Crítica | A Seita Maligna (The Void, 2016)

Aaron Poole interpreta xerife arrastado para um pesadelo sangrento no terror retrô de Jeremy Gillespie e Steven Kostanski

Aaron Poole em imagem do filme 'A Seita Maligna', de Jeremy Gillespie e Steven Kostanski

Por Ed Walter

Feito com o apoio de uma campanha de financiamento coletivo, A Seita Maligna é o segundo longa-metragem da dupla Jeremy Gillespie e Steven Kostanski, que em 2011 co-dirigiu a comédia de terror Father's Day. Eles também assinam o roteiro do filme, que se apresenta como uma homenagem ao cinema de terror e ficção científica da década de 1980. Muitos filmes são lançados com essa proposta. Nem todos alcançam seu objetivo. Mas A Seita Maligna cumpre a promessa, e vai até um pouco além.

Aaron Poole interpreta Daniel Carter, o xerife uma pequena cidade do interior cujas rondas noturnas são tão tranquilas que sua maior preocupação é não cair no sono. Sua rotina muda quando ele encontra um homem ferido em uma estrada deserta, e o leva para ser atendido no único hospital do condado de Marsh. O lugar não demora para ser cercado por figuras misteriosas — a tal sita maligna do título original. E Daniel descobre que o próprio hospital esconde alguns segredos horripilantes.

Criaturas monstruosas e tentaculares fazem parte do show de horrores. Pacientes enlouquecidas também. Outros personagens ficam presos no hospital infernal, como o médico Richard (Kenneth Welsh) e a enfermeira Kim (Ellen Wong). A própria esposa de Daniel, Allison (Kathleen Munroe), trabalha lá como médica. E a presença de dois convidados indesejados (Daniel Fathers e Mik Byskov), armados e perigosos, aumenta o clima de tensão.


Imagem do filme 'A Seita Maligna', de Jeremy Gillespie e Steven Kostanski

A situação remete a Príncipe das Sombras, filme de 1987 dirigido por John Carpenter. Mas A Seita Maligna também faz referências a outras produções daquela época, como Enigma do Outro Mundo, A Noite dos Mortos-Vivos, Hellraiser e Do Além. E sobra até um tempinho para caminhar pelo terreno do terror cósmico de H.P. Lovecraft, algo que fica explícito especialmente no último ato, quando a descida ao inferno atinge seu ponto máximo.

Apesar de tantas referências, o terror retrô de Gillespie e Kostanski consegue ser um filme com personalidade própria. Há mistérios suficientes para prender a atenção, o suspense é bem trabalhado, e as criaturas que ocasionalmente cruzam o caminho dos personagens são um show à parte. Quase tudo é feito na base dos efeitos práticos. O body horror ganha bastante destaque. O sangue jorra em quantidade generosa. E a gosma também, o que garante um espetáculo divertido para quem sentia falta daquelas insanidades que os anos 80 sabiam produzir tão bem.

Achei o segundo ato um pouco arrastado, mas não a ponto de se tornar cansativo. Senti falta de um pouco mais de aprofundamento na história da dupla misteriosa formada por pai e filho, cujas motivações nunca ficam muito claras. Mas gostei do mistério em torno da seita, e também do final, aberto a interpretações. Ele inclusive abre espaço para uma sequência que, espero, um dia se torne realidade.

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O melhor: Muitos efeitos práticos, gore, body horror e uma boa seleção de criaturas gosmentas.
O pior: O ritmo cai um pouco no segundo ato.

Título original: The Void.
Gênero: Terror.
Produção: 2016.
Lançamento: 2017.
Pais: Canadá, Estados Unidos.
Duração: 90 minutos.
Roteiro: Jeremy Gillespie e Steven Kostanski.
Direção: Jeremy Gillespie e Steven Kostanski.
Elenco: Aaron Poole, Kenneth Welsh, Daniel Fathers, Kathleen Munroe, Ellen Wong, Mik Byskov, Art Hindle, Stephanie Belding, James Millington, Evan Stern, Grace Munro, Matthew Kennedy, Trish Rainone, David Scott, Mackenzie Sawyer, Jason Detheridge, Chris Nash, Michael J. Walsh, Troy James, Betty Symington, Brad Storch, Janine Davies, Amy Groening, Sloane McLauchlin.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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