Crítica | Sala Verde (Green Room, 2016)

Banda testemunha assassinato e vira alvo de skinheads no thriller de horror de Jeremy Saulnier

Imagem do filme 'Sala Verde'

Por Ed Walter

Quatro jovens integrantes de uma banda de punk rock presenciam um assassinato durante uma apresentação em um bar frequentado por skinheads. O evento irá desencadear uma onda de violência sem limites, testará os limites físicos e psicológicos de todos os envolvidos e levantará uma questão incômoda: até que ponto cada um está disposto a chegar para conseguir sobreviver?

Trata-se do novo trabalho do diretor Jeremy Saulnier, que antes havia realizado Murder Party e Ruína Azul. Aqui ele dá uma verdadeira aula de como se desenvolver uma boa história. Sua direção estabelece um desconforto no espectador logo nos minutos iniciais. O clima de tensão é construído sem pressa. Sala Verde começa como um road movie dramático, vai se tornando um thriller sufocante e logo se transforma em um filme de terror brutal,  repleto dos melhores elementos do gênero. O diretor deixa claro que não quer ser politicamente correto. A violência é mostrada de maneira crua, o que torna algumas cenas perturbadoras.


Imagem do filme 'Sala Verde'

Saulnier também assina o roteiro, e ele desenvolve corretamente seus personagens. O público entende rapidamente como cada um deles pensa e passa a prever suas reações. É quando o filme vira o jogo e nos surpreende, mostrando que qualquer pessoa em uma situação de desespero é capaz de tomar atitudes extremas. Temos heróis anunciados que no fim não se revelam tudo aquilo. Temos heroínas improváveis. Temos vilões que não são o mal absoluto. Nada é preto no branco, há tons de cinza lado a lado com o verde. E ao escolher não retratar os skinheads de maneira caricata como se vê na maioria dos filmes, a direção torna tudo ainda mais sério, ameaçador e imprevisível.

Todo o elenco funciona perfeitamente, e isso é fundamental para dar credibilidade aos eventos que se seguem. Imogen Poots interpreta Amber, personagem que parece não se cansar de nos surpreender com suas ações. Anton Yelchin tem uma atuação contida no papel de Pat. Mas seu personagem é um dos que mais cresce na história. E, é claro, temos a ótima participação de Patrick Stewart. Se você está acostumado com ele interpretando o bom e velho professor Xavier de X-Men, vai ficar surpreso com o vilão sinistro que ele entrega aqui.

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O melhor: É tenso, perturbador e imprevisível.
O pior: O primeiro ato pode ser considerado lento para alguns.
A cena final é simples: Mas a mensagem que ela transmite é forte.

Título original: Green Room.
Gênero: Suspense, terror.
Produção: 2015.
Lançamento: 2016.
Pais: Estados Unidos.
Duração: 95 minutos.
Roteiro: Jeremy Saulnier.
Direção: Jeremy Saulnier.
Elenco: Anton Yelchin, Imogen Poots, Patrick Stewart, Alia Shawkat, Callum Turner, Taylor Tunes.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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