Teresa Palmer interpreta mãe lidando com eventos possivelmente sobrenaturais em 'Gêmeo Maligno', do diretor Taneli Mustonen
Tristan Ruggeri e Teresa Palmer em arte do filme 'Gêmeo Maligno', de Taneli Mustonen | © 2022 Shudder |
Teresa Palmer é uma velha conhecida dos fãs de filmes de terror e suspense. Começou sua carreira em 2007, fazendo uma ponta em Viagem ao Inferno. No ano seguinte, interpretou a sedutora Dale em Aprisionados. Palmer enfrentou uma entidade sobrenatural em Quando as Luzes se Apagam (2016), e um namorado possessivo em A Síndrome de Berlin (2016). Ela até fez o coração de um morto-vivo bater (?) mais forte em Meu Namorado é um Zumbi, uma comédia de terror lançada em 2013.
Agora a atriz australiana retorna em Gêmeo Maligno, no papel de uma mãe que precisa lidar com eventos estranhos, que podem ou não ter origem sobrenatural. Lançado nos Estados Unidos pelo serviço de streaming Shudder, e no Brasil pela Paris Filmes, Gêmeo Maligno é o novo trabalho de Taneli Mustonen, responável pelo slasher Lago Bodom. Palmer atua ao lado de Steven Cree, com quem já trabalhou na série A Descoberta das Bruxas, e do ator mirim Tristan Ruggeri, que fez o garoto Geralt na série The Witcher.
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Conhecemos Rachel (Palmer) em um momento de dor inimaginável, depois que um acidente de carro mata um de seus filhos gêmeos, Nathan (Ruggeri). Em busca de um recomeço, a família de Rachel se muda para uma casa assustadora em uma região rural da Finlândia, terra da família de seu marido, Anthony (Cree). O choque cultural abala nossa heroína mais do que ela esperava. Mas não tanto quanto a revelação de que seu filho sobrevivente, Elliot (Ruggeri, de novo), pode estar entrando em contato com o espírito de Nathan.
O ator Steven Cree como Anthony no filme 'Gêmeo Maligno', de Taneli Mustonen | © 2022 Shudder |
Você deve estar imaginando que Gêmeo Maligno é um filme de casa assombrada, e o primeiro ato realmente aponta para este caminho. Mas o roteiro de Aleksi Hyvärinen e Taneli Mustonen não demora para tomar outro rumo. Pode-se dizer que os realizadores tentam entregar um terror sobrenatural sobre fantasmas e possessões, um thriller psicológico e um filme sobre seitas malignas, com direito a pessoas vestidas de preto aparecendo do nada e fazendo cara feia. Mas na maior parte do tempo, o que temos é um drama sonolento, que nem a presença de Palmer consegue tornar minimamente interessante.
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Gêmeo Maligno tem muitos diálogos enfadonhos, mas não apresenta desenvolvimento real de personagens. Muito raramente, Mustonen tenta quebrar a monotonia, jogando Rachel em algumas situações de perigo. Nenhuma delas funciona. Primeiro por o suspense ser praticamente inexistente, o que consequentemente compromete a tensão. Segundo porque as cenas de terror são cortadas antes de entendermos o que aconteceu. E terceiro porque, na cena seguinte, Rachel ignora os apuros que passou e age normalmente, deixando aquela desagradável sensação de que o filme está andando em círculos.
Com um pouco de esforço, você pode dizer que a intenção dos roteiristas era essa mesma, já que círculos têm um papel importante na história. Pelo menos é isso o que diz a personagem Helen, interpretada pela veterana Barbara Marten (Os Órfãos). A personagem chega com a promessa de entregar respostas para o principal mistério do filme. Como as cenas de terror, a promessa de Helen também fica pela metade.
Teresa Palmer e Barbara Marten como Rachel e Helen no filme 'Gêmeo Maligno', de Taneli Mustonen | © 2022 Shudder |
Palmer se esforça, mas não tem muita coisa para fazer além de reagir (ou não reagir) aos eventos desinteressantes. Tristan Ruggeri entrega um personagem misterioso, mas que nunca tem chance de ser realmente assustador. O mais próximo que chega disso é na cena em que arrasta a mãe para uma sessão espírita — uma versão açucarada de uma das cenas assustadoras de Hereditário. Quanto a Steven Cree... bem, ele passa o filme inteiro como um não-personagem, e só ganha destaque no final, quando faz uma revelação que pode ou não mudar sua experiência com a obra.
Se você assiste a muitos filmes de terror, é provável que descubra a reviravolta antes da metade do filme. Mesmo se não descobrir, dificilmente se surpreenderá, pois plot twists idênticos já foram apresentados em tantos filmes que o recurso já se tornou um clichê ruim. Acredito que o público casual pode gostar da surpresa. Infelizmente, não foi o meu caso.
Nota: 3/10
Título Original: The Twin.
Gênero: Drama, terror.
Produção: 2022.
Lançamento: 2022.
País: Finlândia.
Duração: 1 h 37 m;
Roteiro: Aleksi Hyvärinen, Taneli Mustonen.
Direção: Taneli Mustonen.
Elenco: Teresa Palmer, Steven Cree, Barbara Marten, Tristan Ruggeri, Andres Laiapea.