Crítica | Medo Viral (Bedeviled, 2016)

Jovens são assombrados por um aplicativo sobrenatural neste filme de terror com poucos atrativos dirigido por Abel Vang e Burlee Vang.


Mitchell Edwards e Saxon Sharbino como Cody e Alice no filme 'Medo Viral'.
Mitchell Edwards e Saxon Sharbino como Cody e Alice no filme 'Medo Viral', de Abel Vang e Burlee Vang. Foto: © Ascot Elite Home Entertainment


Baixar aplicativos sem ler atentamente os termos de uso pode acarretar problemas para o usuário. Afinal, arriscamos baixar um aplicativo assombrado que pode, literalmente, nos matar de medo. Ok, as chances disso acontecer na realidade são remotas, para não dizer nulas. Mas acontece em Bedeviled, um filme de terror sobrenatural bem fraquinho, lançado no Brasil com o título de Medo Viral.

O longa-metragem estrelado pela texana Saxon Sharbino (Doce Vingança) é dirigido pelos irmãos Abel Vang, diretor de Hollywood Chaos, e o estreante Burlee Vang. Os dois também assinam o roteiro de Medo Viral, que mistura elementos de A Hora do Pesadelo e O Chamado, do recente Pedido de Amizade e até do livro IT: A Coisa, de Stephen King, o que não significa que ele faça jus às suas fontes de inspiração.


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A trama acompanha cinco amigos abalados pela morte misteriosa de uma colega de escola, Nikki (Alexis G. Zall, de Ouija: Origem do Mal). Pouco tempo depois, eles recebem uma mensagem para baixar o Mister Bedevil, um aplicativo com voz irritante que, na teoria, deveria ajudá-los em tarefas como apagar e acender luzes e fechar a porta da garagem, mas, na prática, insulta seus usuários, os interrompe em momentos inoportunos e raramente faz o que lhe é pedido.

O que a galera não sabe é que, além de inconveniente, essa Alexa do inferno também é mortal: uma espécie de vírus sobrenatural capaz de identificar seus maiores medos e transformá-los em realidade. Será que o aplicativo foi responsável pela morte de Nikki? Será que os amigos virarão as costas para Siri e Cortana para aderir à nova tecnologia, mesmo sabendo que a mensagem para baixar o aplicativo impossivelmente veio do celular da amiga morta?

Imagem do filme 'Medo Viral' mostrando um palhaço.
Imagem do filme 'Medo Viral', de Abel Vang e Burlee Vang. Foto: © Ascot Elite Home Entertainment


A seu favor, Medo Viral conta com um elenco atraente e um design de produção relativamente bem cuidado. Os irmãos Vang também fazem um bom trabalho no primeiro ato, apresentando habilmente os personagens e explorando suas reações à perda da amiga. Contudo, à medida que a trama avança, o enredo perde sua substância, entregando-se a clichês e jump scares desconexos, desprovidos da construção necessária de suspense e tensão.

O vilão assume diversas formas durante a jornada, baseadas nos medos de cada personagem. Ele só se manifesta em sua forma real no terceiro ato, e não posso dizer que seu visual impressiona. Acho até que o senhor Bedevil vai causar mais risos do que medo. O mesmo pode ser dito da sequência do ursinho de pelúcia. Ou daquela outra ambientada no estacionamento, quando uma mulher sai rastejando no meio dos pilares.


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O roteiro tem alguns diálogos que tentam explicar a origem do aplicativo assombrado e como ele consegue matar seus usuários de medo. Alguns são cortesias daquele professor que bate nas carteiras para acordar os alunos. Outras vêm de uma gravação de um especialista em computação que nossos heróis convenientemente encontram pelo caminho. Não, nada do que eles falam faz sentido, assim como boa parte das situações apresentadas no filme.

Esses problemas afetam negativamente nossa visão dos personagens, e eu até já me esqueci da maioria deles. Dois atores, porém, merecem ser citados. A primeira é Sharbino, que interpreta Alice, e que parece dar um duro danado para que o filme seja levado a sério, mesmo nas situações mais ridículas. O segundo é Mitchell Edwards, que interpreta Cody, e vai na direção contrário, entregando uma performance tão exagerada que é difícil não rir.

Nota: 3/10

Título original: Bedeviled.
Gênero: Terror.
Produção: 2016.
Lançamento: 2018.
Pais: Estados Unidos.
Duração: 91 minutos.
Roteiro: Abel Vang e Burlee Vang.
Direção: Abel Vang e Burlee Vang.
Elenco: Saxon Sharbino, Mitchell Edwards, Brandon Soo Hoo, Victory Van Tuyl, Carson Boatman, Jordan Essoe, Alexis G. Zall.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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