Crítica | O Ritual (The Ritual, 2017)

 Quatro amigos enfrentam uma ameaça inimaginável neste arrepiante filme de terror dirigido por David Bruckner.

Arte do filme 'O Ritual', de David Bruckner.

O Ritual é um filme de terror sobrenatural sobre quatro amigos que se deparam com um mal literalmente inimaginável em uma floresta sueca. Este é o novo trabalho do diretor David Bruckner, mesmo responsável por "Amateur Night", o assustador segmento da antologia de terror V/H/S que apresenta Hannah Fierman no papel de uma criatura medonha que caça homens desavisados em bares noturnos.

Rafe Spall (As Aventuras de Pi), Robert James-Collier (série Downton Abbey), Arsher Ali (série Doctor Who) e Sam Troughton (Pesadelos Mortais) estrelam o terror britânico baseado no romance de mesmo nome do autor Adam Nevill, cujas obras literárias também serviram de base para o filme Ninguém Sai Vivo. Joe Barton, que já escreveu episódios de séries como Humans e Freaks, assina o roteiro de O Ritual.

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Luke (Spall), Hutch (James-Collier), Phil (Ali) e Dom (Troughton) são quatro amigos de longa data que realizam uma caminhada pelas montanhas da Suécia como parte de uma homenagem a um companheiro que morreu no ano anterior. Após um acidente que limita os movimentos de um deles, os amigos decidem fazer o caminho de volta por um atalho na floresta, sem imaginar que uma ameaça além da compreensão humana os aguarda na escuridão.

Imagem do filme 'O Ritual', de David Bruckner.

A jornada assustadora dos quatro amigos é marcada por pesadelos, sinais misteriosos, vultos e sons estranhos. Bruckner tece sua trama, desdobrando habilmente camadas de tensão à medida que os personagens confrontam os fantasmas interiores que os atormentam. O design de produção captura a vastidão sombria da floresta, enquanto a cinematografia brinca com sombras e perspectivas, criando uma atmosfera opressiva, um eco visual dos dilemas enfrentados pelos protagonistas.

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A atuação do elenco é notável, com Rafe Spall liderando de maneira magistral como Luke, um homem atormentado pela culpa de não ter agido para tentar evitar uma tragédia. A dinâmica entre os amigos é palpável, cada ator contribuindo para uma química crível que nos conecta emocionalmente às suas jornadas individuais. As reações à crescente espiral de eventos sobrenaturais são autenticamente humanas, o que eleva o terror a níveis mais profundos e pessoais.

Rafe Spall como Luke no filme 'O Ritual', de David Bruckner.

A trilha sonora, merece menção especial. A música, às vezes sutil e em outros momentos avassaladora, tece uma tapeçaria sonora que intensifica a tensão, adicionando uma dimensão emocional adicional à narrativa. A sinfonia ecoa o desconhecido, ampliando o impacto visual do filme. A edição, por sua vez, proporciona um ritmo agradável, equilibrando os momentos de suspense com reviravoltas que desafiam as expectativas.

O medo do desconhecido impera até o último ato, quando o diretor deixa a sutileza de lado e apresenta a ameaça de maneira explícita, o que não significa que a obra perca seu impacto. O que posso dizer sem entregar spoilers é que já vi muitos filmes de terror e, de todos que tentaram, O Ritual foi o que chegou mais perto de traduzir alguns conceitos dos contos de H.P. Lovecraft, especialmente aquele que fala sobre entidades de aparência tão bizarra que o ser humano encontra dificuldades para entender o que está vendo.

Imagem do filme 'O Ritual', de David Bruckner.

Além do forte impacto visual, O Ritual conta com um ótimo trabalho de efeitos sonoros e CGI acima da média para produções do gênero. O gore é moderado, mas há cenas de violência e imagens medonhas o suficiente para que o público não sinta falta dele. O pesadelo de David Bruckner consegue ser tenso, assustador e, ao mesmo tempo, insanamente divertido. É o melhor filme de terror lançado em 2018 até o momento, e eu duvido muito que seja superado.

Nota: 9/10

Título original: The Ritual.

Gênero: Terror.

Produção: 2017.

Lançamento: 2018.

País: Reino Unido.

Duração: 94 minutos.

Roteiro: Joe Barton.

Direção: David Bruckner. 

Elenco: Rafe Spall, Arsher Ali, Robert James-Collier, Sam Troughton, Paul Reid, Matthew Needham, Jacob James Beswick, Maria Erwolter.