Crítica | A Vingança do Pontianak (Revenge of the Pontianak, 2019)

Remy Ishak e Shenty Feliziana interpretam recém-casados aterrorizados por espírito vingativo no terror de Glen Goei e Gavin Yap

Remy Ishak em imagem do filme 'A Vingança do Pontianak', de Glen Goei e Gavin Yap

Por Ed Walter

Figura presente na mitologia da Malásia e da Indonésia, o pontianak é um espírito maligno que surge quando uma mulher grávida morre e não recebe um enterro adequado. O folclore descreve essas criaturas como jovens de pele pálida, com longos cabelos negros e vestidos brancos. Elas atacam homens que perambulam sozinhos à noite e, geralmente, devoram suas entranhas.

Embora sejam pouco conhecidas no Brasil, essas entidades medonhas, frequentemente relacionadas ao folclore dos vampiros, já foram tema de diversos filmes. O primeiro, Pontianak, foi realizado em 1957, e deu origem a uma trilogia que se tornou cult. Agora a criatura volta a ganhar os holofotes com A Vingança do Pontianak, filme que marca o retorno do diretor Glen Goei, o realizador do drama The Blue Mansion (2009). Goei divide os créditos da direção e do roteiro com Gavin Yap, da antologia de terror KL24: Zombies.

A trama, ambientada no ano de 1965, acompanha Khalid e Siti (Remy Ishak e Shenty Feliziana), dois jovens recém-casados que iniciam uma nova vida em um vilarejo no interior da Malásia, local onde também reside a família do noivo. Um crime brutal abala a tranquilidade dos moradores. E isso é apenas o primeiro de uma série de sinais que levarão a uma constatação assustadora: alguém atraiu um pontianak para o vilarejo, e a criatura está muito nervosa.


Nur Fazura em imagem do filme 'A Vingança do Pontianak', de Glen Goei e Gavin Yap

O drama do casal e de alguns moradores, que não demoram muito para entrar em pânico diante da ameaça sobrenatural, ocupa um bom tempo do filme. Alguns personagens guardam certos segredos, que estão diretamente ligados com a chegada da criatura. Só que eu não consegui me envolver com a história de nenhum deles. O elenco até que manda bem durante os diálogos. Mas nas cenas mais intensas, as atuações são um pouco mais exageradas do que precisavam. Eu inclusive me peguei rindo de situações que deveriam ser tudo, menos engraçadas.

Também não dá para dizer que fiquei impressionado com as aparições do pontianak. A vampira interpretada por Nur Fazura até toca o terror de vez em quando: faz crianças adoecerem, possui um dos personagens e o obriga a fazer maldades, e distribui algumas unhadas em uma batalha final divertida. Mas suas vilanices não chegam nem perto daquelas descritas no folclore. E o roteiro ainda cai na armadilha de tentar humanizar a criatura, algo que quase sempre é ruim para um filme de terror.

A Vingança do Pontianak tem uma produção bem cuidada. A direção dispensa grande atenção com os cenários. A maquiagem cumpre seu papel. As cenas diurnas são bonitas. E as noturnas oferecerem a atmosfera ideal para proporcionar alguns arrepios. É uma pena que eles raramente se concretizem.

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O melhor: Leva para as telas uma criatura folclórica arrepiante.
O pior: Humaniza uma criatura folclórica arrepiante.

Título original: Revenge of the Pontianak.
Gênero: Terror, drama, romance.
Produção: 2019.
Lançamento: 2019.
Pais: Singapura, Malásia.
Duração: 92 minutos.
Roteiro: Glen Goei, Gavin Yap.
Direção: Glen Goei, Gavin Yap.
Elenco: Nur Fazura, Remy Ishak, Hisyam Hamid, Shenty Felizaina, Nadiah m Din, Namron, Tony Eusoff, Wan Hanafi Su, Nadia Aqilah, Nik Harraz Danish, Hasnah Hashim, Idris Mat Diah, Haslinna Jaaman.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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