Emily Browning e Arielle Kebbel estrelam a refilmagem do cult sul-coreano 'Medo', dirigida pelos irmãos Charles Guard e Thomas Guard
Terror psicológico com elementos sobrenaturais, O Mistério das Duas Irmãs é o remake americano de Medo (Janghwa, Hongryeon, 2003), cult sul-coreano do diretor Jee-woon Kim. Charles Guard e Thomas Guard dirigem a nova versão, estrelada por Emily Browning (Beleza Adormecida) e Arielle Kebbel (série The Vampire Diaries). Como acontece na maioria dos casos, o remake não supera o original. Mas ele tem seus méritos, e não deixa de ser um bom passatempo.
O filme começa com a adolescente Anna (Browning) sendo liberada de um hospital psiquiátrico onde passou os últimos 10 meses. Anna tentou o suicídio depois que sua mãe morreu em um incêndio. E o trauma fez com que o cérebro da menina bloqueasse parte das lembranças da tragédia. Papai Steven (David Strathairn, de Mais Forte Que Bombas) a recebe de braços abertos na residência rural da família. Mas o que Anna quer mesmo é reencontrar Alex (Kebell), a irmã festeira e rebelde cujas opiniões são constantemente ignoradas pelo pai.
Só que a volta ao lar também trás alguns problemas para nossa pequena protagonista. Um deles é ter que conviver com Rachel (Elizabeth Banks, de Brightburn: Filho das Trevas), a ex-enfermeira de sua mãe, que agora foi alavancada para o status de namorada do papai. O outro é ser assombrada por fantasmas, que fazem com que Anna desconfie que a candidata a madrasta está escondendo segredos sombrios. Será que o incêndio que matou sua mãe foi mesmo um acidente?
O filme se divide entre o drama familiar, as investigações de Anna e Alex e momentos de terror sobrenatural. As aparições fantasmagóricas variam de crianças assustadoras a mulher cabeluda rastejante, na linha das produções de j-horror. Mas sobra um espacinho para uma figura deformada que remete a Zelda, de Cemitério Maldito. Os efeitos práticos e a maquiagem são bons. A violência é moderada, mas ganha uma certa força no último ato.
Os irmãos Guard apelam constantemente para jump scares. Alguns até funcionam. Mas o filme assusta bem mais quando o terror vem acompanhado do silêncio, como naquela cena em que a protagonista nota uma criatura escondida em um canto escuro de seu quarto. A trilha sonora de Christopher Young é boa. E também é preciso destacar a fotografia de Daniel Landin e o design de produção cuidadoso de Andrew Menzies.
Como sou fã de carteirinha, tanto de Emily Browning quanto de Arielle Kebbel, nem é preciso dizer que eu amei todas as cenas onde as duas aparecem, juntas ou separadas. Como também sou fã de Elizabeth Banks, gostei das cenas com Rachel, principalmente aquelas em que ela troca farpas sutis com a protagonista desconfiada. David Strathairn não chega a se destacar como o pai escritor, mas também não faz feio. E o mesmo pode ser dito de Jesse Moss (Daddy's Girl), que interpreta o entregador Matt, interesse amoroso de Anna.
O tal mistério do título nacional é solucionado no último ato. É provável que fãs de longa data de filmes de terror matem a charada antes da hora, até porque o roteiro de Craig Rosenberg, Doug Miro e Carlo Bernard entrega algumas pistas que facilitam essa tarefa. Se você não conseguir pescá-las, com certeza vai se surpreender com a reviravolta final.
Título original: The Uninvited.
Gênero: Mistério, terror.
Produção: 2009.
Lançamento: 2009.
País: Estados Unidos, Canadá, Alemanha.
Duração: 87 minutos.
Roteiro: Craig Rosenberg, Doug Miro, Carlo Bernard.
Direção: Charles Guard, Thomas Guard.
Elenco: Emily Browning, Arielle Kebbel, David Strathairn, Elizabeth Banks, Maya Massar, Kevin McNulty, Jesse Moss, Dean Paul Gibson, Don S. Davis, Lex Burnham, Matthew Bristol, Daniel Bristol, Heather Doerksen, Alf Humphreys, Ryan Cowie, Troy Rudolph, John Prowse.