Crítica | The Seed (2021)

Influencers digitais são influenciadas por inimigo misterioso em 'The Seed', o surpreendente filme de estreia do diretor Sam Walker


Arte do filme 'The Seed', de Sam Walker
Arte do filme 'The Seed', de Sam Walker | ©Camelot Films


Um fim-de-semana só para garotas vira um pesadelo de proporções cósmicas em The Seed, o divertido e inquietante longa-metragem de estreia do diretor Sam Walker. Espécie de híbrido de Meu Amante é de Outro Mundo e A Sociedade dos Amigos do Diabo, The Seed teve sua premiere em 2021, no Beyond Fest, EUA. Em seguida, foi adquirido pelo Shudder, serviço de streaming voltado para o cinema de terror.

O filme foi rodado em Malta com um elenco do Reino Unido, que inclui Lucy Martin (a Ingrid da série Vikings), Sophie Vavasseur (Resident Evil 2: Apocalipse) e Chelsea Edge (A Jornada Mágica de Emily). Ele oferece ao espectador horror viscoso, gore e humor-negro dignos de uma produção B dos anos 80. Um feito e tanto para um filme de baixo orçamento realizado por um diretor estreante.


PUBLICIDADE


Três amigas de longa data viajam para o deserto de Mojave para se hospedar em uma casa modernosa cedida pelo pai de uma delas. Os únicos vizinhos próximos são um cowboy recluso e uma mulher, teórica da conspiração, que parece nunca estar em casa. As moças, então, poderão festejar sem a presença de visitas indesejadas. Exceto, talvez, a daquele jardineiro adolescente bizarro que pede beijos em troca de favores.

Lucy Martin e Chelsea Edge como Deidre e Charlotte no filme 'The Seed', de Sam Walker
Lucy Martin e Chelsea Edge como Deidre e Charlotte no filme 'The Seed', de Sam Walker


Além de ser relativamente isolada, a casa no deserto oferece uma visão privilegiada da aguardada chuva de meteoros que, segundo dizem, acontece uma vez a cada geração. A última coisa que as heroínas esperavam é que algo estranho caísse do céu, direto na piscina bem iluminada da casa. Isso acontece, e além de parecer um amontoado de fezes, a coisa cheira como tal.

Mais tarde, as três amigas chegam à conclusão de que aquilo é um animal ferido, provavelmente um tatu. Nós sabemos que elas estão erradas porquê... bem, porque tatus não costumam cair do céu. E é prudente desconfiar de qualquer animal cujo visual evoca Eraserhead. A dúvida, então, passa a ser se a criatura é perigosa. E se for, como nossas heroínas sobreviverão a ela.

Sophie Vavasseur, Lucy Martin e Chelsea Edge como Heather, Deidre e Charlotte no filme 'The Seed', de Sam Walker
Sophie Vavasseur, Lucy Martin e Chelsea Edge como Heather, Deidre e Charlotte no filme 'The Seed', de Sam Walker


The Seed começa fazendo piadas com as extravagâncias da era digital, e o diretor reforça o tom ao direcionar os holofotes para o lado de Deidre, a influencer vaidosa e deliciosamente superficial interpretada por Martin. Meteoros cruzam o céu, proporcionando um espetáculo magnífico. Deidre ignora, pois está mais preocupada com a falta de recepção de seu celular. Quando percebe que terá que passar um dia inteiro sem postar, ela tem uma crise de pânico e acredita que sua carreira virtual está arruinada, pois "24 horas é como uma vida inteira na internet".


PUBLICIDADE


Além de funcionar como uma caricatura das celebridades do mundo virtual, a personagem de língua afiada e look sempre pronto para a selfie perfeita é responsável por alguns dos diálogos mais hilários do filme. Desde, é claro, que você não se ofenda com humor grosseiro. Como ando entediado com as protagonistas engessadas dos filmes de terror recentes, não apenas amei Deidre como também defendo que ela é a melhor personagem de The Seed.

Chelsea Edge, Lucy Martin e Sophie Vavasseur como Charlotte, Deidre e Heather no filme 'The Seed', de Sam Walker
Chelsea Edge, Lucy Martin e Sophie Vavasseur como Charlotte, Deidre e Heather no filme 'The Seed', de Sam Walker


Vavasseur interpreta a segunda amiga, a também influenciadora digital Heather. Ela não é tão caricata ou marcante quanto Deidre, mas sua obsessão pela perfeição rende alguns diálogos divertidos. Finalmente, temos a veterinária Charlotte, interpretada por Edge, que é avessa à tecnologia e não tem perfil nas redes sociais. Isso talvez explique sua resistência ao poder quase hipnótico de um certo "influencer" em início de carreira.

Charlotte serve como contraponto ao comportamento extravagante de Deidre, e como elemento potencializador do estresse de Heather. A química das três é ótima, e eu realmente me diverti com seus diálogos vazios. Provavelmente porque me trouxeram lembranças das maravilhosas Jenn, Zoe e Mary, as amigas interpretadas por Lexi Atkins, Cortney Palm e Rachel Melvin no hilário Zombeavers - Terror no Lago, um de meus guilty pleasures favoritos.

Sophie Vavasseur, Lucy Martin e Chelsea Edge como Heather, Deidre e Charlotte no filme 'The Seed', de Sam Walker
Sophie Vavasseur, Lucy Martin e Chelsea Edge como Heather, Deidre e Charlotte no filme 'The Seed', de Sam Walker


Como o diretor dedica metade dos 91 minutos de seu filme para explorar a dinâmica entre as amigas, você precisará de um pouco de paciência para chegar até o ponto em que as coisas começam a ficar bizarras. Mas o elenco esforçado, o bom trabalho de iluminação e a cinematografia de alto estilo ajudam a tornar a jornada agradável. E, acredite, quando as coisas ficam bizarras, elas ficam bizarras de verdade.

Em seu terço final, The Seed torna-se um filme inesperadamente sombrio, que evoca de Invasores de Corpos ao horror cósmico e tentacular de Lovecraft. Os efeitos práticos são insanos e garantem muitas surpresas indigestas. Principalmente quando as cenas de body horror ganham destaque, e as princesas de porcelana percebem que podem passar de influenciadoras a seguidoras involuntárias num piscar de olhos.

Nota: 7.5/10

Título Original: The Seed.
Gênero: Terror, ficção científica, comédia.
Produção: 2021.
Lançamento: 2022.
País: Reino Unido.
Duração: 1 h 31 min.
Roteiro: Sam Walker.
Direção: Sam Walker.
Elenco: Lucy Martin, Chelsea Edge, Sophie Vavasseur, Jamie Wittebrood, Anthony Edridge, Shirley Pisani.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

Postar um comentário

Antes de serem publicados, os comentários serão revisados.

Postagem Anterior Próxima Postagem