Crítica | Valley of Shadows (2018)

O ator Adam Ekeli em imagem de "Valley of Shadows"

Por Ed Walter

Ovelhas estão sendo devoradas em um pequeno vilarejo na Noruega. Os adultos acreditam que os ataques são obra de um lobo. Mas o garoto Aslak (Adam Ekeli), que mora nas redondezas com sua mãe Astrid (Kathrine Fagerland), está convencido que tudo é obra de um lobisomem que viveria escondido em uma floresta próxima. Quando seu cachorro Rapp desaparece, o menino entra na floresta. E tem a chance de confirmar se suas suspeitas são ou não reais.

O filme marca a estréia na direção de longas do diretor Jonas Matzow Gulbrandsen. Trata-se de um novo exemplar de um estilo cinematográfico que vem sendo chamado de "pós-horror", que consiste em filmes com narrativas mais cadenciadas, que abdicam de jumpscares e apostam na ambientação para perturbar o público. Esse estilo já rendeu bons filmes como Corrente do Mal, A Bruxa e o francês Grave. Infelizmente, Valley of Shadows não vai entrar para a lista de obras memoráveis.

Imagem do filme "Valley of Shadows"

O filme tem seus méritos. Gulbrandsen explora vários elementos da cultura gótica escandinava para criar um conto de fadas sombrio, enigmático, quase surreal. Há referências a Pedro e o Lobo, há subtextos freudianos. A fotografia de Marius Matzow Gulbrandsen é belíssima. A ambientação e atmosfera são irretocáveis. E tudo isso vai por água abaixo diante da falta de ritmo do filme.

A história se desenvolve com uma lentidão irritante, e o diretor faz de tudo para garantir que absolutamente nada quebre a monotonia. É artístico demais, sutil demais. A impressão que se tem é que cada sequência, cada cena, foi milimetricamente calculada para nos fazer pegar no sono. Não por coincidência, dormi antes da metade do filme, e tive que continuar assistindo na noite seguinte.

Kathrine Fagerland e Adam Ekeli em imagem do filme "Valley of Shadows"

Há algumas subtramas, como a busca de Astrid por uma pessoa desaparecida; e um novo personagem que é introduzido no último ato. Mas os diálogos são mínimos e, quando acontecem, a falta de expressão dos atores garante que eles sejam o mais desinteressantes possíveis. Além disso, boa parte dessas subtramas são abertas a interpretações. E fica difícil ficar procurando significados ocultos quando você não está mais interessado pela história.

Valley of Shadows é um filme visualmente deslumbrante. Mas acho que dava para fazer isso sem precisar ser tão chato.

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Título Original: Skyggenes dal / Valley of Shadows. Gênero: Terror.
País: Noruega. Lançamento: 2018. Duração: 91 minutos.
Direção: Jonas Matzow Gulbrandsen.
Roteiro: Jonas Matzow Gulbrandsen, Clement Tuffreau.
Elenco: Adam Ekeli, Katherine Fagerland, John Olav Nilsen, Lennard Salamon.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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