Crítica | Tau (2018)

Novo filme da Netflix coloca Maika Monroe no papel de jovem aprisionada em smart house futurista

A atriz Maika Monroe em imagem do filme 'Tau'

Por Ed Walter

Federico D'Alessandro acumulou uma boa experiência trabalhando no departamento de arte de filmes como Doutor Estranho, A Múmia e Onde Vivem os Monstros. Depois de dirigir os curtas-metragens Recollection e Halloween Pitch Animatic, ele estréia na direção de longas com Tau, thriller sci-fi da Netflix que coloca a estrela de Corrente do Mal, Maika Monroe, em uma batalha da mulher contra a máquina.

Monroe interpreta Julia, uma jovem que é sequestrada e mantida prisioneira em uma smart house futurista construída pelo excêntrico gênio da tecnologia Alex (Ed Skrein, de In Darkness). A única coisa entre Julia e sua liberdade é Tau, um avançado sistema de inteligência artificial que controla toda a casa e que está programada para guiá-la em uma experiência bizarra. Julia precisará usar toda sua inteligência pára enganar a máquina, antes que tenha o mesmo destino das cobaias que vieram antes dela.

Maika Monroe em imagem do filme 'Tau'

Tau conta com um visual estiloso, embora nem sempre agradável. A cena em que Julia é atacada pela primeira vez, por exemplo, poderia ser um momento forte do filme mas tem boa parte de seu impacto reduzido pelo excesso de cores saturadas. O cuidado em criar um senso de ameaça também não está entre as prioridades de D'Alessandro. Ele até entrega um certo suspense. Mas um pouquinho mais de tensão teria ajudado bastante. Já os efeitos-especiais são modestos, mas cumpram seu papel sem comprometer a história.

Apesar dos problemas ocasionais o filme funciona muito bem em sua primeira meia hora, que parece uma versão modernizada do cult sci-fi Cubo. Depois disso o roteiro de Noga Landau cai na armadilha de tentar ser mais inteligente do que realmente é, e acaba se tornando inconsistente. Há várias conveniências. Há diálogos e cenas repetitivas. E o excesso de drama leva embora boa parte da diversão.


Maika Monroe e Ed Skrein em imagem do filme 'Tau'

Maika Monroe entrega uma boa atuação. Sua personagem é razoavelmente bem desenvolvida e a atriz consegue equilibrar fragilidade e coragem na medida correta. Já Ed Skrein deixa muito a desejar no papel de Alex. Além da atuação pouco inspirada, a ausência de uma motivação para seu personagem (ou ao menos uma que faça sentido) ajuda a torná-lo um vilão esquecível.

Gary Oldman (Drácula de Bram Stoker) empresta sua voz a Tau. E ainda que às vezes ganhe ares de dramalhão mexicano e seja repleto de filosofia duvidosa, o relacionamento entre Julia e a voz robotizada de Oldman acaba rendendo os momentos mais divertidos do filme.

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O melhor: Maika Monroe e a voz de Gary Oldman.
O pior: Filosofia de boteco e vilão genérico.
Você sabia que: Existe um mundo fora de sua casa?

Título original: Tau.
Gênero: Ficção Científica, suspense.
Produção: 2018.
Lançamento: 2018.
País: Estados Unidos.
Duração: 97 minutos.
Direção: Federico D'Alessandro.
Roteiro: Noga Landau.
Elenco: Maika Monroe, Ed Skrein, Gary Oldman, Fiston Barek, Ivana Zivkovic, Sharon D. Clarke.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

1 Comentários

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  1. Envolvente, instigante e visualmente poético filme da Netflix, que, de início, pouco prometia e, num crescendo, nos deixa emocionados em sua parte final. A crítica tratou de achincalhar toda a produção, falando sobretudo sobre o raso roteiro e seus diálogos ruins e direção má de atores. Mas há coisas a se pensar em sci-fi; agora, sobremaneira, há de se rever os rumos a se dar a nossas criações virtuais, avaliando nossa moralidade sobre estes seres sencientes que procurarão, como nós, se entender e dar sentido à vida. Bela obra da Netflix, interessante e algo profunda, apesar dos muitos lapsos - já citados.

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