Crítica | Verotika (2019)

Antologia de terror e fantasia, 'Verotika' reúne três contos dirigidos e roteirizados por Glenn Danzig

A atriz Kayden Kross como Morella no filme 'Verotika', de Glenn Danzig
A atriz Kayden Kross como Morella no filme 'Verotika', de Glenn Danzig


Filme de estreia do criador da banda Misfits, Glenn Danzig, Verotika causou um certo alvoroço em sua premiere mundial no Cinepocalypse, em Chicago, EUA. Conforme relatos de veículos especializados em filmes de terror, durante a sessão, o público aplaudiu e deu muitas risadas. Isso seria bom se a intenção de Danzig fosse entregar uma comédia, mas não é o caso aqui. "Vocês riram de coisas que eu não teria rido", lamentou o diretor durante uma entrevista.

Sim, a antologia de terror baseada nos quadrinhos homônimos da editora de Danzig é mais um daqueles famosos casos de filmes que, de tão ruins, acabam se tornando divertidos. Não posso dizer se ele vai mesmo atingir o status de cult de um Plano 9 do Espaço Sideral ou de um The Room, como alguns críticos já estão apontando. Mas posso garantir que se você gosta de uma tosqueira nível hard, vai encontrar motivos de sobra para se divertir com Verotika.


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Kayden Kross (After School Special) interpreta Morella, uma mulher com orelhas de gato... ou aquilo seriam chifres? Tanto faz. Morella serve como anfitrião dos três contos que formam a antologia, e Ashley Wisdom (Reprisal) estrela o primeiro: 'The Albino Spider of Dajette', sobre uma garota de programa que enfrenta problemas para conseguir clientes devido a um detalhe bizarro em seu corpo. Não vou revelar qual é para não estragar a surpresa, mas confie em mim quando digo ser um detalhe bizarro.

A atriz Ashley Wisdom como Dajette no filme 'Verotika', de Glenn Danzig
A atriz Ashley Wisdom como Dajette no filme 'Verotika', de Glenn Danzig


É claro que o inconveniente deixa nossa heroína muito triste. E sua vida piora quando ela invoca acidentalmente um monstro pastoso, metade humano, metade aranha, que sai tocando o terror pela cidade toda vez que ela dorme. Quem conseguir não rir da premissa sem pé nem cabeça ou da fantasia mal-costurada do monstro, provavelmente vai rir das caras e bocas da protagonista. Ou daqueles policiais que ficam espantados com a palidez do vilão e ignoram o fato dele ter seis braços. Ou dos efeitos digitais, que parecerem ter saído de um game de PS1.


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Ashley Wisdom atua com um sotaque horroroso. Na verdade, todo o elenco faz isso. A intenção era passar a idéia de que a história é ambientada na França, mas eu posso jurar que está escrito "Los Angeles" no letreiro daquele cinema que serve de cenário para outra situação hilária do filme. Questionado sobre esse detalhe, o diretor apenas disse que "Era para ser a França". Então tá.

Imagem do filme 'Verotika', de Glenn Danzig
Imagem do filme 'Verotika', de Glenn Danzig


O segundo segmento, 'Change of Face', é centrado em uma stripper (Rachel Alig, de A Moça da Limpeza) que se apresenta com o nome de Mystery Girl. Quando não está dançando em um clube noturno, ela sai pelas ruas roubando o rosto de mulheres bonitas para pendurá-los na parede. Por que? Eu não faço idéia, pois Danzig está mais interessado em mostrar cenas de nudez gratuita do que em desenvolver a história.

Para balancear, o segmento tem alguns efeitos práticos razoáveis. E dá para rir bastante quando entra em cena Anders (Sean Kanan, de Changing Hands), um policial casca-grossa que investiga os assassinatos cometidos por Mystery Girl. Ao se deparar com a 11.ª vítima, ele dispara: "Acho que é seguro dizer que estamos lidando com o mesmo assassino". Morra de inveja, Sherlock Holmes.

A atriz Alice Tate como Drukija no filme 'Verotika', de Glenn Danzig
A atriz Alice Tate como Drukija no filme 'Verotika', de Glenn Danzig


A antologia Verotika fecha com 'Drukija Contessa of Blood'. O diretor busca inspiração no cinema europeu dos anos 1970, em especial nos filmes exploitation, para criar sua versão da lenda da condessa Elizabeth Báthory. Alice Tate (Snowbound) estrela como Drukija, uma condessa que captura camponesas virgens para se banhar em seu sangue, na esperança de garantir a juventude eterna. O resultado, claro, é uma tosqueira só.

O conto quase não em diálogos. Praticamente se resume a cenas de nudez e gore. Tate passa metade do tempo fazendo caretinhas engraçadas enquanto olha para o espelho, para as mãos, para as frutas e para o teto. Durante um de seus banhos de sangue, a equipe de efeitos especiais exagera um pouquinho na dose e começa a esguichar líquido vermelho para todo lado. A cara de desgosto da atriz ao ser atingida pelo sangue falso é de rolar de rir.


Nota: 4.5/10


Título original: Verotika.
Gênero: Terror
Produção: 2019.
Lançamento: 2019.
País: Estados Unidos.
Duração: 90 minutos.
Roteiro: Glenn Danzig.
Direção: Glenn Danzig.
Elenco: Ashley Wisdom, Rachel Alig, Alice Tate, Kayden Kross, Scotch Hopkins, Sean Kanan, Natalia Borowsky, Nika Balina, Jody Barton, Brennah Black, Kris Black, Kansas Bowling, James Cullen Bressack, Katarina Bucevac, Cody Renee Cameron.

Ed Walter

Criador da 'Sangue Tipo B' e escritor na comunidade de filmes de terror desde 2017. Apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Joga 'Skyrim' até hoje.

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