Crítica | O Demônio dos Mares (The Black Demon, 2023)

Tubarão gigante ataca plataforma de petróleo em 'O Demônio dos Mares', do diretor Adrian Grunberg


Arte do filme 'O Demônio dos Mares', de Adrian Grunberg. Foto: © The Avenue
Arte do filme 'O Demônio dos Mares', de Adrian Grunberg. Foto: © The Avenue


O Demônio dos Mares é um filme de terror com preocupações ecológicas sobre uma família ameaçada por um tubarão gigante sobrenatural. Pelo menos na teoria, porque, na prática, o que temos são pessoas discutindo enquanto o tubarão tímido fica escondido no oceano. Trata-se do novo trabalho do diretor Adrian Grunberg, mesmo realizador de Rambo: Até o Fim. O filme é estrelado por Josh Lucas (da série Yellowstone) e Fernanda Urrejola (da série Narcos: México) e conta com o roteiro de Carlos Cisco e Boise Esquerra, que já escreveram curtas-metragens e episódios de séries de TV, e agora estreiam como roteiristas de longa-metragem.

Lucas interpreta Paul Sturges, pai de família dedicado e oficial de segurança da Nixon Oil, que é enviado à costa de Baja para inspecionar uma das plataformas da empresa de petróleo. Sua esposa Ines (Urrejola) o acompanha e aproveita para se reconectar com suas raízes mexicanas. Na viagem também estão a filha adolescente Audrey (Venus Ariel, da série NCIS: Nova Orleans) e o filho pequeno, Tommy (Carlos Solorzan, da série O Residente).

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A recepção em terra firme não é das melhores, pois a cidade está repleta de homens mal-humorados que culpam a companhia pela região ter ficado quase deserta. A recepção em alto mar é ainda pior, pois a plataforma foi atacada por um tubarão gigante que os funcionários sobreviventes acreditam ter sido enviado por uma divindade asteca para punir os homens que desrespeitam a natureza. Bem, na verdade, parece que o monstro quer devorar todo mundo, mas está particularmente interessado em atormentar Paul e sua família.

Imagem do filme 'O Demônio dos Mares', de Adrian Grunberg. Foto: © The Avenue
Imagem do filme 'O Demônio dos Mares', de Adrian Grunberg. Foto: © The Avenue


Boa parte de O Demônio dos Mares trata de um dos funcionários da plataforma, Chato (Julio Cesar Cedillo, de Sicario: Terra de Ninguém), fazendo discursos ambientais e tentando convencer Paul de que a monstruosidade do mar tem origens divinas. Ocasionalmente a discussão pega fogo e os personagens partem para xingamentos e até troca de tapas. A outra parte do filme é sobre Ines brigando com Paul porque ele se recusa a acreditar nas crenças de seu povo, e sobre os filhos interrompendo a discussão para perguntar “o que está acontecendo?”.

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O drama humano artificial e as atuações duvidosas fazem com que o filme perca o senso de urgência e torne-se frequentemente enfadonho. Além disso, desvia o foco do grande astro que é — ou pelo menos deveria ser — o tubarão gigante devorador de pessoas. Para efeito de comparação, a experiência é quase tão divertida quanto seria assistir a um filme de John Wick com diálogos ruins substituindo as cenas de ação. Para piorar, nos raríssimos momentos em que o monstro ataca, o diretor falha espetacularmente em criar suspense, além de não aproveitar as possibilidades da classificação indicativa R.

Josh Lucas, Fernanda Urrejola e Julio Cesar Cedillo como Paul, Ines e Chato no filme 'O Demônio dos Mares', de Adrian Grunberg. Foto: © The Avenue
Josh Lucas, Fernanda Urrejola e Julio Cesar Cedillo como Paul, Ines e Chato no filme 'O Demônio dos Mares', de Adrian Grunberg. Foto: © The Avenue


O Demônio dos Mares tem alguns efeitos digitais convincentes. Ou talvez não, e eu apenas esteja pouco exigente após maratonar os filmes de tubarões com CGI tosco do SYFY. A plataforma de petróleo enferrujada e retorcida oferece um bom cenário para situações tensas, que infelizmente, nunca se concretizam. Os efeitos sonoros deixam bastante a desejar, assim como a fotografia, principalmente nas cenas externas sob a luz do sol escaldante, e nas submarinas, onde é praticamente impossível entender o que estamos vendo. O último ato apresenta uma revelação que provavelmente não surpreenderá ninguém. O mesmo pode ser dito da batalha final, muito pouco envolvente.

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Talvez o terror ecológico de Adrian Grunberg funcionasse melhor se não fosse sobre pessoas chatas brigando e tagarelando sem parar sobre ganância corporativa e corrupção da natureza, mas simplesmente sobre um tubarão devorando adolescentes festeiros em uma praia qualquer. Ou talvez sobre Ines tentando fugir daqueles caras malvados do bar, enquanto o marido discute com os funcionários da plataforma sobre os temas filosóficos, políticos e sociais. De preferência, bem longe das câmeras.

Nota: 3.5/10

Título Original: The Black Demon.
Gênero: Terror, ficção científica, suspense.
Produção: 2023.
Lançamento: 2023.
País: México, Estados Unidos da América, República Dominicana.
Duração: 1 h 40 min.
Roteiro: Carlos Cisco, Boise Esquerra.
Direção: Adrian Grunberg.
Elenco: Josh Lucas, Fernanda Urrejola, Venus Ariel, Julio Cesar Cedillo, Omar Chaparro, Bolivar Sanchez, Carlos Solórzano, Raúl Méndez, Arturo Duvergé, Luis del Valle, Omar Patin, Héctor Jiménez, Edgar Flores, Emilio Vásquez, Jorge A. Jimenez.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

3 Comentários

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  1. Muito bom o filme, bem diferente do que costumamos ver de tubarão sempre aquela baboseira dele come do tudo e todos. Um filme de tubarão, aonde ele não é o principal. Muito bom ver coisa diferente do básico. Meu amigo abra sua cabeça e saia da mestiça.

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    1. Cara, foi esse mesmo filme D que você diz ser bom? Kkkkk

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  2. Filme que deixou demais a desejar. Atuações fracas, personagens rasos e o coitado do tubarão atuou mais como figurante do que protagonista... Decepcionante.

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