Crítica | A Síndrome de Berlin (Berlin Syndrome, 2017)

Teresa Palmer vive momentos de terror nas mãos de um homem possessivo, no suspense de Cate Shortland

Teresa Palmer e Max Riemelt em imagem do filme 'A Síndrome de Berlin'

Por Ed Walter

O thriller da diretora australiana Cate Shortland adapta o livro homônimo de Melanie Joosten, publicado em 2011. A trama coloca Teresa Palmer (Quando as Luzes se Apagam) no papel de Clare, uma fotógrafa australiana em férias na Alemanha que inicia um romance de final de semana com um charmoso professor chamado Andi (Max Riemelt, da série Sense 8). O que Clare não sabe é que Andi provavelmente é o pior namorado do mundo. E daí para virar prisioneira no apartamento do cara, é um pulinho só.

Shortland constrói muito bem sua protagonista, e com apenas duas cenas já podemos ter uma idéia sobre a personalidade de Clare. A psicopatia de Andi é sugerida discretamente nas cenas que mostram o relacionamento com seus colegas professores e com seu pai. Mas logo temos uma visão clara de sua mente perturbada também.

Teresa Palmer em imagem do filme 'A Síndrome de Berlin'

O relacionamento começa de maneira muito natural. Tanto que dá até para torcer para que eles tenham um final feliz. Mas é claro que Andy não demora para mostrar sua cara feia. A tensão se acumula na medida em que Clare começa a suspeitar que seu parceiro não é flor que se cheire. A história vai assumindo tons bem mais sombrios. E o espetáculo doentio que se segue é registrado em detalhes pela diretora.



Teresa Palmer entrega uma atuação forte, e é possível gostar dela logo nos primeiros minutos. Max Riemelt também está ótimo. E sim, você vai sentir muita raiva de seu personagem. O filme coloca um pé no terreno do cinema exploitation. Há cenas de nudez e sexo. E em duas ocasiões a diretora recorre a elementos de terror que, embora pareçam um pouco deslocados e nos peguem se surpresa, acabam servindo muito bem à história.


Max Riemelt e Teresa Palmer em imagem do filme 'A Síndrome de Berlin'

Na metade final a trama começa a perder sua força. Ainda há material para prender nossa atenção, mas fica nítido que o filme começa a se arrastar. Já o final, embora não seja ruim, deixa aquela desagradável sensação de que ficou faltando alguma coisa.

Talvez eu tenha sentido falta de um maior aprofundamento no tema da Síndrome de Estocolmo, que é sugerida mas só é abordada superficialmente. Ou talvez depois de acompanhar o sofrimento de Clare por tanto tempo eu esperasse por uma retribuição mais explosiva. Um pouco menos de poesia. E um pouco mais de fúria.

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O melhor: Boas atuações e alguns momentos de suspense.
O pior: Perde a força na metade final.
Eu vou sentir muita raiva de Andi? Sim, você vai.

Título original: Berlin Syndrome.
Gênero: Drama, suspense.
Produção: 2017.
Lançamento: 2017.
Pais: Austrália.
Duração: 116 minutos.
Roteiro: Shaun Grant.
Direção: Cate Shortland.
Elenco: Teresa Palmer, Max Riemelt, Matthias Habich, Emma Bading, Elmira Bahrami, Christoph Franken, Lucie Aron.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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