Crítica | Histórias Assustadoras para Contar no Escuro (Scary Stories to Tell in the Dark, 2019)

As criaturas horripilantes de um livro misterioso se materializam no terror do diretor André Øvredal

Zoe Margaret Colletti e Michael Garza em imagem do filme 'Histórias Assustadoras para Contar no Escuro', de André Øvredal

Por Ed Walter

Histórias Assustadoras para Contar no Escuro é a adaptação para as telas da série de contos de terror infanto-juvenis escritos por Alvin Schwartz e ilustrados por Stephen Gammell. O filme marca o retorno à direção de André Øvredal, o realizador do surpreendente found footage O Caçador de Troll (2010) e do terror sobrenatural A Autópsia (2016), que é simplesmente arrepiante. Histórias Assustadoras não chega a tanto. Mas oferece sustos e diversão suficientes para garantir um bom passatempo.

A trama é ambientada em 1968, na pequena cidade de Mill Valley, onde quatro amigos aproveitam a noite de Halloween para se dedicar a um dos passatempos favoritos da molecada: visitar a antiga mansão da família Bellows que, é claro, tem fama de ser assombrada. Os garotos ficam empolgados quando encontram um livro, que aparentemente pertencia a Sarah, a filha misteriosa dos Bellows. Só que a alegria acaba quando eles percebem que as histórias de terror escritas no livro estão se tornando realidade. E elas são mortais.


Natalie Ganzhorn em imagem do filme 'Histórias Assustadoras para Contar no Escuro', de André Øvredal

O fato da obra de Schwartz ser uma compilação de contos independentes de terror sugere que o filme seguirá o formato de antologia. Mas o roteiro de Dan Hageman, Kevin Hageman e Guillermo del Toro (que também é co-produtor) aposta em um formato linear, o que acaba se revelando uma boa escolha. Além de dar ao espectador mais tempo para se acostumar com os personagens, a trama central é bem amarrada, e cria uma mitologia que abre espaço para continuações.

Zoe Margaret Colletti manda bem no papel da Stella. A garota assume o protagonismo ao iniciar uma investigação sobre o passado sombrio de Sarah, em uma tentativa desesperada de conter a maldição que ameaça destruir seus amigos e a ela própria. Michael Garza convence como o jovem imigrante Ramón, que auxilia a menina em suas investigações. Austin Zajur funciona como alívio cômico. E Gabriel Rush e Natalie Ganzhorn ganham os holofotes ao protagonizar as duas cenas mais indigestas do filme.


Imagem do filme 'Histórias Assustadoras para Contar no Escuro', de André Øvredal

As criaturas que a molecada enfrenta, aliás, são tão asquerosas quanto assustadoras. E os ótimos efeitos práticos cuidam de dar muito realismo a todas elas. A mulher da sala vermelha com certeza é a que tem o visual mais bizarro. Mas o trabalho que o contorcionista Troy James faz para dar credibilidade ao Jangly Man também impressiona. Øvredal faz um bom trabalho com a câmera, sabe criar atmosfera. E ele também sabe tanto a hora de sugerir quanto a de tornar o terror explícito.

Diferente dos efeitos práticos, o CGI não funciona tão bem. As referências políticas e as discussões sociais atrapalham um pouco, mas não a ponto de chatear o espectador. Eu senti falta de um pouco de gore. Mas para um filme com classificação indicativa PG-13, História Assustadoras para Contar no Escuro se sai melhor do que o esperado.

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O melhor: É divertido e assustador, e tem umas criaturas muito legais.
O pior: É PG-13, e por isso não espere por sangue ou violência explícita.

Título original: Scary Stories to Tell in the Dark.
Gênero: Terror, mistério.
Produção: 2019.
Lançamento: 2019.
Pais: Estados Unidos, Canadá, China.
Duração: 108 minutos.
Roteiro: Dan Hageman, Kevin Hageman, Guillermo del Toro.
Direção: André Øvredal.
Elenco: Zoe Margaret Colletti, Michael Garza, Gabriel Rush, Austin Abrams, Dean Norris, Gil Bellows, Austin Zajur, Natalie Ganzhorn, Lorraine Toussaint, Kathleen Pollard, Deborah Pollitt, Victoria Fodor, Marie Ward, Mark Steger, Javier Botet, Troy James, Will Corno, Kyle Labine, David Tompa, Karen Glave, Stephanie Belding.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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