Crítica | Men - Faces do Medo (Men, 2022)

Jessie Buckley interpreta mulher traumatizada que vive pesadelo em casa remota em 'Men - Faces do Medo', o novo filme do diretor e roteirista Alex Garland


A atriz Jessie Buckley como Harper no filme 'Men - Faces do Medo', de Alex Garland
A atriz Jessie Buckley como Harper no filme 'Men - Faces do Medo', de Alex Garland | ©Koch Films


Uma mulher vive um pesadelo durante sua estadia em uma casa remota neste filme de terror bagunçado e pretensioso dirigido por Alex Garland. Men - Faces do Medo é a nova aposta da A24, o estúdio por trás de delícias como A Bruxa, Hereditário e Um Monstro no Caminho. O híbrido de pós-terror e terror social é estrelado por Jessie Buckley, da minissérie Chernobyl, e Rory Kinnear, da série Penny Dreadful.

Men - Faces do Medo é o terceiro longa-metragem de Garland, roteirista, produtor e diretor inglês que agradou com seu filme de estreia, Ex_Machina: Instinto Artificial (2014), mas mostrou que também sabe estragar ótimas premissas em nome da complexidade com seu filme seguinte, a ficção científica de terror Aniquilação (2018). Além de dirigir, Garland é responsável pelo roteiro de Men - Faces do Medo.


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Após uma tragédia pessoal, uma jovem mulher chamada Harper (Buckley) se retira sozinha para uma casa no interior da Inglaterra, na esperança de encontrar um lugar para se curar. Sua tranquilidade é abalada pela presença de homens estranhos, que a importunam na casa, na floresta, no bar e até na igreja. O que começa como pavor se torna um pesadelo habitado por suas memórias e medos mais sombrios.

Imagem do filme 'Men - Faces do Medo', de Alex Garland
Imagem do filme 'Men - Faces do Medo', de Alex Garland | ©A24


Visualmente, Men - Faces do Medo impressiona. A cinematografia oferece imagens belíssimas que vão de campos verdes a interiores claustrofóbicos marcados por um laranja assustador. Tanto o design de som quanto a trilha sonora contribuem para dar ao filme um clima onírico. Buckley convence como a protagonista traumatizada. Kinnear está melhor ainda como o jardineiro Geoffrey, que a recebe na casa antiga com um arsenal de piadas de gosto duvidoso.


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Garland faz um bom trabalho intercalando cenas do presente com flashbacks que revelam detalhes sobre o trauma de Harper. Os efeitos especiais são um show à parte. Principalmente no ato final, quando somos presenteados com cenas chocantes que evocam o horror corporal cronenberguiano, as bizarrices de Brian Yuzna e Stuart Gordon, e até as transformações lupinas de A Companhia dos Lobos, de Neil Jordan.

Rory Kinnear e Jessie Buckley como Geoffrey e Harper no filme 'Men - Faces do Medo', de Alex Garland
Rory Kinnear e Jessie Buckley como Geoffrey e Harper no filme 'Men - Faces do Medo', de Alex Garland | ©Koch Films


Men - Faces do Medo funciona enquanto se apresenta como um pesadelo sobre como Harper enxerga o mundo, moldado por suas experiências e memórias. Mas logo o diretor começa a tomar decisões duvidosas, que apontam que ele está menos interessado nessa abordagem, ou em entregar uma boa história de terror, e mais em provocar, subverter, confundir e perturbar, sem se preocupar se a história fará ou não sentido.

O filme acaba se tornando um amontado de cenas aleatórias, ligadas por metáforas e simbolismos. Algumas são (ou parecem ser) óbvias, como a ideia do paraíso destruído no momento em que a protagonista come uma maçã, ou a mensagem de que todos os homens são iguais (você vai entender do que estou falando quando assistir). Outras exigem interpretação e até pesquisas no Google, como aquelas imagens que parecem buscar inspiração no folclore, e aquela "criatura" que persegue Harper o filme inteiro.

Jessie Buckley como Harper no filme 'Men - Faces do Medo', de Alex Garland
Jessie Buckley como Harper no filme 'Men - Faces do Medo', de Alex Garland | ©Koch Films


No final, eu não tinha mais certeza se a intenção do diretor foi entregar um filme sobre traumas femininos, se estava demonizando os homens apenas para ganhar suas credenciais feministas, ou se estava apenas provocando, sugerindo que tudo o que um cineasta masculino precisa fazer para isso é mostrar-nos homens fazendo coisas ruins. Ignorei a pretensa complexidade do roteiro, e parei de pensar no filme cinco minutos após assisti-lo.

Se você tiver tempo e paciência para tentar montar as peças do quebra-cabeça, pode chegar à sua própria conclusão sobre tudo que viu e, com uma visão mais ampla, talvez sua experiência seja positiva. Para mim, o filme de Garland serviu apenas como mais uma prova de que tanto o pós-terror quanto o terror social são subgêneros muito chatos, e que quando elementos dos dois estão presentes no mesmo filme, a chatice atinge níveis inacreditáveis.

Nota: 3/10

Título Original: Men.
Gênero: Drama, terror.
Produção: 2022.
Lançamento: 2022.
País: Reino Unido.
Duração: 1 h 40 min.
Roteiro: Alex Garland.
Direção: Alex Garland.
Elenco: Jessie Buckley, Rory Kinnear, Paapa Essiedu, Gayle Rankin, Sarah Twomey, Zak Rothera-Oxley, Sonoya Mizuno.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

4 Comentários

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  1. Tinha que ser um homem pra não entender o filme e dar uma nota baixa

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  2. Kkkkkkk nem isso mesmo

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  3. Chata foi sua crítica preguiçosa

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  4. Sua análise foi cirúrgica. É muita babaquice para um filme só. Pretensioso. Tudo o que consegue mostrar é uma tentativa de esculachar os homens através da ótica de uma mulher que claramente tem problemas com seu próprio sexo.

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