Crítica | Thelma (2017)

Eili Harboe descobre o amor (e um poder paranormal destrutivo também) no drama de terror de Joachim Trier

Eili Harboe e Kaya Wilkins em imagem do filme 'Thelma'

Por Ed Walter

O cineasta Joachim Trier é responsável por dramas como Oslo, 31 de Agosto e Mais Forte Que Bombas. Agora ele trilha caminhos um pouco mais sombrios com Thelma, drama repleto de simbolismos que também reúne algumas idéias de clássicos do cinema de terror. Carrie, a Estranha (1976), de Brian De Palma, é a inspiração mais obvia. Mas o filme também trás alguns reflexos de A Marca da Pantera (1982), de Paul Schrader.

Eili Harboe interpreta Thelma, uma adolescente que deixa o conforto de seu lar para ingressar em uma grande universidade em Oslo. Longe dos olhares atentos dos pais religiosos e superprotetores, a menina mergulha em um mundo de novas descobertas. Mas quando se apaixona por uma colega de classe, Anja (Kaya Wilkins), Thelma descobre que possui um poder paranormal destrutivo que vai colocar todos à sua volta em perigo.

Imagem do filme 'Thelma'

O trabalho de Trier é marcado por um bom domínio de ambientação e pela criação da atmosfera. Seu talento com a câmera já pode ser sentido na sequência de abertura — um belíssimo plano aéreo sobre o campus da universidade. Às vezes o diretor exagera no uso de flashes luminosos com a intenção de causar desconforto no espectador. Mas tirando isso, a qualidade visual se mantém até última cena.


Já minha empolgação terminou bem antes disso. Primeiro porque o filme tem um ritmo extremamente lento na metade final e principalmente no último ato. Segundo porque os intermináveis momentos de silêncio transformam a experiência em um teste de paciência. E terceiro porque apesar do diretor se propor a entregar um romance adolescente, um drama sobre repressão e liberdade, uma metáfora sobre despertar sexual e um thriller de horror, no final a sensação que se tem é que tudo foi abandonado pela metade.

Eili Harboe e Kaya Wilkins em imagem do filme 'Thelma'

Gostei das atuações de Eili Harboe e Kaya Wilkins. Acho até que se Trier perdesse menos tempo mostrando situações que não levam a lugar algum e se concentrasse mais no relacionamento entre Thelma e Anja — ou no passado da menina, que tem flashbacks bem assustadores —, o resultado seria menos tedioso.

O elenco adolescente de apoio não acrescenta muita coisa, mas também não atrapalha. Já Henrik Rafaelsen e Ellen Dorrit Peterson, que interpretam os pais da protagonista, não transmitem emoção. Mas isso parece ser intencional e acaba combinando com o clima gélido do filme.

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O melhor: O relacionamento entre Thelma e Anja e alguns flashbacks assustadores.
O pior: É um filme sonolento.

Título Original: Thelma.
Gênero: Drama, terror.
Produção: 2017.
Lançamento: 2017.
País: Noruega.
Duração: 116 minutos.
Roteiro: Eskil Vogt e Joachim Trier.
Direção: Joachim Trier.
Elenco: Eili Harboe, Kaya Wilkins, Henrik Rafaelsen, Ellen Dorrit Petersen, Grethe Eltervag, Marte Magnusdotter Solem, Anders Mossling, Vanessa Borgli.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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