A franquia de terror volta às mãos do diretor original e aposta em um parque de diversões mortal – com acertos e tropeços
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Arte do filme de terror 'Premonição 3', de James Wong. Foto: New Line Cinema - © Final Destination 3 |
Após a recepção positiva de Premonição 2, a franquia de terror sobre sobreviventes de desastres que passam a ser perseguidos pela Morte retornou em 2006. O filme trouxe de volta o diretor James Wong, além do co-roteirista Glen Morgan. A proposta era clara: resgatar o clima sombrio do original, sem abrir mão do espetáculo alegremente impiedoso estabelecido por David R. Ellis no longa anterior.
O resultado é um capítulo que entrega o que o público espera — mortes engenhosas, tensão crescente e paranoia adolescente — mas que também revela sinais de desgaste na fórmula. Felizmente, o filme compensa isso com algumas novidades muito bem recebidas pelos fãs. Tanto que Premonição 3 superou a bilheteria dos dois primeiros filmes, tornando-se o terceiro longa mais lucrativo da franquia até o momento.
A visionária da vez é Wendy Christensen, estudante do último ano do ensino médio, que tem uma premonição terrível durante um passeio escolar em um parque de diversões. E não dá nem para culpá-la, já que o parque é mais assustador do que geralmente os parques já são, e a figura de um demônio gigante dando as boas-vindas ao público que embarca na montanha-russa já seria suficiente para fazer os mais impressionáveis darem meia-volta e procurarem diversão em outro lugar.
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Amanda Crew, Ryan Merriman e Mary Elizabeth Winstead como Julie, Kevin e Wendy no filme 'Premonição 3'. Foto: New Line Cinema - © Final Destination 3 |
Desesperada, Wendy convence um grupo a descer do brinquedo (na verdade, a maioria é expulsa) segundos antes da tragédia acontecer de verdade. Mas escapar da Morte, como já sabemos, é só o começo. Quando acidentes improváveis começam a eliminar os sobreviventes um por um, na mesma ordem em que teriam morrido na montanha-russa, Wendy e o colega Kevin percebem que a Morte está corrigindo sua “lista” — e ela é a única que talvez possa interromper o processo.
Visualmente, Premonição 3 é o mais estilizado da franquia até então. A estética de parque de diversões é explorada de forma sinistra, com luzes piscando, cenários kitsch e simbolismo em praticamente cada quadro. A sequência da montanha-russa é um dos grandes momentos do filme e cumpre bem o papel de fisgar o espectador. As mortes seguintes mantêm o impacto, mesmo quando o fator surpresa começa a se desgastar.
James Wong sabe construir tensão e usa bem os ambientes. Espaços apertados e armadilhas mecânicas compõem o terreno perfeito para as mortes criativas que o público veio ver. E se engana quem acha que os realizadores se contentam em causar trauma só com montanhas-russas. Sem entregar spoilers, dá para dizer com tranquilidade que, depois deste filme, você dificilmente vai olhar para uma câmara de bronzeamento artificial do mesmo jeito.
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Ashlyn (Yan-Kay Crystal Lowe) se prepara para a sessão de bronzeamento artificial mais medonha do cinema no filme 'Premonição 3'. Foto: New Line Cinema - © Final Destination 3 |
Mary Elizabeth Winstead (Rua Cloverfield, 10) é, sem dúvida, um dos destaques do longa. Ela consegue dar alguma profundidade à Wendy, que é mais vulnerável e emocional do que os protagonistas anteriores. Ryan Merriman (Os Escolhidos), como o alívio cômico moderado, funciona bem como contraponto. E o personagem ainda merece crédito por evoluir ao longo da trama: começa como um idiota, mas aos poucos vai ganhando camadas e se torna alguém interessante de acompanhar.
O restante do elenco segue o padrão da série: personagens rasos, quase sempre definidos por um traço de personalidade e um destino inevitável. Entre eles estão Lewis (Texas Battle, de No Lugar Errado), cujo traço é ser o fortão que vive na academia; Frankie (Sam Easton, de Efeito Borboleta), que acredita que montanhas-russas são o melhor lugar para fotografar peitos; e a dupla de amigas bronzeadas e hilariantemente fúteis Ashley e Ashlyn, interpretadas por Chelan Simmons (Tucker e Dale Contra o Mal) e Yan-Kay Crystal Lowe (Natal Negro).
Falando em Ashley e Ashlyn, Premonição 3 inclui algumas cenas de nudez feminina. Esse elemento foi introduzido discretamente no filme anterior, numa cena em que uma motociclista resolve fazer topless porque sim. Wong e Morgan aparentemente aprovaram a ideia e resolveram expandi-la aqui. E, desta vez, ninguém pode dizer que é nudez gratuita — o roteiro se esforça para dar uma “justificativa”.
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A visionária Wendy (Mary Elizabeth Winstead) tenta enganar a Morte pela segunda vez no filme de terror 'Premonição 3'. Foto: New Line Cinema - © Final Destination 3 |
Ainda no terreno das novidades, a ideia de usar fotografias como “mensagens” da Morte é criativa e adiciona uma camada de mistério à trama. Cria-se um clima de investigação que lembra o primeiro filme, o que ajuda a manter o interesse. Por outro lado, a repetição da estrutura começa a pesar: premonição, sobrevivência, perseguição pela Morte, mortes em sequência. O terceiro filme não contribui muito para o universo da franquia, e as regras parecem cada vez mais flexíveis conforme o roteiro exige.
A ausência de conexões diretas com os filmes anteriores também enfraquece a sensação de continuidade. Premonição 2 havia expandido a mitologia da Morte com ideias interessantes. Premonição 3, por sua vez, parece ignorar tudo isso. Ao contrário de muitos fãs, não considero este o melhor capítulo da série. Mas ainda é um filme de terror acima da média — e só pelas mortes insanas já vale a espiada.
Nota: 7.5/10
Título Original: Final Destination 3.
Título Nacional: Premonição 3.
Gênero: Terror.
Produção: 2006.
Lançamento: 2006.
País: Estados Unidos da América, Canadá.
Duração: 1 h 33 min.
Roteiro: Glen Morgan, James Wong.
Direção: James Wong.
Elenco: Mary Elizabeth Winstead, Ryan Merriman, Mary Elizabeth Winstead, Ryan Merriman, Kris Lemche, Alexz Johnson, Sam Easton, Jesse Moss, Gina Holden, Texas Battle, Chelan Simmons, Yan-Kay Crystal Lowe, Amanda Crew, Maggie Ma, Ecstasia Sanders, Jody Racicot, Patrick Gallagher, Dylan Basu, Alberto Ghisi.