Pooh e Leitão aterrorizam universitárias no slasher 'Ursinho Pooh: Sangue e Mel', do diretor Rhys Frake-Waterfield
Chris Cordell, Craig David Dowsett e Natasha Tosini como Leitão, Pooh e Lara no filme 'Ursinho Pooh: Sangue e Mel', de Rhys Frake-Waterfield. Foto: Jagged Edge Productions |
Os direitos autorais americanos do Ursinho Pooh expiraram em 2022, e era só questão de tempo até que alguém decidisse usar os personagens do livro de histórias de Alan Alexander Milne em uma obra que não fosse um desenho animado fofinho.
O roteirista, diretor e produtor britânico Rhys Frake-Waterfield saiu na frente. E para o desespero daqueles que odeiam ter suas infâncias destruídas, Ursinho Pooh: Sangue e Mel é um slasher que apresenta o amado urso tocando o terror em um grupo de jovens universitárias que está passando o fim de semana em uma casa no Bosque dos Cem Acres.
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Um prólogo com direito a ilustrações e narrações explica como o garoto Christopher Robin abandonou Pooh e seus amigos animais falantes durante o inverno, forçando-os a se virar sozinhos enquanto morriam de fome. Agora um rapaz formado, Christopher (Nikolai Leon, de Alien Invasion) está retornando ao Bosque dos Cem Acres para apresentar Pooh e os outros à sua noiva incrédula, Mary (Paula Coiz, de Leprechaun's Rage).
Imagem do filme 'Ursinho Pooh: Sangue e Mel', de Rhys Frake-Waterfield. Foto: Jagged Edge Productions |
Ao invés de uma recepção calorosa, porém, o rapaz descobre que seus amigos de infância não lidaram muito bem com sua ausência. Na verdade, lidaram muito mal. Pooh e Leitão, por exemplo, não apenas devoraram o burrinho Bizonho, como também se tornaram enormes mutantes assassinos que odeiam humanos e matam qualquer um que se aventure em seu mundo. E eu já falei que tem algumas moças passeando por lá, não é?
O grupo é liderado por Maria (Maria Taylor, de Mega Lightning), uma jovem com passado traumático devido às ações de um stalker. Maria passou por terapia, e agora quer curtir um pouco da tranquilidade do campo. Afinal, o que pode acontecer de errado em uma casa remota em uma área conhecida por desaparecimentos inexplicáveis, encontros de corpos mutilados e relatos de aparições de criaturas parecidas com o Pé Grande?
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Com ela estão... bem, as amigas de Maria são muito parecidas com seus cabelos castanhos, e eu já me esqueci delas. Menos de Lara (Natasha Tosini, da série Quarantine Leap), porque seu cabelo é mais claro e porque ela passa o tempo tirando selfies na banheira de hidromassagem. Ah, e também porque ignora a presença de figuras suspeitas nas redondezas, o que faz dela um personagem adequada para um filme slasher de baixíssimo orçamento.
Craig David Dowsett e May Kelly como Pooh e Tina no filme 'Ursinho Pooh: Sangue e Mel', de Rhys Frake-Waterfield. Foto: Jagged Edge Productions |
Falando em Tosini, quando suas fotos viralizaram na internet no ano passado, outra atriz do filme, May Kelly (Graphic Desires), decidiu superá-la, sugerindo ao diretor que sua personagem, uma moça ruiva chamada Tina, estrelasse uma cena de nudez gratuita, porque seria "engraçado e surpreendente". O que isso acrescenta ao filme? Bem, nada.
A verdade é que Ursinho Pooh: Sangue e Mel é monótono. Não porque o diretor gaste tempo desnecessário tentando desenvolver personagens ou se aprofundando em reflexões sonolentas sobre a dor de amigos de infância abandonados, mas porque ele não sabe lidar com cenas de terror. A maioria se estende demais, e acaba perdendo o impacto. O mesmo pode ser dito das perseguições, que parecem meio improvisadas e nunca chegam a empolgar.
O fato dos diálogos serem horríveis não ajuda na experiência. O fato dos vilões, que deveriam ser híbridos de humanos e animais, parecerem atores usando máscaras de borracha compradas na lojinha da esquina, também não. Isso me fez pensar que talvez o filme funcionasse melhor se fosse apenas sobre homens mais usando máscaras de Pooh e Leitão perseguindo pessoas na floresta.
A atriz Natasha Tosini como Lara no filme 'Ursinho Pooh: Sangue e Mel', de Rhys Frake-Waterfield. Foto: Jagged Edge Productions |
Ursinho Pooh: Sangue e Mel repete alguns dos poucos acertos do filme anterior do diretor, Demonic Christmas Tree, sobre um homem que retorna à vida na forma de uma árvore-de-natal decidida a se vingar daqueles que causaram sua execução. Infelizmente, também repete a avalanche de erros que marcaram o outro filme, fazendo dele uma curiosidade sombria com atrativos bem limitados.
Isso não impediu que o filme, que custou US$ 100 mil, tivesse um faturamento bruto mundial de mais de US$ 4 milhões. O diretor, claro, ficou muito empolgado com o resultado, e já anunciou novos projetos. Ao que tudo indica, Rhys Frake-Waterfield planeja iniciar um universo compartilhado do qual também fazem parte versões sombrias de Bambi e Peter Pan, obras que cairão em domínio público em breve.
James Wan e o universo compartilhado de Invocação do Mal que se cuidem, porque a concorrência será pesada.
Nota: 3.8/10
Título Original: Winnie-the-Pooh: Blood and Honey.
Gênero: Terror.
Produção: 2023.
Lançamento: 2023.
País: Reino Unido.
Duração: 1 h 24 min.
Roteiro: Rhys Frake-Waterfield.
Direção: Rhys Frake-Waterfield.
Elenco: Nikolai Leon, Maria Taylor, Craig David Dowsett, Chris Cordell, Natasha Rose Mills, Amber Doig-Thorne, Danielle Ronald, Natasha Tosini, Paula Coiz, May Kelly, Danielle Scott, Gillian Broderick, Marcus Massey, Richard D. Myers, Simon Ellis, Jase Rivers, Frederick Dallaway, Mark Haldor, Toby Wynn-Davies, Nicola Wright, Richard Harfst, Bao Tieu.