Crítica | Prevenge (2016)

Alice Lowe dirige e estrela 'Prevenge', comédia de humor negro sobre mulher grávida que inicia uma onda de assassinatos na cidade


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Arte do filme 'Prevenge', da diretora e roteirista Alice Lowe | ©Western Edge Pictures


Uma mulher grávida inicia uma onda de assassinatos nesta comédia de terror britânica, bizarra e ultrajante, dirigida pela estreante Alice Lowe. A cineasta, mais conhecida por seu trabalho como atriz em filmes como Black Mountain Poets e Palavras de Família, também assina o roteiro de Prevenge, e ainda interpreta a protagonista, Ruth.

Um fato curioso é que Lowe estava realmente grávida durante as filmagens, realizadas no período de 11 dias, dentro e ao redor de Cardiff, no País de Gales. O roteiro foi escrito em três dias e meio, e mais tarde Lowe revelou que concebeu a premissa porque estava muito grávida, e ninguém a contrataria para outros papéis.


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Traumatizada com a morte recente do marido, Ruth está no sétimo mês de gravidez, e acredita que seu bebê fala com ela. Porém, ao invés de dizer coisas fofas, ele quer que Ruth mate pessoas. E ela mata. No início os ataques de Ruth parecem seguir um padrão. Mas logo todos ao seu redor passam a ser vítimas em potencial.

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Alice Lowe em imagem do filme 'Prevenge' | ©Western Edge Pictures


Prevenge oscila entre a comédia grosseira e a melancolia e, é claro, também abraça elementos de filmes slashers. A diretora, porém, mantém a maioria das cenas de violência fora do alcance da visão do público. Ela opta por mostrar apenas as consequências dos ataques de Ruth, algo semelhante ao que o diretor e roteirista Robert Hiltzik fez em seu camp slasher Acampamento Sinistro.


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De qualquer forma, ver Ruth cometendo atrocidades e fazendo piadas toscas no processo, já é suficientemente perturbador. Fica pior ainda depois que ela cobre o rosto com uma pintura medonha, que a deixa muito parecida com um vilão de filme slasher. Prevenge ainda oferece camadas que abrem espaço para muitas interpretações, e quem tiver paciência para mergulhar nelas terá material extra para refletir e discutir.

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Imagem do filme 'Prevenge', de Alice Lowe | ©Western Edge Pictures


Lowe está bem como a protagonista mentalmente instável, e a naturalidade com que ela reage a situações absurdas funciona como um charme a mais para o filme. Também gostei das participações de Dan Renton Skinner (No Topo do Poder) como Zabek, o proprietário de uma loja de animais de estimação; e de Kate Dickie (A Bruxa) como a mulher de negócios Ella.

Mas embora Prevenge funcione muito bem em seu primeiro ato e parte do segundo, ele perde bastante sua força na metade final, quando as motivações de Ruth começam a ficar claras. Mesmo apresentando reviravoltas, a falta da fluidez incomoda, e o final, embora condizente com a história, é anti-climático. Acredito que Prevenge vai agradar quem busca por obras com conceitos diferentes. Mas se você espera por um slasher padrão, há uma boa chance de que se decepcione.

Nota: 5/10

Título original: Prevenge.
Gênero: Drama, comédia, terror.
Produção: 2016.
Lançamento: 2017.
País: Reino Unido.
Duração: 1h 28m.
Roteiro: Alice Lowe.
Direção: Alice Lowe.
Elenco: Alice Lowe, Dan Renton Skinner, Jo Hartley, Tom Davis, Leila Hoffman, Kate Dickie, Kayvan Novak, Mike Wozniak, Tom Meeten, Marc Bessant, Gemma Whelan, Della Moon Synnott, Grace Calder, Eileen Davies, Elen Rattenbury, Jacqueline Wright, Sara Dee, David Puckridge, Sally Scott.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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