Crítica | O Farol (The Lighthouse, 2019)

Willem Dafoe e Robert Pattinson interpretam faroleiros arrastados para uma jornada de confinamento e loucura em 'O Farol', de Robert Eggers


Willem Dafoe e Robert Pattinson como Thomas e Ephraim no filme 'O Farol', de Robert Eggers
Willem Dafoe e Robert Pattinson como Thomas e Ephraim no filme 'O Farol', de Robert Eggers | © 2019 A24 Films


Nova aposta da produtora A24, O Farol é um filme de terror sobre dois homens que começam a enlouquecer devido ao isolamento em uma ilha remota. É o segundo longa-metragem do diretor Robert Eggers, mesmo realizador do ótimo A Bruxa (2015). Robert e seu irmão Max Eggers escreveram o roteiro do filme, estrelado por Willem Dafoe (Anticristo) e Robert Pattinson (A Saga Crepúsculo).

O ano é 1890, e o faroleiro veterano Thomas Wake (Dafoe) e seu novo assistente Ephraim Winslow (Pattinson), são enviados para passar cinco semanas em uma ilha inglesa cuidando do tal farol que dá título ao filme. Ephraim é encarregado do serviço pesado. Thomas controla a luz do farol. O relacionamento de amor e ódio dos dois transforma a ilha rochosa em uma panela de pressão prestes a estourar. Quando ela estoura, coisas estranhas acontecem.


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O roteiro busca inspiração em lendas marítimas do leste europeu, faz referências à mitologia grega e a figuras bíblicas. Eggers acrescenta toques do cinema soviético do início dos anos 20, recorre a recursos de linguagem do cinema mudo e cria um espetáculo tecnicamente impecável. A tela quadrada e a fotografia em preto e branco passam a sensação de que estamos assistindo a um filme antigo. A atmosfera é claustrofóbica, perfeita para uma jornada de loucura e confinamento.

Willem Dafoe como Thomas no filme 'O Farol', de Robert Eggers
Willem Dafoe como Thomas no filme 'O Farol', de Robert Eggers | © 2019 A24 Films


O jogo de luz e sombras impressiona. Os efeitos sonoros são espetaculares. Os atores entregam atuações magníficas. A cena em que Willem Dafoe declama a maldição das almas entra facilmente para a lista de melhores momentos do ano. E se Crepúsculo deixou você com um pé atrás com relação ao ator Robert Pattinson, aqui você terá uma boa oportunidade para comprovar que o rapaz tem talento de sobra.


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Mas mesmo envolvido com as performances e com tantos elementos técnicos funcionando em harmonia, é difícil não notar que O Farol também é um filme dolorosamente enfadonho. Eggers quer que o público se sinta na pele de Ephraim, cuja rotina entediante se torna quase insuportável graças às constantes intervenções abusivas de seu superior. É uma decisão corajosa mas, pelo menos para mim, não foi uma boa decisão porquê... bem, porque o tédio, mesmo que seja planejado, continua sendo tédio.

Robert Pattinson como Ephraim no filme 'O Farol', de Robert Eggers | © 2019 A24 Films


Elementos sobrenaturais e uma pitadinha de H.P. Lovecraft dão as caras na metade final. Há algumas imagens fortes, com destaque para a cena da gaivota, e outra mais bizarra ainda, com a participação da atriz Valeriia Karaman. Infelizmente, o diretor decide ser complexo demais e, além de chato, o filme se torna desnecessariamente confuso. Vale uma espiada pelo elenco, pela produção cuidadosa e pela experiência sensorial razoável, mas eu realmente não consegui gostar de O Farol.

Nota: 5/10

Título original: The Lighthouse.
Gênero: Drama, fantasia, terror.
Produção: 2019.
Lançamento: 2019.
País: Canadá, Estados Unidos, Brasil.
Duração: 1 h 49 min.
Roteiro: Max Eggers, Robert Eggers.
Diretor: Robert Eggers.
Elenco: Willem Dafoe, Robert Pattinson, Valeriia Karaman.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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