Crítica | Vamps: A Morte Não Existe Para o Amor (Vurdalaki, 2018)

Imagem do filme "Vamps: A Morte Não Existe Para o Amor"

Por Ed Walter

O conto A Família do Vurdalak, de Aleksei Tolstoy, já serviu de inspiração para vários filmes de vampiros. Em 1963, o mestre Mario Bava adaptou a história na forma de um dos segmentos da antologia de terror As Três Máscaras do Terror (Tre volti della paura / Black Sabbath). Em 1972,  Giorgio Ferroni modernizou o conto em A Noite dos Demônios (La notte dei diavoli / Night of the Devils). E agora é a vez do cineasta Sergey Ginzburg dar sua versão da história.

A trama é ambientada na Rússia do século XVIII, e acompanha o jovem Andrey (Konstantin Kryukov), que é enviado para um monastério nas montanhas dos Cárpatos com o objetivo de entregar uma mensagem de perdão da Imperatriz Elizabeth ao monge exilado Lavr (Mikhail Porechenkov). O lado bom da viagem é que Andrey encontra o amor, na forma da bela camponesa Milena (Aglaya Shilovskaya). O lado ruim é que ele descobre que a região é aterrorizada por vampiros.

Cena do filme "Vamps: A Morte Não Existe Para o Amor"

O filme começa bem, com sequências que remetem aos filmes antigos de vampiros. Há inclusive um leve clima gótico, que até empolga a princípio. Os elementos da história de Tolstoy são pouco aproveitados, mas funcionam quando estão em tela. Mesmo que o diretor seja muito ruim para conduzir cenas de terror, a própria natureza das situações gera momentos interessantes, como na sequência que mostra uma menina saindo do túmulo e voltando para casa para reencontrar sua família.

Infelizmente o diretor parece confuso sobre o ritmo que a história vai adotar. Na dúvida, atira para todos os lados. Há elementos de Drácula, Blade, Crepúsculo, Van Helsing, Anjos da Noite. Temos cenas de ação, temos um romance meloso, temos efeitos especiais e personagens fazendo piadinhas. Ginzburg parece querer agradar todo mundo. E no fim acaba não agradando ninguém.

Imagem do filme de terror "Vamps: A Morte Não Existe Para o Amor"

Mas a culpa não é só dele, já que o roteiro também não colabora. É ambicioso demais, inventa demais. O conto de Tolstoy é uma história de terror simples e direta sobre uma família atormentada por um vampiro. Aqui temos várias bobagens desnecessárias, que incluem uma guerra milenar entre vampiros e até um lord maligno que quer dominar o mundo.

Vamps acaba decepcionando como filme de ação e mais ainda como filme de terror. Mas vale como curiosidade, para analisarmos como o cinema atual consegue destruir boas histórias na tentativa de modernizá-las. E serve para confirmar que a adaptação de Mario Bava, feita a mais de 50 anos, continua sendo a melhor de todas.

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Título Original: Vurdalaki.
Gênero: Ação, Terror.
País: Rússia.
Lançamento: 2018.
Duração: 90 Minutos.
Direção: Sergey Ginzburg.
Roteiro: Aleksey Karaulov, Evgeniy Kolyadintsev, Tikhon Kornev, Aleksey Timm.
Elenco: Konstantin Kryukov, Mikhail Porechenkov, Aglaya Shilovskaya, Mikhail Zhigalov.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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