Crítica | Fortuna Maldita (Sebelum Iblis Menjemput, 2018)

Família liberta força sobrenatural assassina no novo filme de terror do diretor Timo Tjahjanto

Imagem do filme 'Fortuna Maldita'

Por Ed Walter

O diretor Timo Tjahjanto já é um nome conhecido no cinema de terror. Ele é responsável por segmentos de antologias como O ABC da Morte (2012) e V/H/S/2 (2013). E sua parceria com Kimo Stamboel, com quem forma a dupla The Mo Brothers, já rendeu filmes como Macabre (2009) e Assassinos (2014). Agora ele retorna ao gênero com Fortuna Maldita, filme que coloca uma família no centro de uma trama medonha que envolve rituais e pactos demoníacos. O longa é distribuído pela Netflix, e já está disponível no catálogo do serviço de streaming.

Chelsea Islan interpreta a revoltada Alfie, uma jovem com um passado traumático que decide visitar o pai, Lesmana (Ray Sahetapy), que está hospitalizado vítima de uma doença desconhecida. Ela acaba tendo um reencontro indesejado com sua desagradável madrasta Laksmi (Karina Suwandhi) e também com seus meios-irmãos; a elegante e igualmente intragável Maya (Pevita Pearce), a indiferente garotinha Nara (Hadijah Shahab) e o jovem bonzinho Ruben (Samo Rafael). O que nenhum deles sabe é que, no passado, o homem acamado fez um pacto satânico (ou algo parecido), oferecendo algumas almas em troca de uma enorme fortuna. Agora o demônio está de volta. E a família vai descobrir da pior maneira possível que ele quer receber sua parte no acordo.

Imagem do filme 'Fortuna Maldita'

Embora tudo no filme gire em torno do pacto de Lesmana, o personagem aparece muito pouco. Toda sua história é resumida através de um prólogo rápido, e de recortes e colagens de jornais que acompanham os créditos iniciais. O filme também não perde muito tempo apresentando a família. Há algumas conversas, abraços falsos e discussões. Ás vezes eles até se esbofeteiam. Mas com cerca de 40 minutos, todos deixam suas diferenças de lado para cuidar de assuntos mais urgentes.

O que se segue são possessões, violência e mortes. E sangue. Muito sangue. Às vezes o filme até lembra Evil Dead, de Sam Raimi, embora sem o mesmo impacto. Há também alguns sustos ocasionais. Aliás, a trilha sonora horripilante, sozinha, já cuida de provocar alguns arrepios. A cena em que Alfie e Maya encontram Laksmi na floresta, por exemplo, é de gelar a espinha. Os efeitos práticos são muito bons. Os digitais nem tanto, embora combinem com o clima trash da história.

Imagem do filme 'Fortuna Maldita'

Infelizmente, nem todos os momentos de terror se conectam como deveriam. A família passa bons apuros para se livrar da primeira possessão, mas boa parte das cenas que se seguem são aleatórias. Estão ali apenas para provocar sustos e não trazem consequências para a história. As decisões dos protagonistas também não fazem muito sentido. E de vez em quando o ritmo é quebrado para que possamos acompanhar flashbacks dramáticos. A coisa só volta aos trilhos no último ato, onde temos momentos interessantes envolvendo bonecos vudu. E muitos ossos quebrados.

Fortuna Maldita acaba se destacando por fugir da mesmice que impera na maioria dos filmes de terror sobrenaturais da atualidade. Mas se o diretor não levasse as coisas tão a sério e não entregasse tantas cenas aleatórias, o resultado poderia ter sido bem melhor.

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O melhor: Clima trash, bonecos vudu e trilha sonora horripilante.
O pior: Muitas cenas de terror que não levam a lugar nenhum.

Título original: Sebelum Iblis Menjemput.
Gênero: Terror.
Produção: 2018.
Lançamento: 2018.
Pais: Indonésia.
Duração: 110 minutos.
Roteiro: Timo Tjahjanto.
Direção: Timo Tjahjanto.
Elenco: Chelsea Islan, Pevita Pearce, Ray Sahetapy, Karina Suwandhi, Samo Rafael, Hadijah Shahab, Kinaryosih, Clara Bernadeth, Nicole Rossi.
 

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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