Crítica | Medo Profundo: O Segundo Ataque (47 Meters Down: Uncaged, 2019)

Jovens lutam para sobreviver aos ataques de tubarões em ruína submersa, na continuação do sucesso de 2017 do diretor Johannes Roberts

Sophie Nélisse em imagem do filme 'Medo Profundo: O Segundo Ataque', de Johannes Roberts

Em 2017, o diretor Johannes Roberts nos surpreendeu com Medo Profundo, thriller de sobrevivência muito tenso que colocava as irmãs Lisa e Kate (Mandy Moore e Claire Holt) presas no fundo do oceano na companhia de tubarões desagradáveis. O sucesso garantiu a Roberts sinal verde para realizar uma sequência: Medo Profundo: O Segundo Ataque, longa-metragem que já estreou nos Estados Unidos, e chega aos cinemas nacionais em novembro de 2019.

A sinopse original dizia que a trama seria ambientada no Brasil. Mas por razões que desconheço, o cenário foi trocado pela Península de Iucatã, no México. A premissa, no entanto, permanece a mesma: quatro amigas decidem explorar as ruínas de uma cidade submersa, mas acabam se perdendo em um complexo labirinto de cavernas. Para piorar, elas descobrem que invadiram o território de tubarões brancos muito grandes. E igualmente famintos.

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Sophie Nélisse lidera o elenco no papel de Mia, uma adolescente que se mudou recentemente para o México na companhia do pai, Grant (John Corbett), que agora tem uma nova esposa: Jennifer, interpretada por Nia Long. Seu relacionamento com a madrasta é tranquilo. Já com a meia-irmã Sasha (Corinne Foxx), nem tanto. Sistine Rose Stallone e Brianne Tju interpretam as amigas Nicole e Alexa, que vão arrastar Mia e Sasha para o passeio que logo se transforma em um pesadelo.


Brianne Tju, Sophie Nélisse, Sistine Rose Stallone e Corinne Foxx em imagem do filme 'Medo Profundo: O Segundo Ataque', de Johannes Roberts

Como as ruínas submersas atraíram a atenção de arqueólogos liderados pelo pai de Mia, outros mergulhadores aparecem por lá para trabalhar, ouvir Roxette e garantir um cardápio variado para os tubarões. E Roberts dispensa um cuidado especial com o visual das criaturas, que ficam escondidas na maior parte do tempo, mas fazem um estrago danado quando resolvem se alimentar. Gostei principalmente das cenas em que eles se aproximam da câmera e podemos ver suas cicatrizes e ferimentos, o que os torna ainda mais assustadores.

O roteiro cuida de fazer uma pequena alteração na maneira como os tubarões caçam, o que também muda as estratégias de sobrevivência dos personagens. E o fato das protagonistas terem que lidar não apenas com os predadores mas também com a escassez de oxigênio e outros imprevistos, garantem aquele clima de tensão e claustrofobia constante que os fãs do primeiro filme já conhecem muito bem.

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Como a maioria das cenas é ambientada no fundo do oceano, as imagens nem sempre se destacam por sua beleza. Mas Roberts contorna bem o problema, iluminando os cenários de maneira satisfatória, sem parecer artificial. De vez em quando nossas heroínas encontram uma área nas ruínas onde podem finalmente colocar a cabeça para fora da água. Esses momentos também servem para que o espectador tome um fôlego. E para que diretor nos surpreenda com alguns ataques inesperados.


Imagem do filme 'Medo Profundo: O Segundo Ataque', de Johannes Roberts

Senti falta de cenas gore, uma ausência que não incomodava no primeiro filme, porque o número de personagens era reduzido. Como agora a contagem de corpos é alta, um pouquinho mais de sangue falso seria muito bem vindo. Também preciso dizer que fiquei um pouco confuso sobre como funciona o sistema de comunicação das personagens. E fiquei mais confuso ainda tentando entender como aquele peixe conseguiu gritar dentro d'água. Mas tudo bem, vale tudo em prol de um jump scare.

O fato do roteiro se contradizer constantemente, foi algo que me incomodou um pouquinho. Mas com certeza eu não vou reclamar dos minutos finais, quando o diretor sacrifica a lógica em prol da diversão. A verdade é que depois de ficar chocado com o final sisudo do primeiro filme, eu esperava por algo parecido na continuação. E ver Roberts pisando no acelerador, abraçando elementos do cinema B e entregando tubarões turbinados e vilanescos, foi uma boa surpresa.

Título original: 47 Meters Down: Uncaged.
Gênero: Suspense, aventura, terror.
Produção: 2019.
Lançamento: 2019.
Pais: Reino Unido, Estados Unidos.
Duração: 90 minutos.
Roteiro: Ernest Riera, Johannes Roberts.
Direção: Johannes Roberts.
Elenco: Sophie Nélisse, Corinne Foxx, Brianne Tju, Sistine Rose Stallone, Brec Bassinger, John Corbett, Nia Long, Axel Mansilla, Khylin Rhambo, Davi Santos.

O melhor: Tubarões assustadores, tensão e claustrofobia.
O pior: O roteiro se contradiz de vez em quando. E é possível que alguns considerem os confrontos finais meio exagerados.
O que o filme nos ensina? Que ouvir Roxette no fundo do mar é muito legal.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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