são discretos, mas causam impacto. A fotografia cria um misto de realidade e fantasia que combina muito bem com a proposta do roteiro, escrito em parceria por Agüero e Katell Guillou, que mistura uma história fictícia com eventos históricos.
O elenco entrega performances acima da média, mas dois nomes merecem destaque. O primeiro é Alex Brendemühl (O Silêncio da Cidade Branca), que interpreta o juiz obcecado pela cerimônia onde o demônio inicia suas servas e se acasala com elas. O segundo é Amaia Aberasturi (Nora), que arrasa como a líder das mulheres acusadas, que usa suas artimanhas para enganar seus antagonistas.
Amaia Aberasturi em imagem do filme 'Silenciadas', de Pablo Agüero | ©Netflix |
A estratégia adotada por Ana para adiar seu julgamento é semelhante àquela usada pela personagem de Winona Ryder e sua amigas no ótimo (e polêmico) As Bruxas de Salém, dirigido em 1996 por Nicholas Hytner. Só que ao invés de usar a situação para manipular os inquisidores e acusar seus desafetos de bruxaria, Ana aposta em uma mentira muito mais arriscada.
As cenas do interrogatório, repletas de diálogos e situações tensas entre Ana e o Juiz Rostegui, estão entre os melhores momentos do filme. E a coisa fica melhor ainda quando Ana retorna de uma sessão de tortura, com um visual remodelado e confiança redobrada. Mesmo não sendo exatamente um filme de terror, Silenciadas tem elementos de sobra para agradar os fãs do gênero.
Nota: 8
Título original: Akelarre.
Gênero: Drama, história, suspense.
Produção: 2020.
Lançamento: 2021.
País: Espanha, Argentina.
Duração: 92 minutos.
Roteiro: Pablo Agüero, Katell Guillou.
Direção: Pablo Agüero.
Elenco: Amaia Aberasturi, Alex Brendemühl, Daniel Fanego, Garazi Urkola, Yune Nogueiras, Jone Laspiur, Irati Saez de Urabain, Lorea Ibarra, Asier Oruesagasti, Elena Uriz, Jeanne Insausti, Daniel Chamorro, Iñigo de la Iglesia, Ulises Di Roma, Amalia Robin.