Crítica | Teddy (2020)

Lobisomem ronda vilarejo francês nesse terror divertido, mas com um final nem tanto, dirigido pelos irmãos Ludovic e Zoran Boukherma


Arte do filme 'Teddy', de Ludovic Boukherma e Zoran Boukherma | ©Baxter FIlms


Um animal misterioso está matando ovelhas no vilarejo sem nome que serve como cenário para o novo longa-metragem dos irmãos Ludovic e Zoran Boukherma. A polícia acredita que os ataques são obra de um cão raivoso ou um lobo. Mas se você costuma assistir filmes de terror, não vai demorar para identificar sinais que indicam a presença de um lobisomem.

Ao entrar em uma floresta sombria para investigar um barulho suspeito, o protagonista Teddy Pruvost mostra que não assiste filmes de terror. E não dá para culpá-lo, já que sua vida é bem corrida. O rapaz trabalha na casa de massagens Ghislaine’s Nimble Fingers, onde se revela o pior funcionário temporário do mundo. Nas horas vagas, cuida da avó doente. E ainda precisa encontrar tempo para encontrar a namorada Rebecca, por quem é loucamente apaixonado.




Teddy é visto como um rapaz estranho pelos moradores do vilarejo, localizado em algum lugar da Cordilheira dos Pirineus. Seus esforços para se socializar são em vão e, talvez como defesa, ele frequentemente age como um idiota. Isso não ajuda e melhorar sua imagem. E ela piora um pouquinho após ele retornar da tal floresta com uma enorme mordida nas costas. Teddy logo percebe que sua mente e seu corpo estão mudando. Estranhamente, essas mudanças parecem se intensificar conforme a lua cheia se aproxima.

Ludovic Torrent em imagem do filme 'Teddy', de Ludovic Boukherma e Zoran Boukherma | ©Baxter FIlms


O conto dos irmãos Boukherma é lindamente filmado e conta com efeitos práticos convincentes. O roteiro lida com temas como desigualdade, família, amor, perda, respeito e desrespeito aos humanos e à natureza. Os diálogos são repletos de um humor tão negro que você provavelmente ficará em dúvida se deve ou não rir do que está presenciando. Mas esses elementos funcionam bem na maior parte do tempo, principalmente graças ao carisma do elenco.




Anthony Bajon (Em Nome da Terra) está divertidíssimo como o personagem-título, que precisa decidir se irá ou não se render aos impulsos de sua fera reprimida. A estreante Christine Gautier está bem como sua namorada Rebecca. O também estreante Ludovic Torrent rouba muitas cenas como o tio adotivo Pépin. E não podemos esquecer de Noémie Lvovsky (Os Dois Filhos de Joseph), que faz a patroa de meia-idade de Teddy e está presente em alguns dos melhores momentos do filme.

Anthony Bajon e Christine Gautier em imagem do filme 'Teddy', de Ludovic Boukherma e Zoran Boukherma | ©Baxter FIlms


Cenas discretas de horror corporal se acumulam enquanto Ted fica mais violento, e os irmãos Boukherma vão mexendo as peças para montar o cenário perfeito para um massacre final bem no estilo de Carrie, A Estranha. É justamente nesse ponto que eles decidem subverter expectativas. Só que fazem isso da pior maneira possível, não permitindo que o público veja o massacre e muito menos o lobisomem.

Ok, você até verá algumas partes do corpo do bicho e terá sua chance de dizer "nossa, seu lobo, que olhos grandes e patas grandes você tem". Mas dar de cara com um corte brusco justamente no momento que poderia ser o ponto alto do filme foi realmente frustrante.

Nota: 5.1/10

Título original: Teddy.
Gênero: Terror.
Produção: 2020.
Lançamento: 2021.
País: França.
Duração: 1h 28min.
Roteiro: Ludovic Boukherma, Zoran Boukherma.
Direção: Ludovic Boukherma, Zoran Boukherma.
Elenco: Anthony Bajon, Christine Gautier, Ludovic Torrent, Guillaume Mattera, Jean-Michel Ricart, Alain Boitel, Noémie Lvovsky.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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