Crítica | A Primeira Noite de Crime (The First Purge, 2018)

Quarto capítulo da franquia 'The Purge' é dirigido por Gerard McMurray e explica a origem da 'Noite do Expurgo'

Por Ed Walter

Com a alegação de estar tentando diminuir o índice de criminalidade nos Estados Unidos, os Novos Pais Fundadores da América — partido politico que agora governa o país — inicia um experimento nas ruas de Staten Island, a parte mais pobre de Nova York. O evento é batizado de 'Noite do Expurgo' e consiste em um período de 12 horas onde todos os tipos de crimes são legalizados pelo governo. Inclusive assassinatos.

Trata-se do quarto capítulo da franquia The Purge, iniciada em 2013 pelo diretor e roteirista James DeMonaco. Ele também assina o roteiro do novo filme, que funciona como um prelúdio para os eventos mostrados nos capítulos anteriores. Como foi idealizada a 'Noite do Expurgo'? Como as pessoas reagiram ao evento? Que consequências ele teve na vida das minorias americanas? O roteiro tenta explicar tudo isso e aproveita a oportunidade para esboçar algumas críticas sociais, embora o posicionamento político nem sempre fique muito claro.

A direção é de Gerard McMurray, o mesmo realizador do Código do Silêncio. Seu trabalho está preso a algumas convenções e à identidade visual da franquia, que nem sempre é agradável. Mas o diretor tem um bom domínio de câmera e o resultado é um filme de ritmo um pouco mais fluído que os anteriores. Na primeira metade, McMurray também resgata alguns elementos do cinema de terror presentes no filme original. Aliás, há um vilão aqui que é genuinamente assustador: Skeletor, interpretado por Rotimi Paul, da série Sleepy Hollow. Infelizmente ele tem pouquíssimo tempo em tela. Mas é responsável pelas melhores cenas do filme.

Y'lan Noel (House of Another) interpreta o traficante Dimitri, que acaba se tornando o grande protagonista do filme. Ele tem uma presença forte em cena, mas seu desenvolvimento não é tão natural quanto DeMonaco imaginou ao escrever o roteiro. O mesmo pode ser dito de Joivan Wade (The Weekend Movie), que interpreta Isaiah. Sua sub-trama não convence. E ele ainda é obrigado a repetir alguns clichês de filmes de terror, incluindo o irritante "acerte o vilão e saia correndo sem terminar o serviço para que ele te persiga depois". 

Lex Scott Davis (Superfly) faz da ativista Nya uma personagem interessante, embora no final ela acabe sendo abafada pela presença de Dimitri, que ganha quase toda a atenção do roteiro. Marisa Tomei (A Grande Aposta) tem seu talento desperdiçado no papel da dra. Updale, uma personagem irrelevante. Mugga (Orange is the New Black) tenta trazer um pouco de alívio cômico no papel de Dolores. Mas suas piadas não são das melhores.

A partir da metade do filme, o terror é deixado de lado e o diretor passa a priorizar a ação. E nessa parte ele deixa muito a desejar. Há muitos tiros, brigas e explosões, mas tudo é muito bagunçado. A maioria das cenas de tiroteios são tão exageradas que beiram o ridículo. Outras, conseguem ultrapassar esse limite. Há sangue, mas os efeitos digitais são ruins. Salvam-se algumas coreografias de confrontos físicos. Mas no final a sensação de decepção é inevitável.

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O melhor: Resgata alguns elementos de terror do primeiro filme.

O pior: Não demora para virar um filme de ação bobalhão.

O vilão Skeletor: Merecia muito mais tempo na tela.

Título original: The First Purge.

Gênero: Ação, terror.

Produção: 2018.

Lançamento: 2018.

Pais: Estados Unidos.

Duração: 98 minutos.

Roteiro: James DeMonaco.

Direção: Gerard McMurray.

Elenco: Y'lan Noel, Lex Scott Davis, Joivan Wade, Mugga, Patch Darragh, Marisa Tomei, Luna Lauren Velez, Kristen Solis, Rotimi Paul.