Crítica | A Maldição da Casa Winchester (Winchester, 2018)

Por Ed Walter

O médico Eric Price (Jason Clarke, de Por Trás dos Seus Olhos) é contratado para avaliar o estado mental de Sarah Winchester (Helen Mirren, de Beleza Oculta), a herdeira da fabulosa fortuna da companhia de armas Winchester. Depois da morte do marido e do filho, Sarah começou a acreditar que foi amaldiçoada pelas almas das pessoas mortas pelo rifles que sua companhia produz. E a única maneira de acalmar a fúria dos espíritos seria construindo infindáveis quartos para abrigar suas almas.

O filme tem como base a história real da mansão Winchester, considerada como um dos lugares mais assombrados do mundo. Infelizmente, os roteiristas ignoram boa parte do potencial da história e decidem nos entregar uma trama centrada no drama de personagens desinteressantes, e em espíritos malignos em busca de vingança. O resultado não é dos melhores.

Passamos a maior parte do tempo acompanhando Eric decidindo se acredita ou não em fantasmas. É um dilema chato. A história do personagem, que inclui uma tragédia pessoal do passado, é mais chata ainda. As reações do ator Jason Clarke diante dos eventos sobrenaturais que presencia soam razoáveis a princípio, mas não demora muito para que se tornem forçadas. O plot twist final, onde ele também é o centro da ação, é tão inocente que chega a ser constrangedor.

Sarah Snook não tem muita coisa a fazer no papel de Marion. Seu drama não convence, e nem suas cenas de terror. Finn Scicluna-O'Prey protagoniza alguns bons momentos no papel do garoto Henry, em especial na sequência em que se arma com um rifle e sai tocando o terror pela mansão. Já Helen Mirren faz o que pode para dar credibilidade a Sarah, mas os diálogos não colaboram. Pelo menos suas cenas nos dão acesso a algumas informações sobre a história da casa, o que acaba prendendo nossa atenção.

Mas o filme assusta? Bem, sim e não. A direção de Michael e Peter Spierig (os mesmos de Jogos Mortais: Jigsaw) consegue criar tensão em apenas duas cenas que, curiosamente, estão mais ligadas a elementos humanos do que com o sobrenatural. De resto, tudo se resume a jumpscares. Alguns até funcionam, principalmente no início quando os espíritos são mostrados apenas de relance. Mas logo tudo fica previsível e a partir da metade do filme, os sustos são praticamente nulos.

A Maldição da Casa Winchester se destaca pela sua parte técnica. Os cenários são muito bem construídos, a iluminação gera uma atmosfera pesada e os efeitos-especiais cumprem seu papel, embora sejam desnecessários em alguns momentos. O filme também vale como curiosidade, pois nos proporciona algo que se aproxima de um tour gratuito pela mansão. Infelizmente, eu esperava um pouco mais que isso.

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Título original: Winchester. Gênero: Terror.

País: Austrália, EUA. Lançamento: 2018. Duração: 99 minutos.

Direção: Michael Spierig e Peter Spierig.

Roteiro: Tom Vaughan, Michael Spierig e Peter Spierig.

Elenco: Helen Mirren, Jason Clarke, Sarah Snook, Finn Scicluna-O'Prey, Emm Wiseman.

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