Crítica | As Boas Maneiras (2017)

Isabél Zuaa, Marjorie Estiano e Miguel Lobo estrelam o drama de terror de Marco Dutra e Juliana Rojas

Marjorie Estiano e Isabél Zuaa em imagem do filme 'As Boas Maneiras', de Marco Dutra e Juliana Rojas

Por Ed Walter

As Boas Maneiras é o novo trabalho de Marco Dutra e Juliana Rojas, a dupla responsável por Trabalhar Cansa, de 2011. Eles dirigem e também assinam o roteiro do filme: uma fábula sombria que transita entre o drama e o terror e, em dois momentos, ainda que brevemente, se arrisca pelo terreno dos musicais.

Clara (Isabél Zuaa, de O Nó do Diabo) é uma enfermeira solitária, moradora na periferia de São Paulo, que é contratada pela também solitária Ana (Marjorie Estiano, de Paraíso Perdido) para auxiliar nas tarefas do lar durante sua gravidez. Conforme as semanas passam, o relacionamento das duas se intensifica. E o mesmo pode ser dito sobre o mistério em torno de Ana, que começa a sofrer de distúrbios do sono e apresentar uma estranha mudança de comportamento. As respostas que Clara irá encontrar são mais assustadoras do ela poderia imaginar.

O filme é dividido em duas partes. A primeira é ambientada em 2010 e a segunda, em 2017. O roteiro aborda diversas questões sociais e valoriza bastante as relações humanas. Mas há também um lado sobrenatural, que vai sendo apresentado discretamente. A atmosfera é sombria, mas ao mesmo tempo remete a um conto de fadas. Cenas belíssimas, ilustrações, cenários, música, fotografia e até alguns personagens reforçam esse contraste. E os efeitos especiais seguem a mesma linha.


Marjorie Estiano em imagem do filme 'As Boas Maneiras', de Marco Dutra e Juliana Rojas

O elenco é competente, com destaque para Zuaa e Estiano, que carregam a primeira metade do filme praticamente sozinhas. Cida Moreira (Deserto) e Andréa Marquee (O Que Se Move) ganham espaço na metade final, como a engraçada dona Amélia e a enfermeira Angela.

O estreante Miguel Lobo também ganha os holofotes. Mas eu não posso falar muito sobre seu personagem, sob risco de spoilers. Eu recomendo inclusive que você não veja o trailer. As Boas Maneiras tem muitas surpresas e reviravoltas, e elas funcionam muito melhor quando sabemos o mínimo possível sobre a trama.

Fãs de longa data de filmes de terror provavelmente vão sacar o que está acontecendo bem cedo. Mas se você ficar confuso, fique tranquilo porque as coisas ficam claras lá pela metade do filme, em um relato ilustrado por pinturas. Aliás, eu amei tanto esse momento que cheguei a desejar por uma prequel centrada naquela história.

Isabél Zuaa em imagem do filme 'As Boas Maneiras', de Marco Dutra e Juliana Rojas

A longa duração (o filme tem 135 minutos) às vezes deixa o filme um pouco arrastado. O final pode incomodar quem gosta de histórias bem fechadinhas. Mas eu consegui lidar com isso. As Boas Maneiras é drama de terror interessante e repleto de momentos marcantes, que trás novidades mesmo lidando com um tema já conhecido pelos fãs do gênero.

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O melhor: É um drama de terror repleto de momentos marcantes.
O pior: A longa duração deixa a experiência um pouco cansativa.
Eu quero: Um filme sobre o passado de Ana e Jorge Mário.

Título original: As Boas Maneiras.
Gênero: Drama, fantasia, terror.
Produção: 2017.
Lançamento: 2018.
Pais: Brasil, França, Alemanha.
Duração: 135 minutos.
Roteiro: Marco Dutra, Juliana Rojas.
Direção: Marco Dutra, Juliana Rojas.
Elenco: Isabél Zuaa, Marjorie Estiano, Miguel Lobo, Cida Moreira, Andréa Marquee, Felipe Kenji, Nina Medeiros, Neusa Velasco, Gilda Nomacce, Eduardo Gomes, Hugo Villavicenzio, Adriana Mendonça, Germano Melo, Naloana Lima, Clara de Cápua.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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